A LENDA DO PAPAI NOEL (Conto natalino)

Há muitos e muitos anos, numa dessas comunidades pobres das nossas grandes cidades, morando numa humilde casinha, vivia um senhor chamado Manoel de Souza, conhecido por todos como Seu Noé. Ele era catador; coletava o lixo reciclável e vendia a um comerciante da favela. A casa de Noé tinha um pequeno quintal, onde ele cultivava uns pés de couve, cenoura e ervas medicinais. Apesar de sua pobreza, Noé vivia tranquilo. Era um velhote de barba branca, alegre, de bom coração e generoso, sempre disposto a ajudar a todos os vizinhos.

Não se sabe bem porquê, mas Noé gostava muito da cor vermelha; suas roupas eram, quase sempre vermelhas.

Numa dessas crises pelas quais passa, de vez em quando, a nossa sofrida gente, houve um empobrecimento geral, e a vida das comunidades ficou muito difícil. A fome atingia em cheio as famílias, que se viam obrigadas a pedir esmolas nas esquinas. Noé não se conformava com aquilo, passou a viver momentos de muita tristeza. Via as crianças cada vez mais abandonadas e sozinhas, pois os pais saíam de casa em busca de trabalho e alimentos. Noé passou, então, a pensar num jeito de ajudar as pessoas: queria encontrar um meio de poder, pelo menos, minimizar tanto sofrimento.

Numa daquelas noites de muita preocupação, Noé teve um sonho: um lindo anjinho veio até ele, e lhe disse que no mundo inteiro havia milhões de crianças pobres como essas da comunidade onde ele vivia, que não tinham roupas, nem brinquedos, nem comida suficiente para sobreviver.

– E o que eu posso fazer para dar alguma alegria a essas crianças? – Perguntou Noé.

O anjo ficou triste e pensativo, a ponto de uma lágrima correr de seus olhos.

– O que eu posso fazer? – Insistia Noé. – O que posso fazer para colocar um sorriso no rosto de tantas crianças, e um pouco de felicidade em seus corações?

O pequeno anjinho arriscou um palpite:

– Olha, Noé, se você quer mesmo ajudar essas pessoas, deve pegar a sua galeota de catador, colocar nela um grande saco, com doces e brinquedos e sair, por aí, distribuindo os presentes pra todo mundo! O que acha? – Dizia o anjinho, batendo palmas e sorrindo alegremente. – Faça isto na noite de natal, quando nasce o Menino Jesus.

– Mas onde é que eu vou arrumar tanto brinquedo, pra toda essa criançada? E como é que eu vou conseguir fazer isto, sozinho? Como vou entrar nas casas? – Dizia Noé desapontado, coçando a cabeça, angustiado diante de tantas dificuldades.

O anjinho, porém, parece que já tinha uma solução: – Olha, Noé, eu acho que o Menino Jesus pode ajudar você…

Naquele momento, Noé foi tocado por uma grande força. Uma alegria imensa encheu seu coração. O anjinho batia palmas e esvoaçava pelo quarto. Uma grande luz encheu toda a casa de Noé. O anjinho concluiu, com voz solene:

– Você, agora, Noé, será considerado pai de todas essas crianças, pelo mundo afora. De agora em diante você vai ser chamado de Papai Noé, ou melhor, Papai Noel. Está bem assim?

Noé não cabia em si de contente. Começou a coletar os brinquedos que já possuía em casa, os carrinhos, aviõezinhos, as bonecas; muitas coisas que ele havia feito ou consertado, brinquedos que recolhia em suas coletas de lixo.

O Menino Jesus inspirou muitas pessoas a que ajudassem o Papai Noel, com doações e presentes. Logo, muitas pessoas começaram a ajudar o Papai Noel em sua missão. Muitos dos ajudantes do Papai Noel eram anjos disfarçados, mandados pelo Menino Jesus, e que ajudavam a construir os brinquedos, e o ajudavam a carregá-los na carrocinha na noite santa de Natal.

O Menino Jesus fez, inclusive um pequeno milagre: fez com que a galeota do Papai Noel voasse a grandes velocidades, deixando no céu um rastro de fagulhas brilhantes e douradas, que iluminavam a Noite Santa.

Papai Noel conseguia entrar em todas as casas, sem ser visto, deixando embaixo do pinheirinho presentes e bombons; enfeitava as árvores com bolachinhas e frutas secas. Quando saía da casa, deixava no ar um suave perfume.

É graças à magia do amor, que o Papai Noel consegue, até hoje, deixar tanta gente feliz, distribuindo, pontualmente, na noite de Natal, tantos presentes a todas as crianças do mundo inteiro, deixando em seus rostinhos um sorriso de felicidade.

Jonas Tadeu Nunes
Enviado por Jonas Tadeu Nunes em 11/11/2024
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