A MENSAGEM DA ESTRELA

No vai e vem daquele pequeno barco de refugiados, eles simplesmente iam a mercê do acaso. Há dias deixaram tudo, casa, mobília, animais, plantações e sonhos; fugindo do terror iminente que, de acordo com as informações, logo chegaria aquela pequena cidade. Agora a realidade é dor nas juntas, fome, esgotamento físico, falta de higiene o os olhares vazios que pareciam procurar algo além da escuridão da noite, do vento frio e da imensidão do mar que parecia agredir a embarcação com suas fortes ondas.

O pai olha para um dos três filhos, o menor deles, que no colo da mãe repousava em sua inocência. Encontra nele um sorriso. O pai sorri de volta, mas deixa uma lágrima denunciar o que sente: um misto de incerteza, medo e desespero. Até que num gesto súbito, o pequeno levanta o bracinho; a mãozinha destaca um dedinho que aponta para algum lugar do céu estrelado. Os adultos que lá estão acompanham com o olhar e encontram... Uma majestosa estrela, que brilha além do terror da noite; Além do desconforto da alma; além da indiferença; além da fome; além da escuridão daquela Noite. Foi quando uma voz interrompeu o silencio e disse em alta voz: Hoje é Natal! Feliz Natal! Pouco a pouco os sorrisos brotaram nas fisionomias cansadas, seguidos de tímidos abraços que logo se transformaram em atitudes de carinho que renovaram a força e a esperança daqueles homens, mulheres e crianças que vislumbravam naquela Estrela a lembrança de que o Verdadeiro Natal independe da realidade.