CONTO DE MONA MAYFAIR
CONTO DE MONA MAYFAIR por Gabriella Gilmore (abril de 2011)
Inspirado no Best Seller “A hora das bruxas” de Anne Rice
Maio de 2003
Foi em 2003 quando Mona...
Mona estava com 20 anos, morava na cidade de Nova Orleans e já era gerente administrativa da charmosa pousada Mayfair Inn.
Seu pai Michael morrera um ano antes de uma doença cardíaca. Nenhum médico conseguiu encontrar um motivo cabível para o fato.
Criada pela tia-avó Vivian e pelo pai, a pequena garota não chegou a conhecer sua mãe Rowan quando nasceu. Esta havia fugido sem deixar explicações e simplesmente abandonado à criança que nascera prematura na antiga mansão Mayfair, na famosa First Street, no final do ano de 1983.
Michael viveu até o ultimo dia acreditando que sua esposa retornaria ao lar para pedir desculpas pelas falhas na qual ele com certeza a perdoaria. Ele nunca amou tanto uma mulher como amou aquela médica.
Claro que ele nunca teve coragem de dizer a filha quem realmente foi Rowan. Ela nunca entenderia.
Rowan havia dado luz a gêmeos. O garoto Christopher foi possuído pelo espírito de Lasher logo depois do nascimento. A mãe ainda consciente, conseguiu esconder a garotinha Mona, que nascera 5 minutos depois, em um baú velho que havia na sala de estar, local onde ela teve prematuramente as crianças. Rowan sabia das intenções do espírito Lasher. Ele almejou por séculos um corpo, e ao manipular as 12 bruxas Mayfairs durante gerações, Rowan seria o futuro portal para que seu plano viesse à tona.
A jovem dos cabelos chocolate avermelhado, da pele branca aveludada e dos olhos arregalados cor de areia, cuidava do estabelecimento junto com seu pai e tia. A casa que pertenceu durante séculos à família de sua mãe, hoje virara uma pousada. Mona Mayfair se tornou uma jovem muito sensual, tinha gosto refinado, era vaidosa e adorava ter atenção das pessoas. Ela lembrava muito a primeira Mayfair, Suzanne. Ela se sentia atraída por pessoas independentes e dinâmicas. Gostava de pessoas de cultura ampla e viajadas. Muito ambiciosa e trabalhadeira, estar à frente do Hotel de seu falecido pai, parecia um ótimo ramo para pessoas como ela. Muito brava e gastadeira, Mona não conseguia encontrar um par ideal. Mas na verdade, a bruxinha nunca aceitou o fato de conseguir ler a mente das pessoas e ver o futuro delas através de sonhos. Seu pai preferia dizer que aquilo era a sua intuição feminina muito aguçada, onde ela não precisava se preocupar, afinal, era normal. “A maioria das mulheres tem esse sexto sentido.” Dizia ele. E voltava a falar que sua mãe tinha esse “dom”. Porém, a garota sabia que ela era diferente.
Na sua adolescência, ela se apaixonou por um garoto chamado Jonas. Ele conseguia mover as coisas quando ficava com raiva. Ela percebeu isso quando estavam no laboratório de biologia e ele não conseguia fazer o corte certo numa rã morta. Cansado, ele moveu os itens que havia na sua mesa e desconcertado, fingiu derrubar tudo com as mãos, simulando estar nervoso.
Depois disso, ficaram amigos. Assim, ela teve um confidente por três meses. Infelizmente, ele se mudou para a Europa.
Ela nunca soube, mas o amigo de seu pai, Aaron, que conhecia também os pais de Jonas, o levou para estudar no Talamasca, uma escola para crianças com poderes paranormais.
Aaron também sugeriu que levassem Mona, contudo, a resistência de Michael foi imensa.
Depois de jovem, a ruiva Mayfair resolveu tentar viver em função do trabalho e evitava se envolver com as pessoas, assim, ela não correria riscos de ficar lendo mentes ou sonhando com o futuro delas.
No outro lado do oceano, estava Rowan e Lasher, vivendo em pela paixão cega em alguma cidade da Romênia. No nosso senso comum, é inadmissível uma mãe ter relações com o próprio filho, mas caso de incestos na família Mayfair chegava a ser comum. O culpado? O espírito maligno de Lasher que agora habitava no corpo do filho de Rowan, o jovem Christopher.
Durante séculos, o espírito manipulou as bruxas Mayfair para que a 13° bruxa, (Rowan), fosse a mais poderosa e estivesse pronta para materializar seu corpo. Cansado de não saber como era sorrir, tocar em alguém e sentir algo, Lasher conseguiu manipular Rowan, e enganando-a, fez com que ela tivesse os gêmeos prematuramente na data do natal. Sendo assim, ele possuiu o corpo do bebê Chris.
Tentando evitar um mal duplo, Rowan conseguiu poupar a pequena Mona escondendo-a em um velho baú.
Depois de anos, Lasher teve a infeliz descoberta de que a carne humana perece e que em breve ele voltaria a ser apenas espírito novamente. Em busca da imortalidade para seu corpo, ele recorreu ao clã dos vampiros Unikans para que fosse transformado.
Em seguida, ele quis transformar Rowan, mas ao recusar-se, ficou furioso e a matou, deliciando-se de seu sangue.
Anos depois, cansado de viver solitário, sem nenhuma perspectiva, ele descobriu que ainda havia uma bruxa Mayfair viva e que ela era filha de Rowan e sua irmã.
Com uma fúria gulosa ele conseguiu localizá-la.
Depois de algumas pesquisas sobre Mona Mayfair, o espírito enganador de Lasher ligou para o Mayfair Inn fazendo uma reserva para duas semanas. Se passando por um sedutor historiador romeno, Lasher conseguiu uma atenção especial da sua irmã.
_ Senhor Victus. (Esse era o seu nome falso). Qual é a linha de pesquisa que o senhor vem trabalhando? Perguntou Mona em uma das tardes do chá das cinco.
_ Bela Mona dos cabelos ruivos. Sente-se. Faça-me companhia. E por favor, não me chame de senhor. Acredito que não tenhamos idades tão diferentes.
_ O senhor, quero dizer, você, é sempre gentil assim o ano todo? Perguntou ela com um tímido, porém, frio sorriso.
Ele sorriu ao dar mais um gole do seu chá de hortelã e logo pousou a xícara para respondê-la.
_ Estou investigando sobre algumas escolas da Europa que trabalham com crianças paranormais.
Quando ele disse isso, ela logo se lembrou dos seus poderes e sobre o Talamasca, escola para onde teria ido o seu amigo Jonas.
_ O que suas pesquisas dizem sobre os poderes paranormais? Perguntou curiosa a jovem.
_ Quando nunca vivenciamos nada parecido e só temos relatos, sempre nos ateremos às dúvidas.
Mona ainda não o conhecia o bastante para revelar-lhe o seu segredo e a conversa acabou morrendo ali.
Lasher sabia que ela tinha dons, e sabia também do perfil de homem que lhe agradava. Em algum momento ela iria ceder.
A vontade de possuir a própria irmã, a saudade que ele tinha em dar prazer às bruxas Mayfairs, aumentava a cada momento que ele sentia o cheiro da jovem. Ele só tinha mais uma semana para tentar gentilmente seduzir a bela moça, caso contrário, iria brincar a força.
Mas desde quando alguma Mayfair deixou de se encantar pela astúcia de Lasher?
No 13º e penúltimo dia de hospedagem do demônio, ele a convidou para um jantar.
_ Você me parece tão próximo! Exclamou Mona. Tem os olhos da minha mãe. Profundo, perdido mas acolhedor.
_ E como era sua mãe?
_ Eu não cheguei a conhecê-la. Mas meu pai guardou algumas fotos. Ela era linda. Vocês têm o mesmo tom de cabelo.
Ele incrivelmente conseguiu fingir estar corado de vergonha, porém, lisonjeado.
Lasher queria ter o prazer de dominá-la sem precisar usar de seu pode persuasivo. Ele se engrandeceria muito mais se ela ficasse com ele por vontade própria. Cuspir em sua cara dizendo sobre o incesto, seria uma parte de sua glória, e escravizá-la a viver para sempre com a vergonha, seria o maior prazer para a besta.
Lasher era muito belo, sedutor, homem! Vestia-se feito cavalheiro, tinha uma perfeita dicção, era viajado, inteligente e super a frente de seu tempo. Nos pensamentos de Mona, este seria o par perfeito para suas juras de amor.
_ Nunca estive com um homem feito você. Sussurou Mona debaixo dos lençóis.
_ E como sou? Lasher adorava instigar as jovens com perguntas aleatórias.
_ É o tipo de homem que acabei estereotipando com apenas qualidades. No fundo, eu queria adiar minha felicidade.
Seu ego demoníaco fez com que ele quisesse sugá-la de uma vez só. Ele se conteve. Em seguida, começaram a se amar. Ele a elogiava aos ouvidos, chamando-a de rainha e isso a excitava de uma forma fantasmagórica. Eles começaram a flutuar, foi quando ela percebeu algo diferente. Ao olhar para o lado, eles estavam próximos a balaustra dourada. Mona olhou para o seu rosto e ele cochichou algumas palavras:
_ Calma irmãnzinha. Depois que matei mamãe Rowan por desobediência, eu vim atrás de você.
Ela cravou suas unhas nas costas de Lasher e ele golpeou-a com uma suculenta mordida em seu pescoço.
Ali, ele não teve a maldade em pensar que estava tornando a bruxa Mayfair mais poderosa em uma imortal, e que a luta para a sua própria destruição estava começando. Seria árdua, porém, perpétua.
.... se tornou uma vampira.
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