O PRESENTE DO MENINO
Celso ouvia com atenção os comentários dos colegas sobre os esperados presentes de Natal. Ainda faltavam alguns dias para a data, mas ele tinha consciência que aquele seria um Natal diferente. O pai, Rodrigo, estava desempregado e a mãe, Djanira, literalmente “Segurava a onda” no sustento da casa. Uma conversa em família descortinou a realidade. Porém, ninguém avisou ao sistema e os planos dos outros continuavam, assim como naquela escola, onde os alunos viviam as preocupações das últimas provas do ano letivo.
De repente, Amanda olhou para Celso e perguntou: “E você Celsinho, o que vai ganhar”. O menino, surpreso com a pergunta e diante dos muitos olhares, respondeu: “Um beijo e um abraço dos meus pais”, a resposta provocou sonoras gargalhadas. Celso sorriu sem graça e depois ficou em silencio, envergonhado com a situação.
Ao final da aula, caminhando lentamente para o portão de saída, ouviu o chamado de uma voz familiar: “Celso! Espera um pouco”, era Toninho, um companheiro de turma. Ele se aproximou e disse: “Pôxa cara, sua resposta mexeu muito comigo. Vou ganhar um presentão, mas dificilmente vou ganhar um abraço do meu pai. Ele vive longe da gente e eu sinto muito a falta dele. Trocaria qualquer coisa por um abraço do meu pai. Sinto saudades” disse, limpando dos olhos uma lágrima teimosa. Em silencio Toninho abraçou Celso e depois saiu em disparada. Naquele momento, Celso descobriu que existem presentes que o dinheiro não pode comprar. E assim viveu, o seu Feliz Natal.