O Senhor da capa preta

Esse conto foi criado por Nathan Victor - 12 anos. Amigão meu e que pediu para publicar o conto. Espero que gostem...

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Deitado em uma cama de um hospital, percebia que meu fim se aproximava, os remédios que tomava não tinham mais efeito, minha memória a cada dia mais fraco, minha audição zumbia agonizadamente. Chorava com saudades de meus pais e irmãos e relembro dos momentos que passei com minha mulher que morreu com meus filhos que me puseram em um asilo. Era bem solitário, só tinha contato com o medico e com as enfermeiras pois não recebia visitas mas me lembro bem foi numa noite escura e fria de inverno que um homem vestido com uma capa preta entrou na sala onde eu estava.

Não deu para ver o rosto pois minha visão estava embaraçada; também lembro que ele carregava algo a mão. Perguntei: quem é você? Ele calado estava e permaneceu daquele jeito, silencioso como um quarto vazio e sem vida. E daquela forma sentou-se na ponta da cama em que estava. Repeti a pergunta e de resposta ele me disse “Não gosto de me identificar”. Questionei o que ele fazia naquele quarto e me disse “Não quero que se atormente. Podemos dizer que sou só uma visita. Vim para conversar apenas”. Mas por que estaria com uma capa preta e o que era aquilo que estava em sua mão? A maioria das pessoas usa capas amarelas, pois dizem que podem ser confundidos com ladrões, pois essas pessoas sempre usam capa preta assim seria mais fácil se esconder num beco escuro.

Ele me disse que estava chovendo, por isso a capa e o que segurava nas mãos era um guarda-chuva. Me perguntei por que um guarda-chuva se tem uma capa de chuva, mas deixei isso pra lá.

Mas de onde me conhecia para entrar no meu quarto? O senhor de capa preta disse que me conhecia e várias outras pessoas daquele hospital. Perguntei se era um médico que estava de licença e o meu médico tinha mandado ele vir aqui me dar uma olhada, mas ele me disse que não era. O senhor disse que fazia o contrário do que os médicos fazem. Pedi-o uma explicação, mas ele quis me privar disso, falou que seria melhor para todos.

Suspirando fundo o disse que ele era a primeira visita que recebi durante todo o tempo que passei naquele hospital. Disse que era solitário, que não tinha aproveitado bem a vida, que meus filhos me desprezaram e perdi todos as meus outros familiares e que de um tempo pra cá a vida para ele não se tornou boa.

Após de dizer aquelas coisas, percebi que ele olhou para o chão com um tom de tristeza com lágrimas escorrendo no rosto e caindo em minha cama. E depois se virou pra mim e disse que não viu ninguém tão solitário como eu.

Disse que tinha passado por uma coisa parecida como essa, mas isso não foi motivo para fraquejar. E falando enquanto se levantava da cama e caminhando em direção aos aparelhos que me mantinha vivo. Perguntei o que iria fazer, e fazendo isso ele desligou toda aquela “parafernália”. Acho que queria era me matar, mas ele se virou para mim e disse que eu não iria precisar mais daquilo. Desesperado gritei por ajuda: médicos, enfermeiras, qualquer um... Ao fazer isso, chegou ajuda e perguntaram o que estava acontecendo e falei que os aparelhos estavam desligados. Me perguntaram quem as desligaram e eu disse que tinha sido o senhor que veio me visitar, e enquanto isso as enfermeiras tentavam ligá-las novamente. Mas me disseram que ninguém tinha vindo me visitar, mas antes de gritar por ajuda ele estava aqui e depois desapareceu. Acharam que eu estava com alucinações e enquanto isso as enfermeiras dizem para o médico que as máquinas não querem ligar, como se tivessem arrancado algum fio de dentro que danificou o aparelho.

O médico ao perceber disse que eu não poderia continuar mais vivo. Que eram os aparelhos que me seguravam nessa Terra. Então o médico fez uma bateria de exames e disse que estava tudo em perfeitas condições. Assim voltei para minha vida normal, e sentado aqui nessa poltrona a maior certeza que tenho daquele noite é que não estava chovendo e que aquilo que ele segurava nas mãos não era um guarda-chuva.

Wellison Pontes
Enviado por Wellison Pontes em 29/12/2010
Reeditado em 30/12/2010
Código do texto: T2698672
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