MAGIAS DO NATAL
Pedrinho o pequeno menino de rua caminhava pela cidade e observava o glamour nas vitrines das lojas, enfeitadas para o Natal. Chegando à porta de um Shopping Center, acanhado via lá dentro pessoas muito bem vestidas e crianças mais privilegiadas, de mãos dadas com papais, mamães, tios, tias e amiguinhos ou amiguinhas junto ao papai Noel e várias outras atrações.
Ele, que não sabia o que era ter pai, mãe, tios, amigos, etc., esboçou a vontade de entrar, mas logo percebeu o movimento dos seguranças que lhe observavam. Estes, com o pensamento consternado, sem saber que atitude tomar: deixá-lo entrar para viver alguns minutos de fascínio, mas correndo o risco de serem reprovados pelos lojistas e até por freqüentadores, ou impedir a entrada do menino pobre, correndo o risco de serem acusados por discriminação. Entre uma opção e outra eles preferiram preservar o emprego e decidiram barrar o menino, mas não foi preciso, pois o próprio Pedrinho sentia que aquilo tudo não fazia parte do seu mundo e não valeria a pena tentar apenas descobrir quantas coisas a vida lhe negava.
Era véspera de Natal e o menino continuou perambulando pelas ruas agitadas com pessoas carregando pacotes e mais pacotes de presentes, caros buzinando com seus motoristas apressados. Enquanto isso ele, apesar de achar divertido o comportamento das pessoas, começava a sentir fome, sem ter um tostão para pagar, ao menos, um copo de leite ou um pão com manteiga.
De repente o inusitado acontece (coisas de Natal). Um automóvel importado estaciona ao seu lado e um senhor muito bem vestido desce, se aproxima e lhe cumprimenta. É claro que o pequenino ficou apavorado, quase certo de que seria colocado, à força, naquele carrão e levado para algum lugar indesejável, pois mesmo sem estudo ele não ignorava a violência e a maldade que existe neste mundo. Mas aquele homem apenas perguntou:
- Posso andar junto com você e ver as mesmas coisas para nos distrair?
Segurando a mão do Pedrinho, o homem foi caminhando e conversando. Como por magia, o menino de rua estava, pela primeira vez, curtindo uma amizade. Já nem estava mais se importando com a fome, mas o referido homem, movido por sua percepção apurada, resolveu aquele problema também. Entraram numa grande lanchonete, comeram sanduíches super recheados, batatas fritas, tomaram sucos, devoraram um delicioso sorvete e riram bastante. Depois foram até uma loja de roupas esportivas, onde aquele homem fez questão de que o Pedrinho saísse de lá com roupas totalmente novas.
Mais tarde sentaram em uma praça (dentro de um Shopping Center) onde assistiram a apresentação de um coral interpretando músicas natalinas e, finalmente, voltaram até onde ficara o carro daquele primeiro amigo do menino.
Aquele senhor insistiu em não revelar seu nome, pedindo ao menino que apenas o chamasse de “amigo”.
Antes de partir esse amigo abraçou, carinhosamente, o Pedrinho, prometendo que, a partir daquele dia, passaria ali, uma vez por semana, para conversar um pouco e deixar-lhe alguns trocados, dizendo ainda que no início do ano daria um jeito de matriculá-lo em alguma escola para estudar, bancando todos os gastos.
Será que esse “amigo” vai cumprir o prometido?
Não importa, Pedrinho já estava agradecendo a Deus e ao aniversariante menino Jesus por aquele Natal, mais feliz de sua vida.
É, o Natal sempre tem suas magias !
SP. 24/12/07
Fernando Alberto Salinas Couto