Natal Eterno

O Natal se aproximava e estava muito quente na cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. Era um verão intenso no nordeste do Brasil.

Alvinho estava sozinho no quarto, seu pai estava desaparecido, a mãe dona Jade chorava desconsoladamente a ausência do marido. Seu Álvaro era caminhoneiro. O caminhão fora encontrado sem o dono na beira de uma estrada do interior. As buscas foram em vão, ninguém conseguiu encontrá-lo.

O menino começou a chorar, que graça teria seu natal com a ausência do pai, ainda mais com a dúvida se ele estaria vivo ou morto?

— Não queria um natal assim sem meu papai querido, gostaria que não houvesse problemas!

De repente uma luz surgiu em sua janela, ao abri-la pode ver que não estava diante do quintal de casa, mas sim de um local mágico. Ele pulou para fora e ao olhar para trás, algo inexplicável aconteceu: sua casa tinha desaparecido.

— Uauuuuuu!!!!! — exclamou Alvinho estupefato — Onde está minha casa?

— Ho, ho, ho! Feliz Natal! — disse um homem jovem, moreno claro e com roupa de Papai Noel.

— Mas ainda não é Natal, só depois de amanhã!

— Aqui sempre é Natal. Sei que não é daqui, você veio de outro mundo. Estamos em outra realidade alternativa. Aqui o Natal é eterno. Sempre compartilhamos uns com os outros o amor. Sempre damos presentes uns aos outros. Eu soube que no seu mundo vocês fazem isto somente uma vez ao ano.

— Quem é você, afinal?

— Eu me chamo Noel!

— Você é o Papai Noel?

— Soube que no seu mundo eu sou chamado assim e que lá eu sou velhinho e barrigudo, ora! Sou jovem, em forma e um galã que conquistou o coração de Noélia. Ho, ho, ho!

— Quem é Noélia?

— Minha esposa. Ela está chegando.

— No meu mundo ela é chamada de Mamãe Noel.

Era uma lindíssima mulher loira de olhos azuis, com um vestido vermelho e o tradicional gorro igual do seu esposo.

— Oi meu amor! — Ela deu um beijo no marido — Quem é este lindo garotinho?

— Eu me chamo Álvaro Júnior. Todos me chamam de Alvinho. Sou de Natal.

— Mas Natal é aqui. Nunca te vi antes. Você não é daqui, mas mesmo assim seja bem vindo! - disse Noélia com aquele sorriso cristalino, que encanta a todos.

Alvinho ficou confuso, era de Natal, o lugar onde estava naquele momento também se chamava Natal, no seu mundo o Natal não tinha chegado ainda e lá no mundo da realidade alternativa o Natal era todos os dias, sua cabeça deu um nó...

Noel lhe disse:

— Dom Manu lhe explicará tudo, somente ele pode esclarecer o que você não pode entender!

— Quem é Dom Manu?

— Nosso Rei!

O trenó de Noel chegou, Noélia disse:

— Vamos garotinho! Suba no trenó! Levar-te-emos para conhecer Natal inteiro. Festejaremos o Natal e visitarás nosso Rei no palácio de Sua Majestade!

As renas eram muito lindas. Alvinho acariciou cada uma delas e elas retribuíram o carinho lambendo a mão do garotinho, eram o total de seis.

O menino ficou encantado ao perceber que Natal era todo branco, via a neve caindo, mas não sentia frio. Ficou sem entender pois no seu mundo em países da Europa, no Canadá e em parte dos Estados Unidos, por exemplo, quando a neve caía, a temperatura era abaixo de zero. Não entendia como não estava sentindo frio naquele lugar mágico.

Noel parecendo ler os pensamentos do menino lhe disse:

— A neve cai o ano inteiro aqui, mas ninguém sente frio, porque o amor aquece os nossos corações, o corpo e a alma. O branco da neve significa a pureza porque somos puros de coração.

O trenó ia por terra, passando pelos vilarejos de Natal. O garoto via as casas enfeitadas, famílias unidas, todas sorrindo, ouvindo lindas melodias e celebrando o amor. O menino lembrou-se de sua família.

Alvinho se encantava mais e mais por aquele mundo que se chamava Natal, mas chorava ao lembrar-se do que estava passando em seu mundo, na cidade de Natal com o desaparecimento do pai e sua mãe sempre chorando inconsolável...

Chegaram ao palácio real. Um local mágico. Totalmente feito de ouro. A construção brilhava intensamente. Suas janelas eram detalhadas com pérolas em volta, onde passava um pequeno rio cristalino e dava para ver inúmeras pedras preciosas dentro daquele manancial que incluía diamante, esmeralda, rubi, entre outras.

- Uauuuuu! Nunca vi nada tão lindo como este lugar!

Naquele local onde havia o palácio não nevava, brilhava um sol intenso. Alvinho ficou maravilhado.

- Porque aqui não neva?

Noélia então lhe disse:

— Pode estar achando estranho que aqui não neva, saiba que todo o local onde nosso Rei está o Sol brilha, se ele sair daqui e for para um dos nossos vilarejos, o Astro-rei o acompanhará e no local não nevará, a luz celestial o ilumina.

De repente, a porta do palácio real se abriu. Um enorme tapete se estendeu. De ambos os lados pessoas; todas vestidas de branco, com roupas longas, homens e mulheres que tocavam uma trombeta.

— Vamos, Alvinho! Entre! Este tapete foi estendido para que você possa entrar no palácio. Você é o convidado especial de Dom Manu. Ele estará lhe preparando uma surpresa. — disse Noel todo sorridente.

Noélia tomou mais uma vez a palavra e acrescentou:

— Nos despedimos aqui, garotinho. Foi muito bom estar com você. Espero que esta viagem te ensine que o Natal tem que ser todos os dias e não somente uma vez por ano!

Ao dizer isto, Noélia o abraçou e lhe deu um beijo no rosto.

— Isto mesmo, concordo com meu amor, leve esta lição para o seu mundo. — Noel também lhe deu um abraço afetuoso — Até logo, amiguinho!

— Até logo, obrigado pela carona, adorei conhecer vocês!

O casal Noel acenou para ele

E as renas com o trenó tomaram um impulso e decolaram em altíssima velocidade desaparecendo entre o céu estrelado.

Alvinho foi entrando, viu uma linda mulher morena clara com os cabelos castanhos claros, trajando um vestido todo azul brilhante que foi logo lhe dizendo:

— Olá, me chamo Celeste, sou a mãe do Rei, Sua Majestade te aguarda ansiosamente. Ele está prestes a descer do quarto. Ele estava se arrumando para encontrar-te. Tua presença aqui é de fundamental importância.

Em seguida chegou ao dela um homem de barba escura sorrindo, era seu marido, trajando um manto azul:

- Seja bem vindo, menino, eu me chamo Operador!

— Obrigado Celeste, obrigado Operador!

As trombetas soaram novamente. O Rei descia do quarto real. A surpresa de Alvinho foi de saber que o Rei se tratava de um menino menor do que ele.

— Sua Majestade Dom Manu! — disseram Celeste e Operador em uníssono, sorridentes!

- Eu me chamo Angelina, permita que eu segure a sua mão, por favor! – disse a ele uma bela menina negra de sorriso cristalino, que aparentava ter a mesma idade que ele e trajava um belíssimo vestido branco.

Ela a levou até a presença do Rei, passando ambos pelo belíssimo tapete vermelho que os levavam até o trono.

- Muito obrigado Angelina!

- Nós que agradecemos, seja bem vindo!

Chegaram até o Rei que lhe disse:

— Seja bem vindo Alvinho! Eu sou Manu, Rei de Natal. Fico muito feliz por você estar aqui!

— Obrigado Vossa Majestade, disponha!

— Eu tenho ouvido falar muito do seu mundo. Um mundo onde o Natal é comemorado apenas uma vez por ano. O Natal deve ser celebrado todos os dias. Devemos dar importância à família todos os dias. As amizades devem ser valorizadas todos os dias... Nada de pensar apenas em consumismo e bens materiais, isto não é necessário, necessário mesmo é o amor...

Manu explicou várias coisas para Alvinho, como podia um menino menor que ele ter tanta sabedoria? O Rei era o centro de tudo naquele mundo encantado, Alvinho estava aprendendo muita coisa, ele fazia perguntas e o Rei lhe tirava todas as dúvidas.

— Alvinho, tenho um presente de Natal para você.

— Do que se trata, Vossa Majestade?

As trombetas soaram outra vez, alguém entrava no palácio sobre o tapete vermelho, uma enorme surpresa, o coração de Alvinho disparou, seu Álvaro era que vinha ao seu encontro.

O menino chorou, chorou e chorou, mas suas lágrimas eram de alegria.

— Meu filho, eu estava neste mundo o tempo todo. Nada de mal aconteceu comigo. Aqui aprendi o verdadeiro significado do Natal. Dom Manu me ensinou a ser outra pessoa. Uma luz surgiu na beira da estrada, fui atraído por aquela luz, quando percebi, eu estava neste mundo maravilhoso.

— Papai, eu pensei que o senhor estava morto. Este vai ser o melhor Natal da minha vida.

Os dois se abraçaram intensamente.

Mais uma vez as trombetas soaram e desta vez quem entrava no palácio, correndo, chorando e quase tropeçando no tapete era Dona Jade.

— Mamãe! — Alvinho correu ao encontro da mãe, chorando de alegria da mesma forma e a abraçou dando-lhe um beijo na face, ela retribui-lhe, fazendo o mesmo.

— Uma luz surgiu no meu quarto, eu estava desesperada atrás de você, meu filho, mas cheguei há pouco tempo, Noel e Noélia me explicaram tudo o que estava acontecendo e que eu deveria encontrar o Rei que me explicaria tudo e que eu teria um presente de Natal muito especial. Agora percebi que o presente seria nossa família unida novamente.

— Sim, mamãe, a senhora está certa, agora estou entendendo tudo, Dom Manu me trouxe muita sabedoria.

Os pais de Alvinho se abraçaram e se beijaram, abraçaram o filho e estavam muito felizes.

Dom Manu, dona Jade, seu Álvaro, Alvinho, Celeste, Operador e Angelina conversaram bastante, tiveram uma ceia de Natal maravilhosa, uma mesa farta com dezenas de convidados, inclusive Noel e Noélia.

O Rei explicou que ao fim da ceia natalina eles voltariam para o seu mundo.

— Vocês precisam voltar para casa, lembrem-se, devem praticar sempre o que aprenderam aqui, que é compartilhar, amar e respeitarem um ao outro durante o ano inteiro, não dar ênfase a isso somente uma vez por ano.

— Obrigado Vossa Majestade. Aprendemos muita coisa convosco.

O Rei abraçou a família. Celeste, Operador, Angelina, Noel e Noélia fizeram o mesmo. Uma luz brilhou novamente e perceberam que estavam em casa outra vez.

Eles guardaram tudo o que aprenderam no coração, se tornaram uma família muito feliz cada vez mais e transmitiram aos outros seus conhecimentos....

Tinham como lema:

“Se todos viverem assim, o Natal será eterno”...

Cadu Lima

Cadu Lima Santos
Enviado por Cadu Lima Santos em 23/12/2016
Reeditado em 08/11/2017
Código do texto: T5861712
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