Natal Sem Brinquedos
A época natalina não me trás muito boas recordações. Lembro que em criança só tive três brinquedos industrializados: Um Pluto, que mexia as pernas e tinha uma cauda engraçada em forma de mola, com uma bolota na ponta; uma gaita de boca, que abri no mesmo dia para ver o que tinha dentro que fazia aquele som tão bonito, e um aeromodelo impulsionado por uma borracha, que no primeiro voo caiu num telhado e nunca mais o vi.
Com esta fama de destruidor, nunca mais ganhei um brinquedo. Nem devia me queixar disso, por que a partir dali comecei a construir meus próprios brinquedos, e olha que eram muito mais divertidos. De alguns ainda me lembro: Com duas tabuas e dois rolamentos velhos fazia um patinete que funcionava que era uma beleza; dois cabos de vassoura e pronto, eu já tinha duas pernas de pau. Depois vieram as pipas, que chamávamos de papagaios, as atiradeiras, feitas com tiras de borracha de pneus e um gancho de goiabeira, arco e flecha, jogo de botão e muitos outros.
O bom mesmo era quando as meias da minha tia tinham algum fio puxado e ela deixava de usá-las. Dalí saíam as inesquecíveis bolas de meia, que propiciavam horas e horas de inesquecíveis “peladas” na rua, com chuva ou com sol. E tudo sem gastar um centavo. Babem, crianças de hoje.