Bilhete premiado
Estradinha do Norte, pequena cidade interiorana de apenas mil habitantes, neste lugar onde imperava a paz havia um pequeno orfanato onde viviam seis meninos que se chamavam: Everton, Miguel, Bill, Anderson, Eduardo e Sidraque.
Everton era o mais esperto de todos, ele alegrava o ambiente, contagiava a todos ao seu redor, adorava nadar no lago e jogar futebol, não sabia quem eram seus pais, pois fora abandonado na porta de uma igreja. O padre Joel entregou o garoto para Dona Cecília, mulher bondosa que mantinha aquele orfanato com ajuda de pessoas generosas.
Quando tinha nove anos de idade, Everton estava andando pela cidadezinha quando encontrou um bilhete de loteria, ele olhou para o céu e disse:
- Papai do Céu, seria um presentão de natal se este bilhete fosse o premiado!
Enquanto isso, numa casinha simples da zona rural de Estradinha do Norte, um casal estava desesperado, haviam acabado de ver um sorteio na TV e o bilhete premiado era justamente o deles. O marido que se chamava Geraldo brigava com a mulher Judite:
- Por sua causa perdemos o bilhete, quem mandou você não tomar cuidado, colocar numa sacola de compras, se tivesse colocado na carteira teríamos ele conosco!
- Perdão, meu amor, me perdoe pelo descuido, vamos procurá-lo, pode ser que ele esteja pelo caminho por onde passamos.
Geraldo estava inconformado, aos berros dizia que nunca iriam encontrá-lo.
O casal não tinha filhos, Judite tivera câncer de colo de útero, em estado avançado e ao removê-lo foi interrompido para sempre o sonho de ser mãe.
Várias tentativas de encontrar o bilhete, mas tudo fora em vão. Voltaram para casa, estavam inconsoláveis por perderem a chance de se tornarem milionários.
Discutiam muito, até que Judite saiu um pouco para esfriar a cabeça, deixando o marido resmungando sozinho.
Judite olhou para o céu e começou a orar:
- Senhor, ajude que um anjo venha me entregar o bilhete, por favor, peço que me proporcione esta felicidade! Tem muitas coisas que quero fazer com este dinheiro, quero ajudar as pessoas, quero adotar crianças, quero ser feliz ao lado do meu marido, te peço novamente, permita que um anjo venha me entregar este bilhete!
Na cidade, Everton ouvira falar que o ganhador de oitenta milhões de reais saíra dali de Estradinha do Norte, foi quando ele conferiu o resultado e descobriu que aquele bilhete que estava em suas mãos era justamente o premiado.
- Meu Deus! Não acredito! Eu pedi ao Papai do Céu este presente e ele me deu, mas algo me diz que não posso contar a ninguém, por enquanto...
Os meninos do orfanato e Dona Cecília perceberam que o garoto estava eufórico.
- O que você tem meu filho? – perguntou Dona Cecília.
- Amo a senhora, amo vocês meus irmãos, este Natal que está chegando certamente será o melhor de nossas vidas!
Aquela alegria contagiou a todos no orfanato, mesmo com o garoto ocultando o real motivo da euforia dizendo a eles que o revelaria em breve.
Mas algo mudaria a opinião do menino, sempre orientado pelo Padre Joel e pela Dona Cecília, o menino tinha princípios morais. Naquele mesmo dia, ao andar pela zona rural, justamente na hora que Judite orava em voz alta, ele ouviu a oração da mulher e apesar de frustrado entregou a ela o bilhete:
- Acho que isto lhe pertence!
- Meu bilhete, amor, vem aqui fora, um anjo veio entregar nosso bilhete, Deus ouviu as minhas preces!
Geraldo saiu, o casal não conteve a alegria, conversaram com o garoto que lhes contou toda sua história de vida pessoal e como havia encontrado o bilhete.
Judite cumpriu a promessa que havia feito a Deus, adotou Everton e todos os meninos do orfanato além de mais duas meninas de outra cidade que se chamavam Lenira e Talita, no total foram adotadas oito crianças pela bondosa mulher e por seu marido. Todos se deram bem como se eles fossem uma família biológica e Dona Cecília foi contratada para ser governanta da casa para ficar perto dos seus pupilos.
Aquela santa mulher ainda fez algumas instituições para ajudar pessoas como um hospital, asilos e orfanatos em Estradinha do Norte e outras cidades.
A nova família: Judite, Geraldo, as crianças, além de Dona Cecília e o Padre Joel passaram o Natal juntos, o melhor de suas vidas e a partir daí viveram felizes para sempre!