JOSIAS E O PRESENTE DE NATAL
O tempo transcorria no relógio da Igreja da Catedral, imponente, ouvindo-se as baladas firmes na cidade Princesa do Sertão Maranhense. Era 24 de dezembro de 2004, o centro comercial tornava-se num tumulto, pessoas com volumes e presentes. O movimento econômico era uma operação mágica de circulação de bens de consumo, os táxis e moto boys, desciam e subiam as ruas velozmente.
Josias, um juvenil de 10 anos carregava uma caixa de picolé, com passos céleres atravessava a rua de um lado para o outro observando as mudanças da vespera de natal. Os conhecidos se confraternizavam pela passagem natalina, filas enormes avançavam-se na via pública do “Calçadão”, destacando-se a maior loja de departamento do Armazém Paraíba com suas promoções.
A noite já despontava, e o pequeno Josias se apressava na esperança de vender seus picolés e comprar o presente de natal do seu irmão caçula. As luzes do centro comercial brilhavam mergulhadas entre som natalino e multidões que entravam e saiam das lojas. Nas residências os áureos galantes reproduziam o encadeamento de feixes luminosos de cores sortidas.
Josias cantava uma melodia e o povão nas ruas pouco se importavam.
- Olha minha gente o picolé, está gostoso, tem de coco, caju, abacate e cajá. Vamos aproveitar a promoção do natal e venha me ajudar. Vamos comprar é apenas dez centavos. Compre seis e pague cinco. É só aqui que tem o picolé do Josias.
Após insistir e não obter resultados, o meninote ficou deprimido rumou para o Sesc localizado na Praça Candido Mendes onde se encontravam muitas crianças. Josias mais uma vez, soltava sua melodia em vão. Sem sucesso se dirigiu para a Igreja da Matriz, permanecendo sentado próximo ao cruzeiro. Um garoto de igual idade percebe a presença de Josias e lhe indaga.
-Josias, acorda cara! Vendeu muito picolé?
-Não, até agora nada. Disse com um ar melancólico.
- Eu vendi todos os pastéis e apurei mais de trinta reais. Só fiz vendas nas oficinas, aqui no centro não deu nada.
-Camaleão, eu nem sei o que vou fazer quando o maninho acordar. Ainda não apurei nada que desse pra comprar o presente. Reclamou Josias.
O amigo partiu e Josias ficou preocupado, olhava para a igreja de portas abertas com flores, enfeites e muitas luzes que adornava a chegada do Menino Jesus. Sem demora, tomou coragem e se dirigiu a uma lojinha onde o movimento comercial era fraco. De logo foi prontamente atendido.
- Pois não garoto! Já escolheu o que vai comprar?
Josias apenas ouvia o vendedor falar, seus olhou refletiam num brinquedo de plástico à sua frente.
-Eu quero comprar esta caçamba. Quanto custa moço? Indagou Josias.
- Este brinquedo é barato custa apenas vinte reais. Uma caçamba de plástico resistível.
- Você pode me vender fiado? Olhe moço, todos os dias eu passo aqui na frente de sua loja vendendo picolé e já lhe vendi fiado. O senhor não se lembra?
- Não, eu não me recordo, há tantos vendedores de picolés na cidade, e a nossa loja não vende fiado. É melhor você falar com o patrão. Esclareceu o vendedor.
- Moço, quero comprar uma caçamba para o maninho. O senhor me vende fiado?
- Não vendemos fiado garoto, estas são as normas da casa. Disse o proprietário atendendo um telefonema.
Mas Josias insiste, e as horas vão se aproximando da meia-noite, o coração pulsa acelerado em total desespero.
-Moço! eu posso deixar a minha caixa de picolé como garantia. Lá em casa eu sou o papai Noel do meu irmão caçula. E hoje não vendi nada, por isso eu lhe peço! Fique com a minha caixa!
O dono da loja pouco se importava com a explicativa do guru, retirando-se em passos trêmulos, bastante abatido e com má sorte, cruza no meio da rua sua madrinha.
- Josias meu filho! O que você faz estas horas da noite? Tua mãe está preocupada contigo! Vá logo pra casa. Ordenou a senhora.
-Madrinha, eu não vendi nada. Tenho que vender pra comprar o presente do maninho. Retrucou o garoto.
-Meu filho vá pra casa, não é mais hora de vender sacolé. Tua mãe está sofrendo de tanta preocupação! Vá logo pra casa.
-Madrinha, sabe me dizer se ela comprou o arroz na venda do quitandeiro Francisco?
-Não, o quitandeiro não vendeu. Eu tive que dividir um pouco do arroz.
-Madrinha, um dia eu vou lhe pagar tudo. Afirmou o meninote com os olhos cansados de sofrer carregando nos ombros a caixa de picolé pelas ruas do centro da cidade.
-Não se preocupe, vá pra casa que sua mãe lhe espera. Agora, eu vou passar a ceia de natal na casa do Felipe. Feliz Natal! meu filho e tenha certeza que o menino Jesus vai lhe ajudar antes dele nascer. Acredite! Não tive condições de lhe dá um presente. Mas, Deus é conosco.
Josias atravessou a rua e subiu a calçada da praça da Matriz, oportunidade, em que observou a conversa de dois taxistas Antonio e Ribeiro comentando que a partir das 23 horas, dois ônibus com turistas chegavam na cidade para a encenação do nascimento do Messias. Ao ouvir a conversa, Josias subiu numa garupa do moto boy Cristiano.
-Hei! Faz uma corrida pra mim urgente! Me leva pra rodoviária do Paulo Marinho. Rápido!
-Quanto custa a viagem?
-dois reais!
-Não tenho dinheiro agora, passe mais tarde que vou lhe aguardar!
Insatisfeito o moto boy atendeu a sugestão do menino deixando na Rodoviária construída pelo ex prefeito Paulo Marinho. Descendo naquele recinto, surge de prontidão um guarda municipal que viu o menino levando uma grande caixa de isopor, proibindo de imediato a venda de tais produtos no local, porém, Josias suplicou.
-Por favor, moço! Deixe-me vender meus picolés para eu comprar o presente de Natal do maninho. Eu sou o papai Noel lá em casa. Não posso chegar atrasado e sem presente. Por favor! Tenho certeza que o senhor já comprou o presente dos seus filhos.
O guarda municipal se condoeu com as palavras do noviço permitindo a venda pela única vez. Logo, adiante se avistava os turistas descendo com largos sorrisos, alegres, e olhando o panorama primordial da cidade da Princesa do Sertão Maranhense no intenso calor enquanto o garoto soltava sua melodia estridente.
- Você que chegou na Princesa do Sertão, venha logo provar com o seu coração, As frutas de Caxias num geladim, que mamãe fez assim. Comprem é gostoso! Ajudem o Josias!
Josias abria a caixa entregando sem conferir a dinheirama, e todos achavam deliciosos e o dinheiro recebido empurrava no bolso sem ao menos conferir, e Josias vendera naquela noite todos os picolés.
-É natal minha gente e brinquem pra valer. É natal e papai Noel vai sorrir. Viva o Natal!
Josias falava numa entoada que refletia em ecos a bela voz, restando na caixa o último picolé, momento em que se aproximou duma menina argentina de 10 anos, chamada Mayra, acompanhada de uma bela senhora, sua mãe Valéria Hezze.
Naqule instante, a pequena recebeu o único picolé do Josias e sorriu, lançando nos ombros de Josias uma bandeira azul, branca com o sol brilhante no centro. Ele sorria e abraçava a menina como se fossem velhos amigos, e suas lágrimas respingava no solo da estação rodoviária comovendo a todos os viajantes.
A véspera de Natal de Josias havia sido uma labuta inconstante, momento em que a menina argentina recebia das mãos de sua mãe, um presente com várias cédulas de cem reais.
-Isto é pra mim?
-Es un presente de Navidad! Sorriu Valéria Hezze.
-Vocês nem compraram meus picolés!
-él es su! Confirmou a menina Mayra.
-Vocês falam embolados, eu não estou entendendo! Muito obrigado! Vocês fazem o Natal que nunca tive. Eu não sei o que é natal. Nunca tive Natal, Jesus irá agradecer por mim.
-El muchacho no grita! No lagrimas! Va para su casa esperar la llegada del Messias. Disse a argentina Valéria Hezze estreitando num abraço aquela criança pobre.
- E quando puderes, vá numa lan house e acesse www.numaboafm.com.ar, e veja o Brasil, o teu Maranhão, a tua cidade e o teu poeta querido Erasmo Shallkytton no mundo inteiro, e também na Espanha no Groups del “PIEL, PELO Y UÑAS”.
-Moça! Eu vou agora mesmo. Vou comprar o presente do maninho senão a loja fecha. Eu numca mais vou esquecer de vocês!
O garotinho pegou o moto boy Cristiano que já se encontra para cobrar a corrida levando o guri até o centro comercial, comprou o presente do seu irmão e de sua mãe, seguindo em direção ao bairro pobre da cidade de Caxias na localidade Mutirão. As ruas daquele bairro estavam calmas, recebendo os brilhos das luzes do centro da cidade. Josias triunfava feito um herói naquela ruazinha sem qualquer pavimentação, levando presentes e acobertado pela grande bandeira da nação Argentina.
-Dona Maria, Feliz Natal! Seu Pedro, seu João, é Natal! Vejam o que eu ganhei!
Antonio, Feliz Natal! Feliz Natal a todos! Eu venci o tempo pessoal! Olhem pessoal, eu ganhei agorinha muito dinheiro do meu papai Noel em poucos minutos. Viva Natal!
Assim falava em bom tom.
A ruazinha de Josias ficou movimentada, as pessoas abriam suas janelas enquanto Josias desfilava com a bandeira nas costas até chegar na casa coberta de palhas de babaçú.
-Mãe, veja, eu sentir o papai Noel se passar por uma menina que falava embolado, ela me deu esta bandeira e muito dinheiro.
-Meu filho, esta bandeira é da terra do Maradona. Afirmou sua mãe muito feliz.
-É mesmo mãe? Então elas são da Argentina. Ela me disse que tem uma rádio www.numaboafm.com.ar e que fala do Maranhão, Caxias e de um poeta caxiense.
-Amanhã cedo vou acessar numa lan house esta rádio. Quero descobrir tudo, principalmente este poeta. Agora eu sou fã número um desta web rádio, ela me deixou numa boa. Quero saber porque só lá na Argentina vieram descobrir este poeta caxiense, aqui temos televisão, jornais, academia de letras e muitas rádios e nunca ouvir falar dele.
-Quem será este poeta mãe? Por que será mamãe?
-Não sei meu filho e saiba que poeta nunca é amado na terra em que nasce, o famoso poeta Antonio Gonçalves Dias nunca foi querido aqui, minha bisavó falava que ele passou duas vezes aqui em Caxias pra matar a saudade da terra, e a sociedade dos homens brancos não toleravam os modos europeus, além de ser negro.
Josias se dirigiu ao irmão caçula que dormia e depositou o presente de Natal debaixo da rede que se estendia na sala. O natal já havia adentrado naquele casebre, a luz da lamparina brilhava por toda casa e o menino Jesus chegava.
-É Natal! É Natal! Que Deus abençoe aquelas pessoas tão boas.
Noite feliz
Feliz Navidad a todos.
O tempo transcorria no relógio da Igreja da Catedral, imponente, ouvindo-se as baladas firmes na cidade Princesa do Sertão Maranhense. Era 24 de dezembro de 2004, o centro comercial tornava-se num tumulto, pessoas com volumes e presentes. O movimento econômico era uma operação mágica de circulação de bens de consumo, os táxis e moto boys, desciam e subiam as ruas velozmente.
Josias, um juvenil de 10 anos carregava uma caixa de picolé, com passos céleres atravessava a rua de um lado para o outro observando as mudanças da vespera de natal. Os conhecidos se confraternizavam pela passagem natalina, filas enormes avançavam-se na via pública do “Calçadão”, destacando-se a maior loja de departamento do Armazém Paraíba com suas promoções.
A noite já despontava, e o pequeno Josias se apressava na esperança de vender seus picolés e comprar o presente de natal do seu irmão caçula. As luzes do centro comercial brilhavam mergulhadas entre som natalino e multidões que entravam e saiam das lojas. Nas residências os áureos galantes reproduziam o encadeamento de feixes luminosos de cores sortidas.
Josias cantava uma melodia e o povão nas ruas pouco se importavam.
- Olha minha gente o picolé, está gostoso, tem de coco, caju, abacate e cajá. Vamos aproveitar a promoção do natal e venha me ajudar. Vamos comprar é apenas dez centavos. Compre seis e pague cinco. É só aqui que tem o picolé do Josias.
Após insistir e não obter resultados, o meninote ficou deprimido rumou para o Sesc localizado na Praça Candido Mendes onde se encontravam muitas crianças. Josias mais uma vez, soltava sua melodia em vão. Sem sucesso se dirigiu para a Igreja da Matriz, permanecendo sentado próximo ao cruzeiro. Um garoto de igual idade percebe a presença de Josias e lhe indaga.
-Josias, acorda cara! Vendeu muito picolé?
-Não, até agora nada. Disse com um ar melancólico.
- Eu vendi todos os pastéis e apurei mais de trinta reais. Só fiz vendas nas oficinas, aqui no centro não deu nada.
-Camaleão, eu nem sei o que vou fazer quando o maninho acordar. Ainda não apurei nada que desse pra comprar o presente. Reclamou Josias.
O amigo partiu e Josias ficou preocupado, olhava para a igreja de portas abertas com flores, enfeites e muitas luzes que adornava a chegada do Menino Jesus. Sem demora, tomou coragem e se dirigiu a uma lojinha onde o movimento comercial era fraco. De logo foi prontamente atendido.
- Pois não garoto! Já escolheu o que vai comprar?
Josias apenas ouvia o vendedor falar, seus olhou refletiam num brinquedo de plástico à sua frente.
-Eu quero comprar esta caçamba. Quanto custa moço? Indagou Josias.
- Este brinquedo é barato custa apenas vinte reais. Uma caçamba de plástico resistível.
- Você pode me vender fiado? Olhe moço, todos os dias eu passo aqui na frente de sua loja vendendo picolé e já lhe vendi fiado. O senhor não se lembra?
- Não, eu não me recordo, há tantos vendedores de picolés na cidade, e a nossa loja não vende fiado. É melhor você falar com o patrão. Esclareceu o vendedor.
- Moço, quero comprar uma caçamba para o maninho. O senhor me vende fiado?
- Não vendemos fiado garoto, estas são as normas da casa. Disse o proprietário atendendo um telefonema.
Mas Josias insiste, e as horas vão se aproximando da meia-noite, o coração pulsa acelerado em total desespero.
-Moço! eu posso deixar a minha caixa de picolé como garantia. Lá em casa eu sou o papai Noel do meu irmão caçula. E hoje não vendi nada, por isso eu lhe peço! Fique com a minha caixa!
O dono da loja pouco se importava com a explicativa do guru, retirando-se em passos trêmulos, bastante abatido e com má sorte, cruza no meio da rua sua madrinha.
- Josias meu filho! O que você faz estas horas da noite? Tua mãe está preocupada contigo! Vá logo pra casa. Ordenou a senhora.
-Madrinha, eu não vendi nada. Tenho que vender pra comprar o presente do maninho. Retrucou o garoto.
-Meu filho vá pra casa, não é mais hora de vender sacolé. Tua mãe está sofrendo de tanta preocupação! Vá logo pra casa.
-Madrinha, sabe me dizer se ela comprou o arroz na venda do quitandeiro Francisco?
-Não, o quitandeiro não vendeu. Eu tive que dividir um pouco do arroz.
-Madrinha, um dia eu vou lhe pagar tudo. Afirmou o meninote com os olhos cansados de sofrer carregando nos ombros a caixa de picolé pelas ruas do centro da cidade.
-Não se preocupe, vá pra casa que sua mãe lhe espera. Agora, eu vou passar a ceia de natal na casa do Felipe. Feliz Natal! meu filho e tenha certeza que o menino Jesus vai lhe ajudar antes dele nascer. Acredite! Não tive condições de lhe dá um presente. Mas, Deus é conosco.
Josias atravessou a rua e subiu a calçada da praça da Matriz, oportunidade, em que observou a conversa de dois taxistas Antonio e Ribeiro comentando que a partir das 23 horas, dois ônibus com turistas chegavam na cidade para a encenação do nascimento do Messias. Ao ouvir a conversa, Josias subiu numa garupa do moto boy Cristiano.
-Hei! Faz uma corrida pra mim urgente! Me leva pra rodoviária do Paulo Marinho. Rápido!
-Quanto custa a viagem?
-dois reais!
-Não tenho dinheiro agora, passe mais tarde que vou lhe aguardar!
Insatisfeito o moto boy atendeu a sugestão do menino deixando na Rodoviária construída pelo ex prefeito Paulo Marinho. Descendo naquele recinto, surge de prontidão um guarda municipal que viu o menino levando uma grande caixa de isopor, proibindo de imediato a venda de tais produtos no local, porém, Josias suplicou.
-Por favor, moço! Deixe-me vender meus picolés para eu comprar o presente de Natal do maninho. Eu sou o papai Noel lá em casa. Não posso chegar atrasado e sem presente. Por favor! Tenho certeza que o senhor já comprou o presente dos seus filhos.
O guarda municipal se condoeu com as palavras do noviço permitindo a venda pela única vez. Logo, adiante se avistava os turistas descendo com largos sorrisos, alegres, e olhando o panorama primordial da cidade da Princesa do Sertão Maranhense no intenso calor enquanto o garoto soltava sua melodia estridente.
- Você que chegou na Princesa do Sertão, venha logo provar com o seu coração, As frutas de Caxias num geladim, que mamãe fez assim. Comprem é gostoso! Ajudem o Josias!
Josias abria a caixa entregando sem conferir a dinheirama, e todos achavam deliciosos e o dinheiro recebido empurrava no bolso sem ao menos conferir, e Josias vendera naquela noite todos os picolés.
-É natal minha gente e brinquem pra valer. É natal e papai Noel vai sorrir. Viva o Natal!
Josias falava numa entoada que refletia em ecos a bela voz, restando na caixa o último picolé, momento em que se aproximou duma menina argentina de 10 anos, chamada Mayra, acompanhada de uma bela senhora, sua mãe Valéria Hezze.
Naqule instante, a pequena recebeu o único picolé do Josias e sorriu, lançando nos ombros de Josias uma bandeira azul, branca com o sol brilhante no centro. Ele sorria e abraçava a menina como se fossem velhos amigos, e suas lágrimas respingava no solo da estação rodoviária comovendo a todos os viajantes.
A véspera de Natal de Josias havia sido uma labuta inconstante, momento em que a menina argentina recebia das mãos de sua mãe, um presente com várias cédulas de cem reais.
-Isto é pra mim?
-Es un presente de Navidad! Sorriu Valéria Hezze.
-Vocês nem compraram meus picolés!
-él es su! Confirmou a menina Mayra.
-Vocês falam embolados, eu não estou entendendo! Muito obrigado! Vocês fazem o Natal que nunca tive. Eu não sei o que é natal. Nunca tive Natal, Jesus irá agradecer por mim.
-El muchacho no grita! No lagrimas! Va para su casa esperar la llegada del Messias. Disse a argentina Valéria Hezze estreitando num abraço aquela criança pobre.
- E quando puderes, vá numa lan house e acesse www.numaboafm.com.ar, e veja o Brasil, o teu Maranhão, a tua cidade e o teu poeta querido Erasmo Shallkytton no mundo inteiro, e também na Espanha no Groups del “PIEL, PELO Y UÑAS”.
-Moça! Eu vou agora mesmo. Vou comprar o presente do maninho senão a loja fecha. Eu numca mais vou esquecer de vocês!
O garotinho pegou o moto boy Cristiano que já se encontra para cobrar a corrida levando o guri até o centro comercial, comprou o presente do seu irmão e de sua mãe, seguindo em direção ao bairro pobre da cidade de Caxias na localidade Mutirão. As ruas daquele bairro estavam calmas, recebendo os brilhos das luzes do centro da cidade. Josias triunfava feito um herói naquela ruazinha sem qualquer pavimentação, levando presentes e acobertado pela grande bandeira da nação Argentina.
-Dona Maria, Feliz Natal! Seu Pedro, seu João, é Natal! Vejam o que eu ganhei!
Antonio, Feliz Natal! Feliz Natal a todos! Eu venci o tempo pessoal! Olhem pessoal, eu ganhei agorinha muito dinheiro do meu papai Noel em poucos minutos. Viva Natal!
Assim falava em bom tom.
A ruazinha de Josias ficou movimentada, as pessoas abriam suas janelas enquanto Josias desfilava com a bandeira nas costas até chegar na casa coberta de palhas de babaçú.
-Mãe, veja, eu sentir o papai Noel se passar por uma menina que falava embolado, ela me deu esta bandeira e muito dinheiro.
-Meu filho, esta bandeira é da terra do Maradona. Afirmou sua mãe muito feliz.
-É mesmo mãe? Então elas são da Argentina. Ela me disse que tem uma rádio www.numaboafm.com.ar e que fala do Maranhão, Caxias e de um poeta caxiense.
-Amanhã cedo vou acessar numa lan house esta rádio. Quero descobrir tudo, principalmente este poeta. Agora eu sou fã número um desta web rádio, ela me deixou numa boa. Quero saber porque só lá na Argentina vieram descobrir este poeta caxiense, aqui temos televisão, jornais, academia de letras e muitas rádios e nunca ouvir falar dele.
-Quem será este poeta mãe? Por que será mamãe?
-Não sei meu filho e saiba que poeta nunca é amado na terra em que nasce, o famoso poeta Antonio Gonçalves Dias nunca foi querido aqui, minha bisavó falava que ele passou duas vezes aqui em Caxias pra matar a saudade da terra, e a sociedade dos homens brancos não toleravam os modos europeus, além de ser negro.
Josias se dirigiu ao irmão caçula que dormia e depositou o presente de Natal debaixo da rede que se estendia na sala. O natal já havia adentrado naquele casebre, a luz da lamparina brilhava por toda casa e o menino Jesus chegava.
-É Natal! É Natal! Que Deus abençoe aquelas pessoas tão boas.
Noite feliz
Feliz Navidad a todos.