Natal sem neve
Lá vai ele, ah, claro, quase esqueci de dizer a você, ele se chama Albert, desde sempre moramos nessa cidade quente, e a neve ao vivo nunca vimos.
Albert é meu amigo de infância, os pais deles são amigos dos meus de tempos antes de nós nascermos, e era lei de todo natal, um ano os pais dele faziam a ceia e no outro ano os meus, sempre foi assim.
Enquanto eles se divertiam na cozinha, comendo e conversando, eu e o Albert assistíamos desenhos natalinos que tinham neve e a gente ficava sonhando com o dia que iríamos ver toda aquela beleza e sentir aquele frio de perto, nosso maior desejo era montar o boneco de neve. Mesmo sem nada disso dávamos um jeito corríamos no guarda-roupas e pegávamos todas roupas de frio que raramente eram usadas, colocávamos os lençóis no chão e fingíamos que lá era a neve, lembro ainda de quando arrastávamos a árvore de natal e punha um lençol branco, pintávamos com piloto preto e no final da celebração, minha mãe e a mãe dele ficavam extremamente putas vendo o que iriam fazer pra remover todas aquelas manchas. Mas tudo ficava bem, a magia era curtir o natal com o que tinha em mãos, a arte de criar a felicidade.