LUZ DO NATAL
Quem notaria em meio as comemorações de Natal, um choro solitário naquele conjunto de apartamentos da Zona Norte carioca?
Pois é, mas a realidade da vida tem suas faces, e o que ninguém notava é que, além dos barulhos de alegria da maioria, havia o soluçar de alguém.
Um choro de uma vida. Jussara. Uma mulher que sofria. Uma mãe que chorava.
A musica em alto som, se misturava as conversas que se reproduziam em gritos e gargalhadas, enquanto naquele pequeno conjugado, Jussara chorava a agonia da morte do filho, Juan. O esposo, Vitorino, ainda estava internado. O choque da perda repentina do filho, afetou o coração. Afinal, o menino Juan, não resistiu aos ferimentos do choque causado por um Blazer dirigido por alguém em estado de embriaguez.
O fato comoveu os parentes e vizinhos, porém o tempo passou e a vida também e aquele era o primeiro Natal sem o filho.
Imagine comigo a cena: Jussara sentada no sofá, abraçada a blusinha de Juan, num choro compulsivo de mãe que sente a vida se esvair num pensamento único de culpa.
O que fazer? Quem pode responder com verdade?
De repente, algo conseguiu desviar a atenção. Além da janela, o manto negro da noite era sutilmente alterado pelo brilho singelo de uma estrela. Jussara fixou o olhar naquela luz fugaz que enfeitava a densa escuridão. Por um momento, sentiu algo além. Num instante percebeu que aquela estrela, na verdade, já não era. Porém seu brilho insistia. E por mais negra que fosse a noite, sua luz era notada. "Meu Deus, a morte não é o fim" falou em meio as lágrimas.
Voltou a abraçar a blusa, mas desta vez com a esperança que o motivo do Natal estava além das comemorações e que a morte não prevaleceria para sempre!
À todas as Jussaras, FELIZ NATAL!