A BELA VISÃO DAS CRIANÇAS
“Crianças enxergam tudo com outros olhos mesmo.” – pensava Lucas, enquanto passeava com seu filho Mateus pelas ruas iluminadas de luzes natalinas. Era o quarto Natal do garoto, mas o primeiro em que ele mostrava entender a festa, ou pelo menos parte de seu significado.
Lucas e sua esposa sempre explicaram que no Natal se comemora o nascimento do Menino Jesus e que isso era importante lembrar todos os anos. Os presentes era algo secundário. “E tem os presentes também, né papai?” – o pequeno dizia com os olhinhos brilhando. “Sim, meu filho. Mas não se esqueça do Menino Jesus!”.
No entanto, as ruas iluminadas por pontos coloridos muitas vezes não se lembram disso e ostentam grandes vitrines com os melhores brinquedos, atraindo a atenção de todos. Mateus observava tudo encantado e entre uma loja e outra, um velhinho de roupa vermelha chamou sua atenção.
- É ele, papai? O Papai Noel?
Lucas entrou na loja esperou pacientemente pela vez do filho falar com o bom velhinho. O comércio estava lotado, pessoas andando para lá e para cá com caixas e sacolas, enquanto as crianças falavam com Papai Noel.
- Olá, meu pequeno, sente-se aqui! – disse o velhinho, chamando Mateus para sentar em seu colo. – Qual o seu nome?
- Mateus. – disse o garoto, muito animado.
- Então, Mateus, você foi um bom garoto esse ano? Brigou com algum coleguinha?
O menino pôs a mão no queixo, pensando, e logo respondeu:
- O João pegou minha bola, aí bati nele. – disse, com os olhinhos tristes. – Ainda vou ganhar presente?
- Ho, Ho, Ho! Mas você não devia fazer isso, meu rapaz. Fizeram as pazes depois? Isso é importante.
- Sim, sim. – o menino disse animado, torcendo para não ficar sem presente. – Eu mandei uma cartinha pra você, quero uma bicicleta.
- Eu li. Ela chegou na minha oficina, lá no Polo Norte.
Mateus abriu um enorme sorriso e continuou a perguntar:
- O senhor faz que nem os Reis Magos, que entregaram presentes pra Jesus? – isso surpreendeu o senhor vestido de vermelho, que não esperava que uma criança soubesse do nascimento de Jesus e da visita dos Reis Magos.
- Faço sim. Por isso que só presenteio as boas pessoas, porque Jesus era bom. Pegue esse presente, - disse, entregando um saquinho de doces ao garoto. – e espere pela bicicleta na manhã de Natal! Ho! Ho! Ho!
Saindo dali, Lucas levou o garoto de volta para casa. Ele chegou eufórico, contando para a mãe que tinha visto o Papai Noel.
- Ele leu minha carta, mamãe! E vai trazer minha bicicleta!
- Que maravilha, filho! Agora vá lavar as mãos para jantar. – e voltando-se para o marido, disse: - Crianças são inocentes demais, acreditando nessas coisas. Gosto de ver os olhinhos dele brilhando.
- Eu também. – respondeu Lucas. – Acho válido um pouco de fantasia nessa idade. Ele tem que ser criança, mas sem esquecer o verdadeiro motivo dessa festa...