In the Dark
No escuro, logo que chegara a noitinha o casal de amantes se retirava da aglomeracao, obrigacao e ordenacao social, para reviver na clandestinidade.
A noite brilhava, as estrelas no ceu e a lua como testemunha.Nao iam para tao longe do estabelecido, tao pouco perto, mas mesmo no meio termo se retiraram. E assim seguiam, atraves do obscuro sombrio, para sua pratica ao libertario.
Longe, concientemente, onde ninguem os veria, apenas a noite como testemunha. Caminhando e seguindo, pausadamente, temporariamente
, na frequencia exata, na hora exata, na lua exata, no momento onde a dignidade justificava a atitude.
A liberdade do escuro provocava um contato maior com o invisivel e assim o casal de bruxos estaria protegido. Nao havia ninguem no bosque e assim o prosseguimento do caminho ja estava consumado.
O campo jah estava aberto e eles poderiam comecar a cerimonia ou o ritual. Acenderam o fogo, arrumaram os objetos, lancaram-se ao oculto e no galho de uma arvore uma coruja como testemunha, no embalo do comeco seria a oferta mais importante.
Juntos se abracaram, como em comunhao, com os Deuses, com o amor e o misterio que se seguiria.O senso de liberdade significava o amor livre e apenas a natureza poderia ser a sua acolhida.
Ser livre e longe, a lua como testemunha, cheia, no apice de sua beleza e abundancia. Com excecao das velas a unica iluminacao no bosque era ela e o casal tinha uma tarefa.
In the Dark, from the dark, goes from darkness....
Era a noite de brincar com as sombras do proprio medo, momento de se rebelar no inconciente e conhecer os subterraneos da mente. Se o ser era uma projecao da luz refletida, na noite obscura o casal queria conhecer o poder das sombras.
E para mergulhar no escuro como uma cermonia diferente, atraves da projecao e da inacao.
Mas refletir apenas a escuridao nao era suficiente,obtinha-se assim a chance de invocar os morcegos, as corujas,o gato do mato e todos os seres viventes da escuridao.
Consagraram o circulo, invocaram os deuses, mas nada, nada era mais suficiente do que o poder de suas proprias sombras. Esvaziando a mente eles foram capazes de voar como morcegos e o desejo predador de sugar aumentou.
Nada poderia ter mais fim do que exteriorizar a sua propria maldade
, cruel, predatoria, desconhecida.
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A noite caiu e o teste da bruxa se revelava mais e mais, dancando no obscuro, ao ar livre,despojados dos dias infernais com a luz do sol. E assim continuaram invocando a noite, a madrugada e o escuro.
Entao um tremor de terra abalara o bosque e passos foram ouvidos.
Uma criatura pequena e cores berrantes entrara no circulo sombrio. O guardiao do bosque chegara, o gnomo zangado espalhando terror e cenas absurdas no escuro.
E como cumprimento dos misterios da mae terra e endiabrado,pos o casal de bruxos sob submissao, empurrando-os para o chao.
Em um estrondo maluco todos os elementos comecaram a reger a cerimonia e assim a terra tremia,o vento soprava, um incendio se deu em um local afastado e o gnomo zangado aparecia, correndo, sempre se ocultando atras de uma arvore.
Todas as formas de terror foram sentidas e o casal de bruxos estava em um transe com as forcas da noite e a feiticeira com seus cabelos puxados deu um grito de dor.
Quando o escuro atingiu o climax uma chuva comecara, atras de relampagos e trovoes. Sairam do circulo correndo, mas era sobre o miado de gatos, e sons de coruja a madrugada parecia mais escura e interminavel.
Nos primeiros raios de sol voltaram ao local. Tudo estava intacto, como quando chegaram. Menos uma presenca; eh que a partir daquela noite eles estariam diretamente no escuro e seriam regidos eternamente pelo gnomo zangado.
Fim