Lila (2)
Lila saiu do local onde trabalhava com a sensação de que nunca mais pisaria ali, era uma convicção tão forte que Lila temeu o que estava por vir. Caminhava apressadamente desejando chegar logo em seu quarto, Lila morava em um pensionato, sua mãe havia falecido ao dar a luz, seu pai
entregara-se a bebida e sumira no mundo.
O clima era de enterro, chovera muito naquela tarde e faltara energia elétrica no pensionato de Lila. As velas aromaticas e as flores nas janelas davam um ar de velório.
Lila definitivamente não estava bem, todos notavam isso, mas fingiam não ver com medo de ter que socorre-la até um hospital. Lila chegou em casa, foi a cozinha, tomou um copo de água e o remédio para sua gástrite crônica; despediu-se de todos e fora-se deitar. Estava exausta.
Lila.... Lila...
Tudo bem Lila, nós vamos cuidar de você menina....
Sim Lila vamos cuidar de você garota...
Lila... chegou a hora, finalmente chegou...
Onde estou?
Não se reconhece Lila? Essa é você...
Como assim?!
Lila... Lila... você ainda não se conhece, não tem noção de quem é, mas vamos ajudá-la a se encontrar...
É Lila vamos ajudá-la
Meu Deus! Eu estou morta?! Não não pode ser, eu morri?! Socorro... socorro...
Hmmm – risos; calma menina, não! Você não está morta... ainda não...
Como assim ainda não?! Por que me sinto tão leve? Ah! Meu Deus cadê os meus pés?! O que vocês fizeram com eles? Eu não sei o que ta acontecendo,mas se isso é um sonho eu quero acordar agora!
Seu desejo é uma ordem, Lila.
Lila despertou em sua cama, passara-se apenas 3 minutos desde o instante em que Lila havia subido para o quarto. Levantou-se temendo olhar para os pés, mas olhou e viu que eles estavam ainda em seu corpo, apanhou a vela
ao lado de sua cama e correu para o espelho, afim de ver a sua imagem e confirmar que estava viva. Para sua alegria sua imagem encontrava-se refletida no espelho.
- Meu Deus! Devo estar louca... devo estar louca.
Lila! - chamava dona Thereza, a zeladora do pensionato.
Sim dona Thereza, só um instante e já abro a porta.
De repente houve-se um barulho, como se algo muito pesado caísse no chão, Dona Thereza chama por Lila que não responde, tenta abrir a porta, em
vão, pois a mesma esta trancada por dentro com a trava de segurança. D. Thereza desespera-se chamando por Lila. Sem respostas tenta o telefone, mas este esta mudo, não há como pedir socorro.
Mariana!
Sim D. Thereza
Corre na mercearia, chame seu Elias e peça para ele pedir socorro, fale que é sobre Lila, ele saberá o que é...
Dona Thereza sussurrava consigo mesma:
Esta acontecendo... Lila esta nascendo... Lila esta nascendo...
Mariana correu até a mercearia dando o recado de D. Thereza a Seu Elias. Este apanhou seu carro e seguiu para o pensionato, levando consigo uma marreta.
Ao chegar no local, foi direto a porta do quarto de Lila e com o consentimento de D. Thereza, arrebentou a porta resgatando Lila que encontrava-se caída entre a cama e o espelho. Sua cabeça apresentava um sangramento, provavelmente batera a cabeça na madeira de sua cama. Elias tomou Lila em seus braços e a levou para o carro.
Mariana!
Misericórdia, sim D. Thereza.
Junte as coisas de Lila, coloque tudo em uma caixa...
Mas o q...
Vamos criatura, rápido que Seu Elias precisa leva-la
Levá-la?! Aonde?! O que está acontecendo?!
Cala a boca e fica na sua, se não vai sobrar pra você. Faz logo o que eu
te pedi criatura anda … vai!
Elias partiu com Lila e seus pertences. Não disse para onde a levaria.
Passaram-se alguns dias e Seu Elias ainda não havia retornado e nem dado notícias, a vida na cidade seguia como se nada tivesse acontecido, como se Lila e seu Elias nunca tivessem existido. Nem mesmo na mercearia em que trabalhavam - até mesmo lá; ninguém de nada sabia.
Embora todos agissem normalmente, Mariana não conseguia aquieta sua curiosidade interna, afinal o que acontecera a Lila e seu Elias? E por que D. Thereza recusara-se a tocar no assunto Lila? Mariana então inicia uma investigação silenciosa e descobre que o passado dos pais de Lila podem ser a resposta para as suas perguntas.