O Catador dos Sonhos
O Catador dos Sonhos
Por Beti Martins
Era um velhinho simpático, vestes rotas, limpas e uns sapatos gastos na sola do pé, seu rosto era agradável inspirava confiança a quem o olhava, seus olhos azuis eram brilhantes da cor do céu e seu sorriso farto e iluminado, dono de uma espessa barba branca, comprida e seus cabelos fartos e desalinhados, dava a fisionomia do Pai Natal apenas a barriga era magra e seu corpo pequeno.
Seu destino era caminhar por esse mundão fora, todos os seus pertences são apenas uma mula, o cachorro sarnento, chamado Pintas, pois era cheio de bolinhas brancas no seu corpo preto e a sua carroça, nada tinha mais nesta vida.
- Oh! Pintas nós vamos parar aqui para descansar, amigão a Julieta precisa de descansar também e já estamos com fome ou não?
Diz o Catador de sonhos, era assim que ele se apresentava sempre as pessoas acho que nem o Pintas sabia seu nome.
O cachorro Pintas, o cão sarnento, contente lá, abana a sua cauda, comida já era hora sim. Julieta a mula já era velha e estava cansada, mas era muito amada pelo seu dono que nunca a esforçava mais do que podia.
O catador de sonhos apanhou lenha, foi buscar água, preparou seu jantar e claro a sua cama e dos seus amigos, arrumou a sua carroça e foi dormir depois de sua refeição agradecida a Deus.
Ainda não amanheceu e já estavam a caminho da cidade para lá das montanhas, logo ele chega a um pequeno vilarejo, simpático e cheio de crianças brincando no pátio da igreja e no pequeno jardim.
As crianças correram para O Catador de Sonhos, exclamavam:
- Oh! Senhor será que podemos brincar com o cão? Que trazes ai na tua carroça velha são trastes velhos e para o lixo?
Algumas crianças começaram a rir sem parar, o Catador de sonhos, sorriu e amavelmente falou com a sua voz doce.
- Não meus meninos eu trago-vos os sonhos, estão aqui bem escondidos.
Um menino sardento e com cara de rufia, o que devia ser o mais espertinho do grupo, exclama:
- Oh, velho cá para mim és dos que engana trouxas, tu pareces o pai natal, mas eu já não acredito nele, ouviste!
O Catador sorriu e os chamou:
- Querem vir me ajudar a descarregar a carroça?
-Queremos sim.
Gritam as crianças ao mesmo tempo. Aquela curiosidade mórbida de ver o que ele tinha na carroça era demais. Correram todos para junto do Catador, estranho espreitaram a carroça e parece nada ter de especial
Da carroça apenas tiraram sete sacos velhos e quase vazios, o rufia exclama, fazendo-se de espertinho:
- Oh, velhote parece que tu nem sonhos tendes aqui, pois os sacos nada pesam, estou errado?
O Catador pediu muita calma, pediu que colocassem os sacos a sua frente, suplicou que todos se sentassem a sua volta e ao mandou contar os sacos. Eles contaram um deles exclama:
- E agora que fazemos com eles?
O Catador explicou:
- Calma, por favor, aqui cada saco representa os sonhos de um continente, vou lhes explicar os continentes são sete, America do Norte, America do Sul, Africa, Asia, Europa, Oceania e Antártica
Os meninos ficaram calados e mudos. Curiosos eles ficam atentos ao Catador, olhos brilhantes e atentos a tudo.
O Catador de sonhos fala:
- Tu ai? Tem o saco do Continente da Europa, exatamente o teu continente. O abre e tira dele um sonho.
O rufia estava relutante, mas lá fez a vontade do velhote, abriu e tirou dele uma carta.
O Catador dos Sonhos o manda ler essa carta
- Por favor, leia essa carta do princípio ao fim.
O menino lá a começou a ler:
Querido pai
Tu não sabes, mas a minha mãe foi para o céu, acho que foi a tua procura, pois ela sempre dizia que tu eras o anjo dela, eu não sei, mas todos choravam por ela, dizem que ela não volta mais e é mentira, pois à noite eu acordo e ela lá esta na cabeceira a olhar-me, o seu rosto é lindo e ela parece um anjo cheio de luz. Ela me manda calar e pede segredo, mas a ti eu não posso esconder meu segredo, já tenho seis anos e aprendi a escrever e a minha avó é muito minha amiga, ela chora muito e a vejo a olhar as fotos da minha mãe.
Olha pai, eu não peço presentes ao Pai Natal não apenas eu tenho um lindo sonho, um dia eu poder te conhecer e poder abraçar-te para eu sentir como é ter um pai do meu lado.
Sabes a mãe falava de ti com tanto amor, foste para a guerra e foste dado como desaparecido, nunca souberam do teu corpo, mas a mãe não agüentou de saudades e quis ir te procurar ao lado dos anjos. Um dia eu vou te encontrar.
Do rosto do menino as lagrimas corriam sem parar, sufocado ele pergunta:
-Velhote como é que tu tens esta carta? Faz tantos anos, mas ainda me lembro como se fosse hoje.
Sorrindo o Catador dos sonhos, fala:
- Julio é o teu nome não é? Eu tenho essa carta desde que a escreveste e vou te realizar teu sonho, espera até amanha e depois me dirás. Agora é horas de todos irem para as suas casas, vossas mães e avós estão preocupadas convosco.
Todos sorriram pasmos, obedecendo ao velhote ele era um tipo de mágico e estavam sem saber o que pensar.
Aquela noite foi bastante longa, o Júlio queria que o dia viesse rápido, tomou seu café da manha e correu para junto do velhote. Respirou fundo e o procura e não o vê fica inquieto demais, ele embora não foi e esta aqui a mula, a carroça e o Pintas.
Olha para a entrada da igreja e vê a sua porta aberta, pensou vou rezar pela mãe e pelo eu pai. Entrou dentro dela e lá estava o velhote ali, ajoelhado e rezando. Júlio se ajoelha e reza calmamente, vê o velhote levantar e passar por si, colocando a sua mão no cabelo e dizendo baixinho:
- Anda são horas de vires comigo até a praça.
Estendo a sua mão a mãos dele e juntos saem da igreja. Júlio sentia o coração bater acelerado demais, que iria acontecer ali.
Os dois se sentam no banco e olham a estrada, logo chega um grande autocarro cheio de gente, ele para e dele sai um homem com um grande saco as costas.
Desce do autocarro e olha para todos os lados, aproximasse dos dois e pergunta:
- Por acaso o senhor conhece um menino chamado Júlio? Ele só tem doze anos, é órfão de mãe que lhe morreu aos quatro anos. Podem me ajudar?
O Júlio começa a soluçar, sem parar, o catador dos sonhos se levanta e responde:
- Conheço sim, ele esta aqui comigo, este é o seu filho.
Incrédulo ele abraça o menino, chorando os dois, sem parar.
Enquanto isso o catador dos sonhos sobe para a sua carroça e dá ordem a Julieta para ir em frente. O menino olha para ele e diz:
- Obrigado meu amigo, obrigado, agora eu acredito em sonhos e no Pai Natal.
O Catador dos Sonhos acena feliz e segue a sua viagem para novos sonhos poder vir a realizar.