Noite Fria
Noite Fria
Ando, sobretudo acima de meu velho eu, rompendo barreiras até então instransponíveis. Deixando de lado velhos preceitos e abrindo fronteiras para novos horizontes. Fico a pensar em tudo que se passou durante os últimos anos, relembrando os momentos que passávamos juntos. Mais uma doce ilusão.
Caio em meio aos meus preceitos morais antes existentes, presente agora apenas a ruina de minha pobre vida. O radio ali parado a me observar, revejo em minha medíocre mente cada uma de suas desavisadas noticias. Das noites sem dormir acompanhando intermináveis caçadas. Ouvindo no final de cada uma o grito espectral dos pobres seres humanos em seu ultimo grito de vida.
A ruina de meus últimos anos, a minha incapacidade de expressar minha sempre presente face obscura, deixando transparecer tudo que sou. Um lixo, um ser no qual tenho vergonha de deixar que saibam que sou; sinto vergonha de mim mesmo. Vergonha que sinto de todos meus semelhantes. Onde procurei por anos controlar meus instintos, buscando me satisfazer com pequenos prazeres e desvios de conduta esporadicamente.
Saio sem forças, rumo ao desconhecido. Deixo de lado agora tudo sempre guardei, jogo ao ar tudo que sempre sonhei. Irei em busca de vida. Vida tão sonhada e jamais vivida por um ser das trevas. Dominar o dom da dominação humana, criando em cativeiro alimento em alma e sangue. Regados a terror, tortura e sacrifícios em datas comemorativas.
Parto rumo a uma estrada sem volta, explodindo sem medo tudo aquilo que tentei controlar por tanto tempo dentro de mim. Toda minha dor, toda minha revolta, tudo que de pior pude encontrar em minha espécie.
Pobres mortais não conhecem a nossa verdadeira raça, creem sermos apenas seres míticos, acham que somos seres literários presentes apenas em best sellers. Somos iguais em nossas diferenças, somos todos semelhantes nos diferindo apenas em alguns padrões comportamentais, nada que não possa ser controlado, escondido e dominado com grande desejo de difundir uma subcultura.