Em Claro
Acordado novamente, depois de uma noite SEM SONO, me pego distraído, meu corpo transbordando de energia e meus pensamentos voando pela minha cabeça como se tivessem vida própria. Desejo sangue, suor, inquietação...
Nas noites em que vejo a lua e a estrelas o silêncio me conforta como uma mãe, o frio é tão aquecedor quanto uma fogueira acesa e os braços da minha solidão desenham a inspiração no meu cérebro.
Mas hoje, agora, tudo o que eu queria era barulho. O silêncio me ensurdece com essa sinfonia sem notas, a luz me queima e as pessoas me desagradam. Quero o submundo, num clima enevoado por fumaças de diversos cigarros e outras drogas, o álcool descendo pela minha garganta. Meu corpo clama pelo ato de autodestruição.
Vejo rostos nas paredes brancas, meio encardidas da minha casa. Ouço sons, os pingos d’água gotejando na pia do banheiro, o vento soprando por debaixo da porta. A casa está viva, todos estão dormindo e eu estou só.
Maldição. Essas palavras voando diante dos meus olhos como insetos que não consigo matar. A inquietude perene em cada célula do meu corpo me faz querer gritar por aí. Perturbado.
Olhar com desprezo até para os amigos que eu amo. Quando as coisas chegam a esse ponto? O que de fato eu quero dizer com isso?
Numa guerra queria eu poder estar na linha de frente pra sentir o gosto da morte, mas também queria eu poder estar nos bastidores mandando os homens à morte, bebendo e regozijando com o ato de ser cruel.
No fundo tem a dorzinha chata que fica reclamando por não haver amor no meu coração. Desejo, sangue, saliva, sexo... é tudo oque há pra mim e mesmo assim essa dor me faz sofrer por não conseguir amar ninguém.
Eu já disse a ela, que se eu não puder escolher, então escolho a solidão cruel e materna.
Fechar os olhos e esperar é um ato tão cruel consigo quando amar e não ser amado, tão cruel quanto estripar um inocente.
E estripando a sua alma você ama, eu amo. Amo a morte, o desespero, a dor que me atormenta, o caos que permeia a minha vida e a dos que estão próximos a mim.
Vamos nos juntar no mesmo jogo e atirarmo-nos ao fogo da perdição, a menos que tenha alguém para estender-lhe a mão. No mais, o que há a se perder?
O que importa é que no fim das contas eu estou sozinho, escrevendo e falando com as paredes. Tentando desenhar na cabeça a imagem de alguém pra amar, tentando tirar da cabeça o horror que me faz viver e sofrer pra mais dor causar