A menina e a roseira
- Betimartins-
Para lá das montanhas cobertas de neve, onde a águia repousava, o falcão voava, a coruja vigiava e o rouxinol cantava, existia uma grande clareira, muito solitária, apenas um casebre já muito velhinho, com uma chaminé sempre ativa. Dentro do casebre estava uma mulher magra, sofrida, cheia de magoa e de muita dor pelo abandono do seu marido.
De repente uma porta se abriu e dela saiu uma doce menina, chamada de Violeta, correndo para abraçar a sua querida mãezinha, deu aquele abraço muito apertado, limpando as lágrimas azedas de sua mãe.
Parecia um lindo anjo, sempre sorrindo, sempre alegre, correndo feliz, brincando entre os estranhos canteiros com restos de outrora um jardim. Sempre falava ao seu amigo que ninguém conhecia era invisível coisa de imaginação de uma criança sempre sozinha.
Violeta era repleta de amor pelos seus amiginhos da floresta, sempre os curava, abrigava e dava a pouca comida que por lá existia. Um dia o Inverno se foi, cheio de tristeza, chorando lágrimas de muita saudade pela sua querida Violeta, logo a Primavera chegou e logo abraçou a sua amiga.
Sorrindo ela lhe falou:
- Violeta, eu trago-te uma roseira para que tu a trates, a faças crescer e cuides bem dela.
A menina sorriu e logo partiu correndo feliz, saltando e cantando, até ao destino, avistou a sua casa e logo ela lhe falou:
- Roseirinha esta será a tua nova morada, ficaras a viver aqui comigo, queres tu escolher o teu canteiro?
A roseirinha feliz logo lhe diz:
- Sim amiguinha eu quero aquele canteiro na porta da entrada, só para ficar bem junto de ti.
Logo escavou carinhosamente a terra, sempre a respeitando e adubando, com as suas mãos de fada ela plantou a bela roseira. Os dias passavam, a roseira crescia, Violeta dançava sua mãe ainda chorava escondida pela casa e nas recordações de outra vida, outrora feliz.
Um dia a linda roseira chamou a sua amiga e quis saber a causa de tanta tristeza. Violeta logo contou que o seu pai as abandonou por uma vida melhor bem longe dali, lá muito longe, por detrás daquelas altas montanhas.
Então a roseirinha fez um pedido muito estranho a sua amiga Violeta e lhe diz:
- Violeta, tu confias em mim?
Violeta já com lágrimas caindo acena que sim.
- Eu preciso que me tragas uma lágrima de tua mãe sempre que ela chorar, Agora enxuga as tuas lágrimas nas minhas folhas e pede um desejo, como se fosse um pedido ao Menino Jesus, pois só um pedido eu posso vir a realizar.
Enxugou suas lágrimas nas folhas da roseirinha, logo ela se picou num grosso espinho e ficou a sangrar.
Nesse ato de amor uma gota de sangue caiu nas folhas da roseira e ela desejou que o seu pai voltasse para junto da família, só para ver a sua mãe voltar a sorrir.
A Roseirinha apenas lhe falou:
- Violeta, meu lindo anjo amigo, não existe nada que não exija sacrifício e muito amor. A partir de hoje colocarás uma rosa na cama do quarto de tua mãe e não esqueças as lágrimas que eu te pedi.
Violeta entrou em casa e viu a sua mãe a chorar e logo extraiu uma linda lágrima, correu e deitou em cima da folha da sua linda roseira. No dia seguinte, sua mãe acorda a menina, espantada, incrédula e lhe diz;
- Meu anjo vem comigo ver um milagre, depressa.
Calçou a menina e as duas foram até a saída de sua casa, a mãe chorando de alegria acena para a sua roseira e mostra-lhe como ela estava cheia de lindas rosas vermelhas e muito perfumadas.
Violeta segreda ao ouvido da mãe:
- Mãezinha foram as tuas lágrimas e todas as vezes que tu chorares, por favor, traz aqui uma lágrima tua, prometes?
A mãe prometeu sempre que chorava ela colhia uma lágrima e a levava a roseirinha. E a linda Violeta colhia uma rosa vermelha e levava todos os dias a cama de sua mãe.
Passaram dias, passaram semanas, passaram meses e a roseira nunca secava, todos os dias ela florescia ainda mais bela.
Um dia a Violeta curiosa perguntou-lhe nas suas longas conversas:
- Roseirinha porque é que tu nunca deixas de ter rosas sempre frescas e novas, o Inverno esta chegando e nunca tive rosas no inverno.
- A Roseira, falou triste:
Está chegando a hora de eu partir, mas quanto as rosas frescas é o coração de tua mãe que está ficando curado, Ela já quase que não chora, já canta pela casa e já tem esperança dentro de si, por isso está a ficar curada.
Violeta estava feliz pela sua mãe, mas muito triste pela sua amiga. Rolou uma lágrima sobre a Roseira e logo ela lhe falou:
- Ai, minha linda amiguinha, sabe que eu vou partir mais cedo, por isso não chores quando eu me for, pois por amor tu te choras-te e picaste o teu lindo rosto, a gota de sangue, me deu uma nova vida, o teu amor me alimentou e logo chegará o teu pedido feito com o coração.
Caíram tempestades, depois veio à neve chegou, mas a roseira sempre florescia. Assim o Inverno chegou feliz ele abraçou a sua linda amiga.
O Natal chegou e um estranho bateu na porta, assustada a mãe correu e logo perguntou:
- Quem está ai?
Um homem respondeu:
- Sou eu, abre a porta que morro de tantas saudades de vós.
As lagrimas corriam, mas agora eram lágrimas de felicidade, a menina correu para ver a sua roseira e logo a viu que ela estava morrendo.
Prometeu não chorar, triste ela abraçou a sua roseira,
A roseira despede e logo ela partiu.
Violeta voltou para beira do pai.
Feliz ele a pega no colo dizendo:
- Violeta como tu estás grande, mas vejo que estás triste por eu voltar para ti.
Violeta abraçou o pai e apenas lhe diz:
- Não pai eu estou muito feliz, entendi que para ter umas coisas das quais amamos deveremos desprender de outras, eu te escolhi a ti.
A mãe entendeu e feliz abraçou o seu marido e a sua menina. Agora é Natal, pensou ela com a família unida.
Quando foram dormir as camas estavam cheias de lindas rosas vermelhas frescas e acabadas de colher eram as rosas do amor.
O milagre do amor sempre acontece no Natal.
27 de Novembro de 2012
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