Conto de Natal!

Faltavam apenas algumas horas para a chegada do Natal e o pequeno John já estava agoniado para pôr em prática seu plano infalível de surpreender o Papai Noel a meia noite em frente a lareira de sua sala de estar, durante o ano inteiro pensou, escreveu, desenhou, calculou, testou, decorou o script e o roteiro inteiro do que seria o dia mais importante de sua vida e naquele momento, ele não podia se aguentar mais de tanta ansiedade, guardou cada centavo de sua mesada e aos poucos foi comprando o que precisaria para pegar o bom velhinho no pulo, tinha barbante, pequenos sinos, bolinhas de natal, lanterna, um apito e por fim, mas não menos importante, uns dois dias antes, pegou e escondeu a câmera digital de sua mãe, justamente para registrar o tão aguardado momento.

Normalmente seus pais colocavam todas as crianças pra dormir entre 10h e 10:30 da noite, pois diziam que elas precisariam estar dormindo para que o Papai Noel pudesse vir, mas John já tinha 8 anos e 7 meses e não queria mais ser tratado como criança, então exatamente às 10:32, como já esperava, foi levado para o quarto, que ficava no andar de cima da casa. E como foi difícil esperar o relógio, o tic tac fazia com que ele ficasse mais irritado, além disso, por duas vezes seus pais foram até o quarto para averiguar se realmente estava dormindo, mas logicamente dormir era o que ele não faria naquele momento, então, como sabia que seus pais apenas abriam a porta e saiam, preparou alguns travesseiros e almofadas na cama e cobriu com seu lençol do Ben 10, que estrategicamente pedia pra sua mãe trocar, por ser mais escuro que os outros normalmente usados durante o ano.

O relógio já marcava 11:45 da noite, nessa hora o menino já estava sem as unhas das mãos e por incrível que pareça, dos pés também, mais 05min e ele poderia dar andamento ao seu plano, tudo já estava preparado, na manhã da véspera, aproveitou que seus pais estavam no quintal e pendurou alguns barbantes com os pequenos sinos na parte interna da lareira, justamente para flagrar o exato momento da chegada do invasor, as bolinhas de natal, aproveitou a distração dos parentes, tios, avôs, primos, primas e minutos antes de subir para o quarto, colocou todas próximas de onde ele, o “bom velhinho”, apoiaria os pés para descer, agora faltava muito pouco, nas mãos a lanterna e o apito já estavam a postos, abriu a porta do quarto bem devagar, olhou para o corredor, estava tudo escuro, aparentemente todas as crianças estavam dormindo, saiu bem devagar, calçando apenas meias, justamente para não fazer nenhum ruído e caminhou até a escada que dava acesso ao piso inferior, agachou cuidadosamente e pela escada caracol, constatou que não havia ninguém lá embaixo, faltavam 02min, ele tinha que se apressar, desceu pela escada o mais rápido que pode e se escondeu atrás do sofá, onde propositalmente havia feito um rasgo a alguns meses, justamente para poder esconder a câmera de sua mãe, então enfiou sua pequena mão direita no rasgo e rapidamente já estava com o objeto mais importante da noite, o maior algoz do Papai Noel naquele instante.

Já era meia noite, e conforme ele havia previsto, os sinos denunciaram o invasor, o barulho era evidente, mas não o suficiente para acordar ninguém no cômodo de cima, logo depois ele pôde ouvir as bolinhas de natal sendo pisadas e um som típico de vidro fino quebrando se perdeu no silêncio da sala de estar, o alarme realmente foi calculado apenas para ser ouvido por ele e mais ninguém, tinha que ser agora, se demorasse mais um pouco, ele não conseguiria mais vê-lo e o seu plano teria sido em vão, então respirou fundo e levantou-se, botou o apito na boca, recurso que só usaria em último caso, preparou a câmera, ligou a lanterna e preparou seus olhos para ver o tão esperado Papai Noel.

Mas para sua surpresa, era tarde demais, ele só pode ver uma parte da calça vermelha e a bota preta subindo pela chaminé, correu, olhou pra dentro e se lamentou, não dava pra ver nada, nada além da escuridão, só não ficou mais frustrado, pois pelo menos viu que ele existe, era ele, só podia ser e pra confirmar só precisou olhar para o lado, pois embaixo da árvore decorada, viu todos os presentes empilhados, como se estivessem nascido de uma hora pra outra e então, com um misto de satisfação; pelos presentes recebidos; e um misto de decepção; por não ter conseguido ver por inteiro o Papai Noel; ele subiu para o quarto, afinal, ninguém poderia saber que ele havia descido naquela hora da noite.

Depois que já estava em seu quarto, sua mãe que até então permanecia escondida atrás do outro sofá, saiu do esconderijo e foi em direção a porta de entrada da casa, abriu-a e logo em seguida o pai de John entra apreensivo e fala bem baixinho, quase sussurrando...

- E aí querida, ele acreditou? Tive que puxar bem rápido o boneco...

- Sim querido, ficou meio frustrado por ter visto só uma parte da perna, mas ele acreditou no que viu, o nosso plano deu certo.

- Ai que bom, mas você lembrou de deixar as bolinhas quebradas no mesmo lugar né?

- Lembrei sim, só esperei dar meia noite para quebrar as outras e assim dar a impressão que foi “ele”.

- Ufa, e os presentes? Ele percebeu que já estavam lá?

- Nada, desceu e já foi direto pra trás do sofá...

- Então tá bom, missão cumprida querida....

- Missão cumprida...

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Moises Tamasauskas Vantini
Enviado por Moises Tamasauskas Vantini em 15/12/2015
Reeditado em 16/12/2015
Código do texto: T5481333
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