FOLHAS DE DEZEMBRO - SIMEÃO
"Me sinto velho. Meu corpo sente o efeito do tempo. Porém cá estou na esperança de ver o seu rosto". Foi com esta oração que Simeão chegou a porta do Templo de Jerusalém para mais um dia de prontidão.
Sua Esperança, tinha base um pedido feito em oração ao Deus de Israel... "Por favor, Não despeças seu filho sem que ele veja o Salvador". Foi a partir deste dia que todas as manhãs se dirigia à entrada do Templo e lá aguardava.
Observava com atenção cada rosto, cada gesto e cada ação. Pouco descansava, pouco comia, pouco se alegrava, mas insistia em movimentar a fé de ver o Rosto do Messias prometido. Assim foi por anos.
Porém, naquele dia, Simeão sonhara com um Coral de anjos. Acordou naquela manhã com lágrimas nos olhos e apesar do "peso" da idade, não se permitiu acomodar e foi, mais uma, vez alimentando a esperança em Fé.
Caminhou com dificuldades até o local onde sentava e esperava.
O vai e vem das pessoas era o mesmo de todos os outros dias, mas, naquele dia, algo diferente pairava no ar. Foi quando, mesmo com dificuldades, viu quando um casal surgiu na larga estrada que conduzia a entrada da construção. Estranhamente, sentiu o velho coração bater mais forte a medida em que o casal se aproximava. Lágrimas brotaram dos olhos cansados quando se viu frente a frente com um homem, uma mulher e uma criança. Sorriu para o homem e pediu: "Posso ver a criança?"; O homem olhou diretamente para o ancião e disse um "sim" com a cabeça; a mulher então descobriu o pequeno que repousava num cesto. Ao contemplar o menino, Simeão ergueu as mãos para o céu e disse: "Podes agora, despedir teu servo em paz, hoje vi o rosto do Salvador".
Enquanto isso, a multidão continuava com seu rito de entrar e sair do templo, ignorando que Deus era visto, tocado e adorado pelos que, como Simeão, abrem o coração para a figura simples de uma criança.