LEMBRANÇAS DE UM LONGINQUO DEZEMBRO

Quando chega dezembro, uma alegria contagiante se faz presente na grande maioria das pessoas.

E, me faz recordar um dezembro que já vai longe na minha memória e guardada viva dentro do meu coração.

Vivíamos, eu, papai e mamãe em uma modesta casa.

Não havia televisão, pois era artigo de alto luxo na época.

Apenas possuíamos um rádio movido a válvulas, onde sagradamente, toda noite, meu pai ouvia “A Voz do Brasil”.

Foi por intermédio dele também que vibramos a conquista do tricampeonato de futebol pelo Brasil em 1970.

Lembro-me muito bem que, quando saia com minha mãe, várias casas estavam enfeitadas com luminosos que lembravam a chegada do Natal.

Tinha alguns amigos mais abastados que, dentro de suas casas, havia uma linda árvore de natal, divinamente enfeitada e colorida.

Hoje, na minha casa, árvore iluminada tem.

Naquela época não.

Enfeites por toda casa hoje tem.

Naquela época não.

Guirlanda colorida na porta de entrada hoje tem.

Naquela época não.

Hoje, em casa, quem comanda a montagem da árvore de natal acompanhada por toda família, é minha esposa.

É uma farra só.

E, voltando àquele Natal perguntei para minha mãe se não iríamos comprar uma árvore para enfeitar e também colocar luzes coloridas.

Ela disse-me que, uma muito mais bonita e radiante iria aparecer em casa no domingo pela manhã.

Vibrei!

Como?

Uma mais bonita do que aquelas que eu via na casa dos amigos?

Então, em uma manhã nublada de dezembro, papai e mamãe levantaram-se.

Foram até o quintal da casa.

Lá havia uma grande goiabeira, de onde mamãe fazia uma deliciosa goiabada caseira.

Meu pai cortou um grande galho dela e tirou todas as suas folhas.

Depois, pintou-a com tinta prateada.

Um grande vaso redondo também foi pintado.

Mamãe envolveu toda goiabeira com algodão.

Como de um conto de fadas, surgiu ela com uma caixa grande onde tinha vários enfeites. Bolas grandes, pequenas e médias. Papais Noel em miniatura também apareceram.

Depois, o grande final!

Surgiu outra caixa onde estavam as luzes multicoloridas, que depois vim saber que era de uma tia mais abastada. Ela resolveu naquele ano comprar luz nova, doando então para mamãe as antigas.

Quando tudo estava pronto veio o grande momento.

O ascender das luzes.

Aquilo me marcou profundamente.

Hoje passado tantos anos depois daquele dezembro, ainda guardo na lembrança viva do meu coração a eterna magia de uma criança que cresceu, venceu, mas apanhou muito da vida. E as surras que a vida me deu, tenho certeza que foram para meu aperfeiçoamento moral, ético e espiritual.

Saudades de você mamãe.

Saudades de você papai.

Desejo a todos um Feliz e Santo Natal, acompanhado de um venturoso ano de 2024, com a missão ímpar de não desistir, jamais, pois enquanto vivo estivermos temos a certeza de que nossos sonhos também estarão.

Estejamos em sintonia plena com o Criador, energia universal, fonte inesgotável de amor e bondade.

Mendes Neto
Enviado por Mendes Neto em 14/12/2010
Reeditado em 22/11/2023
Código do texto: T2671094
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