O TRATOR - um conto de Natal
O TRATOR
Maria Luiza Bonini
Aproximava-se o Natal e naquele lugar de desesperança, um menino sonhava com um brinquedo.
Para tanto, escreve sua cartinha ao generoso velhinho com o seu pedido, na certeza de que, por ser estudioso e comportado, seria atendido.
Juquinha caminhou muito, desde o lugarejo pobre onde morava , até o posto onde depositou sua doce missiva, pleiteando um trator.
Muito feliz por ter conseguido a difícil etapa, volta para casa, à espera de que seu sonho se realize.
Passam-se os dias e a data prevista para receber seu presente está próxima.
Dentro do casebre, onde vivia com sua carente e numerosa família, é tomado por uma grande ansiedade.
Existem muitas crianças desesperançadas trazendo, estampadas nos rostos, as marcas da dor e da indiferença.
Para a alegria de todos, é anunciada a chegada do trator.
As crianças, eufóricas, saem de suas casas, para presenciarem a chegada do tão almejado pedido de Juquinha.
O trator chega de forma imponente e de grandes proporções fazendo com que todos pasmem, pela eficiência exagerada de Papai Noel.
Vem dirigido por um homem que não tinha barba branca e nem a roupa vermelha, como esperavam.
Trata-se um cumpridor de ordens, frio e indiferente.
Anuncia que irá derrubar todas as casas.
Sem poderem esboçar qualquer reação, em questão de poucas horas, tudo vai ao chão.
O menino, sua família e todas as crianças, perdem o único teto para morar.
Em prantos, sentindo-se culpado, o menino franzino, pede perdão.
Tentando justificar, cabisbaixo, murmura baixinho
_ Papai Noel se confundiu com o meu pedido.
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São Paulo/Brasil
dezembro de 2011