Lila (3)
CAPÍTULO 02
- Lila... Lila menina!
Lila ouvia a voz suave que a chamava, porém estava tomada de medo, não havia luz, o todo era escuridão. Sabia que ali estava, pois ali se sentia, mas seu corpo ela não o via.
- Lila... Lila menina!
Amedrontada permaneceu quieta, sua mente encontrava-se livre de pensamentos. Havia em Lila apenas o momento.
- A quem nessa noite chama Lila?
Com uma escandalosa gargalhada, a voz diz:
- Pois chamas a pessoa errada Lila, não há porque temer.
Nesse momento houve luz e Lila foi tomada por uma paz tamanha que jamais sentira em vida. Ao despertar Lila viu o ambiente que a cercava sem o reconhecer. Tornou a escuridão - só que dessa vez não a temeu.
- Lila... L i l a - sussurrava a voz; hummm vejo que finalmente despertas-te.
- Nunca dormi!
- Ai Lila... sempre certa em sua incerteza, sempre impetuosa em sua mansidão. É Lila menina toda contradição, nossa diversão.
- Não sou literatura para divertir a quem quer que seja, diga-me onde estou? O que quer de mim?
- Hahhahaha Lila Lila sempre quebra a rima. É Lila menina toda contradição, nunca segue o que lhe esta na mão, pensando ser esta a solução e liberdade de seu aprisionamento. Ai Lila ainda não entendeu?
- O que?
- Seu corpo menina...
- Tá... o que é que tem meu corpo?
- Seu corpo é a sua própria prisão, cheio de limitações. Quando nasceu, seus pa...
- Meus pais! - Lila animou-se enxendo-se de energia; então você conhece meus pais dona voz? Quando irei vê-los? Eu estou morta não estou? Cadê minha mãe?! Sempre imaginei que ela me receberia em minha morte...
- Ai Lila... não! Não esta morta, nem pronta e muito menos desperta, mas Lila as coisas já mudaram, logo logo você vai perceber a realidade que a cerca.
Lila acordou, fisicamente acordou. Nesse mundo e de seu sonho despertou.
- Onde estou?
Pobre Lila sempre perdida, não sabia nem mesmo se ainda estava viva.
- Lila!
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- Oi... tem alguém aqui? Que lugar é esse?! Onde eu estou?!
Lila leva a mão a testa e percebe o curativo próximo a sobrancelha direita, esta em um quarto escuro, sobre uma cama de casal. Há uma cortina vermelha e espeça na janela e duas toxas de fogo a iluminam assim como a uma porta de madeira envelhecida.
- Ai meu Deus! Que lugar é esse?
Lila ouve um barulho como de uma escada e alguém por ela subindo. Batem na porta.
- Posso entrar senhorita?
- Quem é?!
- Você verá!
- Então entra ué...
Entra no quarto um senhor de idade avançada, pele clara, estatura mediana e muito sorridente.
- Lila!
- Eu...
- Você se parece muito com sua mãe!
-Você conheceu minha mãe?
- Oh Sim... eu a conheci...
- Ta sei...
- Esta com medo Lila?
- Eu deveria ter?
O senhor sorri e responde:
- De maneira alguma, eu estou aqui a pedido de seus pais – meus senhores. Eles lamentam muito não a ter acompanhado em seu crescimento, porém eles não resistiriam se em sua dimensão permanecessem.
- O que?!
- Sim Lila, existem mais mistérios entre os céus e a Terra do que se pode imaginar, mas agora você precisa descansar. Eu não to cansad...
Lila nem terminou de falar e dormiu.
O senhor então, a deixou só no quarto que agora era dela.
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Assim que Lila dormiu, sua alma a deixou, indo para lugares desconhecidos pelo intelecto humano e lá despertou ao som de Gervad
Dorme pequena sonâmbula de alma vivente
A escuridão não pode tocá-la querida
A escuridão a teme
Acorde pequeno raio de luz
Acorde!
Acorde o que por muitos séculos permaneceu invisível, mas chegou sua hora.
És tu anciã, és tua alma minha senhora aquela que me criou, devoção tenho a ti...
- Te criei?! Ta louco?
- Sim Lila me criaste para servi-la e cuida-la, por muito tempo esperei enquanto tua essência dormia... fui fiel, não temi, por ti batalhei, estava lá quando sua mãe foi punida... eu mesmo a matei para que você fosse única e soberana.
- Você o que? Matou minha mãe?!
- Lila, não espero que tua consciência limitada e humana compreenda os mistérios dessa Guerra, tua mãe Lila. Sim tua mãe, a queria matar ainda no ventre, mas eu fui enviado antes do tempo afim de assegurar sua passagem por este mundo. As coisas são
O que tem que ser Lila. Dói em mim ver como tornou-se um ser vulnerável e estúpido... pois bem, mas assim tinha que ser, você precisava vir em forma humana afim de alcançar a redenção por seus atos errantes. Bem vinda Lila.
- Bem vinda … como assim, onde eu estou?
- Ainda não percebeu? Bem vinda ao seu julgamento!
- O quê?! - Lila desesperou-se; cadê o senhor que estava aqui agora a pouco?!
- Você o fantasiou Lila...
- Não não fantasiei não! Por que não me deixa vê-lo?
- Sim fantasiou, o desespero era tanto que sua mente o
criou para confortá-la. Lila Lila... bem vinda.
- Não!!! - Gritou Lila aos prantos; não pode ser... não... Aparece pra mim seu covarde... não!
E novamente a escuridão a envolveu, deixando-a confusa e em pânico. Pensava Lila consigo mesma estar vivendo um pesadelo infinito, temia o momento e acima de tudo,temia o que estava por vir. Era Lila ainda um ser de mente mortal, limitada por aquilo que via, guiada e manipulada por sentimentos e sensações ocasionadas por estimulos externos... Lila desconhecia sua essência criadora, Lila desconhecia sua verdadeira força.