Simples coincidência...
Coincidência que a vida nos proporciona...
Eu estava ‘de passagem’ por um local desconhecido quando me chamou a atenção uma criança que me pareceu ‘petrificada’ olhando atentamente para uma edificação à sua frente.
Algo aguçou minha curiosidade e embora não ser muito dado a este tipo de atitude, sem ser notado, aproximei-me o suficiente para verificar o que prendia tanto a atenção daquele pequenino ser.
Pude observar que se tratava de uma bem montada ‘pet shop’, muito bem montada e que, no interior de seu ‘design’ envidraçado havia vários animaizinhos em exposição, sendo que alguns cachorrinhos, aos pares, entabulavam brincadeiras, o que animava bastante o ‘habitat’. Por outro lado, outros optavam por ressonar placidamente em cantos onde não pudessem ser molestados pelos ‘brincalhões’ e, uma pequena parcela ‘degustava’ apetitosas rações estrategicamente colocadas em utensílios apropriados.
Fiquei por alguns minutos observando aquela ‘caliente cena’ até que, um ‘sexto sentido’ fez com que meu olhar seguisse a direção do olhar daquele atento observador.
Inicialmente observei que o olhar estava fixo nos cachorrinhos que degustavam ração, à revelia da ‘bagunça’ proporcionada por aqueles que prosseguiam com seu corre-corre. Porém, com o passar do tempo, fui observando que o olhar da criança continuava ‘petrificado’ naquele utensílio que comportava o ‘deguste’ dos animaizinhos.
Aí, desviei meu olhar que seguia aquele olhar para a face do olhar e vi um semblante franzino, com olhos marejados e um ar de tremendo sofrimento!
Eu, como incorrigível ‘chorão’ e considerando a proximidade de uma festa cristã que enaltece o nascimento daquele que representa a passagem pela terra, enviado que foi por nosso Ente Maior para possibilitar a salvação daqueles que N’ele crêem, me aproximei do pequeno, coloquei suavemente minha mão sobre seu ‘mirrado’ ombrinho, e com voz embargada por súbita emoção, balbuciei:
--- Está gostando dos animaizinhos?
Sem demonstrar qualquer susto, o pequenino não desviou seu ‘focado olhar’ e exclamou:
--- Sabe tio? Eu queria muito ser um cachorrinho desses que estão aí esperando para ser comprado... eu não estaria brincando, eu não estaria dormindo lá no cantinho, eu estaria comendo bastante daquela ração! Meu pai está doente, na cama... minha mãe não pode sair de casa para trabalhar, pois fica cuidando do meu pai e dos meus irmãozinhos. Eu saio de casa para pedir e nem sempre consigo alguma coisa. Hoje, não comi nada e, se conseguisse me transformar em um cachorrinho, comeria bastante ração, ficaria forte e poderia continuar pedindo até arrumar algum dinheiro para comprar algum alimento para levar para minha mãe, meus irmãozinhos e meu pai!
Após ouvir isso, com lágrimas abundantes que não fiz questão nenhuma em conter, lembrei-me de um escrito postado recentemente por uma caríssima Amiga aqui do nosso RL, no qual ela, extremamente solidária e lutadora em prol dos animaizinhos que são abandonados à sua própria sorte por toda parte, agradece e conclama outros abnegados em auxiliar e propiciar condições para que haja um tratamento digno para estes ‘rejeitados’ seres viventes!
Sou o fã numero um (a trato como minha ‘musa’...) dessa nossa Amiga solidária aqui do nosso recanto, e, sem o mesmo carisma, o mesmo know-how que ela tem em prol do ‘longo tempo’ que se dedica ao trabalho de auxilio aos animaizinhos, conclamo, na medida do possível, que tudo façamos para, mesmo que sendo somente para casos fortuitos como esse com o qual fui ‘presenteado’, tentemos minimizar os sofrimentos e as agruras desses, também seres viventes, que por coincidência desse nosso inverossímil mundo, são também de nossa raça e nossos irmãos!