FOLHAS DE DEZEMBRO - DECISÃO

"Já faz tanto tempo e ainda sinto o coração apertar quando te vejo" Assim Verônica começou a escrever. Parou e pensou em tudo o que viveu. O passado de repente assaltava o presente. Com amargura vivia as lembranças da traição de Vera, uma amiga de infância. Os olhos reagem com lágrimas diante das recordações. Um beijo. Um beijo da "amiga" em Beto, então noivo de Verônica. A briga; O rompimento; a noticia que os dois se casariam em breve e a depressão que consumiu anos de sua vida.

Agora, dez anos depois, naquele mês de dezembro, reencontrou Vera. Ela voltou. Dizem que pra ficar. As duas só se olharam rapidamente. Depois soubera que a "visita" deu-se depois de uma turbulenta separação. Sem saber o que fazer diante da emoção, Verônica tentou desabafar escrevendo.

"O que é o perdão?" continuou... "Como se perdoa uma pessoa? Sinceramente... Não sei". Sentia-se confusa. Abalada.

De repente, levantou-se e passou a andar em direção a rua. Foi até a esquina e seguiu o contorno do largo. Parou em frente a conhecida casa pintada de verde e chamou "Vera". Viu quando um vulto surgiu acompanhado de outros. Em meio ao escuro daquela tarde, reconheceu o rosto preocupado, meio que sem entender. Verônica foi até Vera e sem nada dizer, a abraçou. Ficou assim por um tempo. Depois, ainda em silêncio, passou as mãos no rosto molhado da "amiga" virou-se e se foi. Sem palavras. Sem explicações. Só com o perdão.