A Lápide
Meus olhos clareiam na imensidão da noite
No escuro de minh'alma, vagueiam vultos.
Vultos que são porta vozes
dos meus sentimentos, do meu epitáfio
Arautos do que me espera
Véus rasgados na Lápide
Tortuosa brisa fria que me convida ao baile da solidão
Pés em terra molhada salpicam de lama a orla das minhas vestes alvas
Uma sombra triste cai serena em meu peito
Meu negro coração, perdido em devaneios
Amor, fidelidade, felicidade e dor
Não tenho mais como negar, não posso...
O veneno dilata minhas veias, sei do perigo
Mas, é muito tarde, estou viciado, apaixonado
Mesmo com a certeza do meu próprio flagelo
Dos cânticos que me selam os lábios, as nênias
Eternizando o gemer do meu espírito
Palavras torpes, sem sentido
Declamo meus lamentos aos ouvidos do vento
Serão eternizados...
No mármore frio de minha sepultura
Onde flores murcharam sem ao menos, respirar seu perfume
Secas perderam as pétalas... O perfume...
Deixando sobre mim desnudos galhos
Da sua mais breve existência.
Sou agora refeição de mim mesmo...
Expectador da sina dos que voltam ao pó
Ao som da marcha fúnebre, me despeço
Aos sons do silêncio me entrego
Aos vermes em meu cadáver
Tão nobres quanto os vermes em meu funeral