O AMOR DAS CURUCACAS PELO MENINO JESUS
Na ramada onde estavam dormindo Maria, José e o Menino Jesus, a fogueirinha estava apagando. Naquela noite fria, logo sobraram somente algumas poucas brasas. Maria e José sentiam muito frio, porém, estavam tão cansados da viagem que se limitavam a ajeitar as palhas ao redor de si e do menino.
Um casal de curucacas que vivia nos pastos ao redor da ramada, ouvindo os cânticos dos anjos, sentiu que algo muito grandioso estava acontecendo, e foi se aproximando do pequeno galpão, para ver o que era. Viram ali um casal deitado sobre o feno e, num coxinho ao lado, um lindo bebê, colocado sobre as palhas e embrulhado com panos coloridos. Ainda havia brasas na fogueirinha, porém, logo virariam cinza fria.
As curucacas, então, ao verem aquela cena, e quanto frio deveria sentir o bebê, simplesmente colocado sobre as palhas da manjedoura, num rápido voo, se achegaram ao fogo, e começaram a bater as asas sobre as brasas, fazendo tanto vento que, logo, elas começaram a arder. As duas aves tinham, então, as penas de pescoço e do peito completamente brancas, e as pernas e os pés de cor escura. Quando, porém, as brasas começaram a avivar, pequenas chamas foram surgindo, e muitas fagulhas começaram a voar. O calor foi ficando intenso e se espalhando por todo o ambiente, enquanto as bondosas curucacas continuavam batendo suas grandes asas. O fogo se acendeu de tal modo que começou a queimar as penas do peito das aves, seus pescoços foram ficando tingidos de cor amarelada, os pés, antes escuros, foram assumindo a coloração de vermelho vivo.
O generoso coração das curucacas se encheu de orgulho e felicidade, quando notaram que o Menino Jesus, abrindo os bracinhos, lhes acenava e sorria, sentindo-se aquecido pelo fogo.
Daquele dia em diante o peito das curucacas passou a ser afogueado de amarelo-escuro, seu pescoço se tornou também amarelado e suas pernas ficaram vermelhas, como sinal da sua devoção ao Menino de Belém.