Era um vai e vem de pessoas que transitavam rapidamente, final de tarde e podia-se dizer que nesse dia nevava expectativas de felicidades, e de esperança.
Um típico 24 de dezembro, véspera de natal.
Noite mágica, onde cada um tem a chance de demonstrar seu carinho presenteando a todos, forma de expressar amor e estima, espírito de confraternização em que a festa pertence à família.
. As pessoas faziam suas compras no pequeno comercio local, aproveitando as ultimas horas para compra de presentes. A rua fervilhava de gente, a quantidade de pessoas era tanta querendo comprar de ultima hora que impedia que as lojas fossem fechadas, para a alegria dos comerciantes e para os desesperos dos vendedores, que queriam sair mais cedo.
O transito infernal misturava o barulho de buzinas ao cheiro forte de monóxido de carbono, o congestionamento se fazendo presente no sinal da praça, o pequeno supermercado abarrotado de gente, - os atrasados que sempre deixam as compras para as ultimas hora.
A energia da alegria contagiava e se via nos semblantes de felicidade das pessoas que cruzavam meu caminho, com sacolas de compras, e num burburinho de conversas e gargalhadas. Os bares lotados, com o calor abrasador daquele dia de verão, excelente convite para uma cerveja geladinha, todos comemorando a chegada do natal.
A algazarra das crianças na pequena praça era ensurdecedora, elas pulavam, brincavam se balançando nos pequenos balanços, corriam de um lado para o outro a alegria delas enchia o ar de felicidade, em cada rostinho via a expectativa da chegada do papai Noel. .
. Naquele dia trabalhei até as 18.00h, estávamos no horário de verão e o sol fazia seu espetáculo à parte. Trabalhava no comercio em uma loja no campo de São Cristovão um bairro tipicamente operário, que fica perto do centro da cidade.
Sair da loja às pressas, pois, estava de viagem marcada pra Campos uma cidade do Rio de Janeiro, teria que terminar de arrumar minha mala e embrulhar meus presentes, como trabalhava em comercio também deixei pra fazer minhas compras de ultima hora.
Eu e minha tia passaríamos a noite do dia 24 viajando, no dia seguinte participaria do batizado de minha sobrinha, e só então comemoraríamos o natal com os familiares presentes.
Aproveitei a oportunidade para uma nova experiência que aguardava com expectativa esse dia, pois, nunca tinha viajado de trem, e essa seria minha primeira viagem.
Cheguei ao apartamento por volta das 19.00h, cansada, terminei de embrulhar os presentes que havia comprado para meus primos e minha tia, tomei um banho e troquei de roupa para a ceia; faríamos a ceia antecipada pois, passaríamos a meia noite viajando, o trem sairia as 23.00h, e a viagem se estenderia noite a fora.
Como a estação ficava perto de casa, deixamos para sair quando estivesse próximo ao horário de partida.
Realizamos nossa confraternização, ceamos e perto de irmos para a estação da Leopoldina chamamos um taxi. Ai começou a confusão. Não tinha um taxi disponível, nos esquecemos que na noite de natal a maioria das pessoas está se preparando para cear em família; - foi um descuido de nossa parte.
Resolvemos ir assim mesmo, - quem sabe com um pouco de sorte nos encontraríamos um disponível na rua? - Estávamos a contar com a sorte.
Para nosso desespero não passava nenhum taxi, a hora passando e nada, na altura dos acontecimentos já passava das 22.30h, a rua que morávamos tinha um declive eu carregando as duas malas, minha tia já de idade não podia carregar peso, ficando encarregada dos presentes e assim caminhamos em direção a estação da Leopoldina, com sorte alcançaríamos a estação a tempo.
- Que nada! A rua já deserta e por mais que andássemos seria praticamente impossível chegar a tempo; foi quando de repente vimos um carro (Kombi) vindo em nossa direção, não contei ate três, fiz final com meu dedo polegar, - o típico de pedido de carona- e por sorte o motorista parou. Expliquei nosso dilema e ele comovido resolveu nos ajudar. – Que alivio! Chegamos à estação a tempo!
Dirigimo-nos para a bilheteria apresentamos nossos tickets, um senhor nos acompanhou até a cabine – já que seria minha primeira vez, fiz questão de viajar numa cabine, com direito a toalete, cama, e tudo mais – acomodamos nossas bagagens, aliviadas.
Consultei o relógio e vi que faltavam 10 minutos para as 23.00h. Olhei para fora e vi que o bar da estação estava aberto e resolvi comprar cigarro e tomar uma água. Chegando ao bar fiz meu pedido e enquanto esperava ouvir uma voz atrás de mim
– Oi, tudo bem? – quando me voltei vi um rapaz bonito, alto, tez morena, uma cabeleira farta, um sorriso maravilhoso... –Pronto meu presente de papai Noel, pensei.
- Você vai viajar? – perguntou o rapaz.
- Sim vou para Campos- E você? Perguntei querendo na verdade ouvir que ele também viajaria naquele trem- tudo que queria ouvir ele falou, para minha alegria.
- Vou, tenho que estar com minha família, amanhã...
- Que coincidência, eu tenho que estar com minha família também, e é minha estréia de trem- falei rindo, sequer sabia se isso interessaria ao rapaz...
-Você aceita um copo de cerveja? – perguntou o rapaz, sorrindo e com o copo estendido na minha direção.
Eu não querendo fazer desfeita aceitei, mas olhei pra meu relógio dizendo – Olha, estamos em cima da hora, logo o trem parte – Falei pegando o copo com a cerveja que o lindo moço me oferecia, e agradeci.
- Um Brinde – disse o rapaz – Um brinde a coincidência de estarmos viajando pela primeira vez de trem juntos, e pela noite de natal- Feliz natal! – disse piscando o olho.
Toquei no copo dele com o meu dizendo - Feliz Natal!
- Que homem! – eu no meu interior me exultei por estar brindando o meu natal com aquele homenzarrão- Tudo de bom! – pensei – ainda bem que pensamento é inviolável – continuava pensando.
Ao primeiro gole de cerveja, ouvimos o apito do trem.
Eu na minha santa ignorância pensei ser o primeiro sinal, que seriam dados três apitos, na verdade nem sei de onde tirei essa idéia- pois, nunca tinha viajado de trem.
Quando olhei em direção a plataforma o trem tava partindo- não contei ate três, sair em disparada, o rapaz me seguiu, ele conseguiu alcançar o trem, tentei subir, mas o espaço entre a plataforma e o trem era alto, não consegui alcançar, ele estendeu a mão para eu segurar, mas, minha mão escapuliu, a velocidade do trem aumentou e não foi possível ele me puxar.
Parei e fiquei ali vendo o trem indo embora, na hora só pensei em minha tia, ela dentro da cabine certa que eu estava no vagão do restaurante...
Não restava mais nada a fazer. Um senhor se aproximou e disse que a solução seria eu pegar um taxi e ir para a próxima estação – Que taxi? Se não tinha nenhum na rua naquela hora.
Vi o trem partindo levando minha mala, minha tia e minha expectativa de uma primeira viagem.
- A solução é voltar para casa- falei para o senhor, que gentilmente tentou me ajudar.
Dei meia volta, e quando me preparava para ir embora o homem que havia falado comigo disse: moça olha o trem parou...
Sair correndo, realmente tava certa- pensei - o trem só tinha se afastado um pouco.
Já sem fôlego me aproximei do vagão, o rapaz estava a minha espera de mão estendida, ele me puxou para dentro, rindo e ofegante desabafei- Que sorte o trem parou!
- O rapaz num belo sorriso respondeu- Com a minha ajuda...
- Você pediu? – perguntei ainda rindo.
- Não. Puxei o freio de emergência...
O auxiliar de maquinista se aproximou da gente com um ar aborrecido, disse que a atitude do rapaz era contra o regulamento, que só ele poderia fazer aquilo e que, aquela atitude faria que o horário de chegada do trem atrasasse. Pedir desculpas e explicamos o ocorrido, para nosso alivio não teve maiores conseqüências.
Realmente o trem atrasou, mas, a experiência da minha primeira viagem foi inusitada, passamos a noite de natal rindo muito da situação que enfrentamos.
Não dá pra esquecer uma noite desta! O rapaz? Nunca mais vi...
Feliz Natal!
Um típico 24 de dezembro, véspera de natal.
Noite mágica, onde cada um tem a chance de demonstrar seu carinho presenteando a todos, forma de expressar amor e estima, espírito de confraternização em que a festa pertence à família.
. As pessoas faziam suas compras no pequeno comercio local, aproveitando as ultimas horas para compra de presentes. A rua fervilhava de gente, a quantidade de pessoas era tanta querendo comprar de ultima hora que impedia que as lojas fossem fechadas, para a alegria dos comerciantes e para os desesperos dos vendedores, que queriam sair mais cedo.
O transito infernal misturava o barulho de buzinas ao cheiro forte de monóxido de carbono, o congestionamento se fazendo presente no sinal da praça, o pequeno supermercado abarrotado de gente, - os atrasados que sempre deixam as compras para as ultimas hora.
A energia da alegria contagiava e se via nos semblantes de felicidade das pessoas que cruzavam meu caminho, com sacolas de compras, e num burburinho de conversas e gargalhadas. Os bares lotados, com o calor abrasador daquele dia de verão, excelente convite para uma cerveja geladinha, todos comemorando a chegada do natal.
A algazarra das crianças na pequena praça era ensurdecedora, elas pulavam, brincavam se balançando nos pequenos balanços, corriam de um lado para o outro a alegria delas enchia o ar de felicidade, em cada rostinho via a expectativa da chegada do papai Noel. .
. Naquele dia trabalhei até as 18.00h, estávamos no horário de verão e o sol fazia seu espetáculo à parte. Trabalhava no comercio em uma loja no campo de São Cristovão um bairro tipicamente operário, que fica perto do centro da cidade.
Sair da loja às pressas, pois, estava de viagem marcada pra Campos uma cidade do Rio de Janeiro, teria que terminar de arrumar minha mala e embrulhar meus presentes, como trabalhava em comercio também deixei pra fazer minhas compras de ultima hora.
Eu e minha tia passaríamos a noite do dia 24 viajando, no dia seguinte participaria do batizado de minha sobrinha, e só então comemoraríamos o natal com os familiares presentes.
Aproveitei a oportunidade para uma nova experiência que aguardava com expectativa esse dia, pois, nunca tinha viajado de trem, e essa seria minha primeira viagem.
Cheguei ao apartamento por volta das 19.00h, cansada, terminei de embrulhar os presentes que havia comprado para meus primos e minha tia, tomei um banho e troquei de roupa para a ceia; faríamos a ceia antecipada pois, passaríamos a meia noite viajando, o trem sairia as 23.00h, e a viagem se estenderia noite a fora.
Como a estação ficava perto de casa, deixamos para sair quando estivesse próximo ao horário de partida.
Realizamos nossa confraternização, ceamos e perto de irmos para a estação da Leopoldina chamamos um taxi. Ai começou a confusão. Não tinha um taxi disponível, nos esquecemos que na noite de natal a maioria das pessoas está se preparando para cear em família; - foi um descuido de nossa parte.
Resolvemos ir assim mesmo, - quem sabe com um pouco de sorte nos encontraríamos um disponível na rua? - Estávamos a contar com a sorte.
Para nosso desespero não passava nenhum taxi, a hora passando e nada, na altura dos acontecimentos já passava das 22.30h, a rua que morávamos tinha um declive eu carregando as duas malas, minha tia já de idade não podia carregar peso, ficando encarregada dos presentes e assim caminhamos em direção a estação da Leopoldina, com sorte alcançaríamos a estação a tempo.
- Que nada! A rua já deserta e por mais que andássemos seria praticamente impossível chegar a tempo; foi quando de repente vimos um carro (Kombi) vindo em nossa direção, não contei ate três, fiz final com meu dedo polegar, - o típico de pedido de carona- e por sorte o motorista parou. Expliquei nosso dilema e ele comovido resolveu nos ajudar. – Que alivio! Chegamos à estação a tempo!
Dirigimo-nos para a bilheteria apresentamos nossos tickets, um senhor nos acompanhou até a cabine – já que seria minha primeira vez, fiz questão de viajar numa cabine, com direito a toalete, cama, e tudo mais – acomodamos nossas bagagens, aliviadas.
Consultei o relógio e vi que faltavam 10 minutos para as 23.00h. Olhei para fora e vi que o bar da estação estava aberto e resolvi comprar cigarro e tomar uma água. Chegando ao bar fiz meu pedido e enquanto esperava ouvir uma voz atrás de mim
– Oi, tudo bem? – quando me voltei vi um rapaz bonito, alto, tez morena, uma cabeleira farta, um sorriso maravilhoso... –Pronto meu presente de papai Noel, pensei.
- Você vai viajar? – perguntou o rapaz.
- Sim vou para Campos- E você? Perguntei querendo na verdade ouvir que ele também viajaria naquele trem- tudo que queria ouvir ele falou, para minha alegria.
- Vou, tenho que estar com minha família, amanhã...
- Que coincidência, eu tenho que estar com minha família também, e é minha estréia de trem- falei rindo, sequer sabia se isso interessaria ao rapaz...
-Você aceita um copo de cerveja? – perguntou o rapaz, sorrindo e com o copo estendido na minha direção.
Eu não querendo fazer desfeita aceitei, mas olhei pra meu relógio dizendo – Olha, estamos em cima da hora, logo o trem parte – Falei pegando o copo com a cerveja que o lindo moço me oferecia, e agradeci.
- Um Brinde – disse o rapaz – Um brinde a coincidência de estarmos viajando pela primeira vez de trem juntos, e pela noite de natal- Feliz natal! – disse piscando o olho.
Toquei no copo dele com o meu dizendo - Feliz Natal!
- Que homem! – eu no meu interior me exultei por estar brindando o meu natal com aquele homenzarrão- Tudo de bom! – pensei – ainda bem que pensamento é inviolável – continuava pensando.
Ao primeiro gole de cerveja, ouvimos o apito do trem.
Eu na minha santa ignorância pensei ser o primeiro sinal, que seriam dados três apitos, na verdade nem sei de onde tirei essa idéia- pois, nunca tinha viajado de trem.
Quando olhei em direção a plataforma o trem tava partindo- não contei ate três, sair em disparada, o rapaz me seguiu, ele conseguiu alcançar o trem, tentei subir, mas o espaço entre a plataforma e o trem era alto, não consegui alcançar, ele estendeu a mão para eu segurar, mas, minha mão escapuliu, a velocidade do trem aumentou e não foi possível ele me puxar.
Parei e fiquei ali vendo o trem indo embora, na hora só pensei em minha tia, ela dentro da cabine certa que eu estava no vagão do restaurante...
Não restava mais nada a fazer. Um senhor se aproximou e disse que a solução seria eu pegar um taxi e ir para a próxima estação – Que taxi? Se não tinha nenhum na rua naquela hora.
Vi o trem partindo levando minha mala, minha tia e minha expectativa de uma primeira viagem.
- A solução é voltar para casa- falei para o senhor, que gentilmente tentou me ajudar.
Dei meia volta, e quando me preparava para ir embora o homem que havia falado comigo disse: moça olha o trem parou...
Sair correndo, realmente tava certa- pensei - o trem só tinha se afastado um pouco.
Já sem fôlego me aproximei do vagão, o rapaz estava a minha espera de mão estendida, ele me puxou para dentro, rindo e ofegante desabafei- Que sorte o trem parou!
- O rapaz num belo sorriso respondeu- Com a minha ajuda...
- Você pediu? – perguntei ainda rindo.
- Não. Puxei o freio de emergência...
O auxiliar de maquinista se aproximou da gente com um ar aborrecido, disse que a atitude do rapaz era contra o regulamento, que só ele poderia fazer aquilo e que, aquela atitude faria que o horário de chegada do trem atrasasse. Pedir desculpas e explicamos o ocorrido, para nosso alivio não teve maiores conseqüências.
Realmente o trem atrasou, mas, a experiência da minha primeira viagem foi inusitada, passamos a noite de natal rindo muito da situação que enfrentamos.
Não dá pra esquecer uma noite desta! O rapaz? Nunca mais vi...
Feliz Natal!