Depressão

O tempo parece ter congelado, levando meu sangue para esse estado também, meu corpo em convulsões constantes, clamando a morte com tamanha desdém.

Devaneios constantes roubam-me a paz, essas lembranças são a prova de que não estou sozinho, minha mente sádica e sombria está comigo, os demônios saíram das trevas e estão a me olhar...

Frascos secos de remédios estão sobre a mesa, cadeira jogada ao longe, meu corpo na penumbra da morte anseia por um fim, olhos vazios, mente confusa, ataque depressivo, fim corrosivo.

As luzes do quarto teimam em piscar, o vento que entra pela janela aberta serve apenas para me fazer congelar. Respiração pesada, sussurros ao pé do meu ouvido, a morte avisando que não chegou minha vez, incontrolavelmente me revoltou com tudo. A poucos segundos desejava a morte friamente, mas agora, nem mesmo a morte é o bastante, sinto que nem mesmo ela seria capaz de me livrar deste pesadelo, ela só é mais um desejo afundado nessa lama cinzenta chamada depressão.

Quero levantar do chão e gritar até que meus pulmões explodão, mas meu corpo está completamente entorpecido pelos remédios que tomei.

Em minhas veias o sangue frio pede para ser drenado, sei que estou ficando louco, mas nada parece ser suficientemente bom o bastante para mim, a lua nasce ao longe, o desespero aumenta, mas a inércia persiste em não desistir, jogado ao pé da cama estou, olhando os demônios, que ironicamente... sentem pena de mim.

A anestesia aumenta ainda mais, meus olhos ficam pesados demais, meu corpo já cansado deste tormento se rende a tudo e deixa que a escuridão tome conta de mim, adormeço ali aonde estou, jogado ao chão frio e duro, mas que me parece tão aconchegante quanto uma cama feita de espinhos de rosas já secas e mortas, com pedaços de vidros afiados e meros pregos pontudos...

Mas antes de adormecer consigo ver mesmo ao longe, no meio de toda aquela escuridão, um pequeno ponto de luz sendo consumido pela imensidão...