O PRESENTE DOS OLIVEIRAS
José Oliveira, era um homem empreendedor, um homem acostumado com os meandros dos negócios e não perdia uma oportunidade sequer, de realizar um bom investimento. Herdara isso do avô, pois sempre o acompanhou à todas as viagens, presenciando e aprendendo com o velho, como ganhar cada vez mais dinheiro. Sua ultima aquisição, foi uma bela fazenda, na localidade de Boa Esperança. Um distrito novo, com matas ainda virgens, açudes de água cristalina e pura! O maior rio da região,tinha nascente em sua nova morada. A casa era muito linda, e na sua arquitetura de estilo barroco, fazia um belo contraste, com a mata que a cercava. Tudo era perfeito, um verdadeiro paraíso, tendo como único senão o fato de ficar muito afastado do vilarejo e da estrada principal. Uma estrada federal de acesso aos grandes centros e que talvez, pela enorme distancia fosse o maior dos motivos, para o dono anterior vender-lhe as terras por tão baixo valor. Mas nada disso o incomodava. Sua amada Cris, estava esperando o seu primogênito e ele havia contratado um casal para fazer as lidas do campo ,e acompanhá-la na sua ausência , principalmente quando fosse à cidade comprar mantimentos, ou cuidar de seus outros negócios. Cris,nos últimos exames ginecológicos,teve confirmação do médico,que o bebê nasceria no inicio do ano; entre os dias cinco e dez de janeiro. Sentia cólicas normais e tudo corria dentro do que o Dr. Jaime diagnosticara controlando a sua gestação. Naquele final de semana , Oliveira planejava ir à um leilão de gado,numa localidade que ficava a aproximadamente uns 300 quilômetros de suas terras. Como Cris estava bem, ia deixá-la com a esposa do caseiro e por ter que levar uma quantia razoável em dinheiro,levaria o João como seu guarda-costa. Beijou Cris, recomendando-lhe todo o cuidado, pois voltaria apenas no final de semana .
O celular não tinha sinal na região, e ele já havia solicitado a colocação de uma antena especial, mas ela ainda não tinha sido instalada. Sabia que a esposa,por ser filha de um policial, era exímia atiradora e se houvesse necessidade ,saberia usar uma das inúmeras armas que possuía em casa . Embarcou na camionete e partiu junto com o caseiro. Os leilões foram um sucesso e Oliveira não via hora de estar outra vez nos braços de sua amada Cris . Ao chegar em casa ,viu que as luzes estavam todas acesas, o gerador funcionava a todo vapor e Ana vinha espavorida à seu encontro ,falava meio atabalhoada , não conseguindo dizer coisa com coisa :
- Seu Oliveira!...Seu Oliveira ,o nino nasceu,!... o nino nasceu!.. a Dona Cris caiu ,ô,ô..ô casal ajudou ...,o menino nasceu! Falava e chorava ao mesmo tempo. Repetindo varias vezes as mesmas palavras. Oliveira desceu e correu para a casa , enquanto o João tentava acalmar sua mulher, que embora chorando ,encontrava-se com um brilho nos olhos a demonstrar um misto de felicidade e perplexidade ,pelo que havia acontecido em suas ausências .
Ao ver a esposa sorrindo com o filho nos braços, Oliveira, não conseguiu conter as lágrimas e foi logo perguntando:
- Você está bem, meu amor? E nosso filhinho, como está ? O que houve na minha ausência querida? Conte-me tudo,por favor meu bem.
Cris ,com a voz tremula pela emoção , iniciou seu pequeno relato :
- Quando vocês saíram, eu e a Ana resolvemos montar a árvore de Natal ,e ao subir na escada sofri uma pequena queda. Mesmo tendo conseguido me virar para não afetar o bebê, bati com as costas e a cabeça na beira do portal. A Aninha conseguiu me colocar no sofá e saiu desesperada, para ver se encontrava alguém que pudesse ajudar. Após alguns minutos voltou, trazendo um casal que havia encontrado na estrada. Eram pessoas muito meigas, mas muito estranhas também, pois ainda se vestiam a moda antiga .Ela usava um vestido feito de véus em tons brancos e azuis ; Ele, tinha os cabelos longos e negros. Pelo que a Ana me contou ,andavam em companhia de um jumento. Fizeram-me um xá com as ervas do campo e quando acordei ,estava com o nosso filhinho nos braços.
Ana, que havia entrado com João,ouvia tudo e com tudo concordava. Interrompendo
apenas para dizer que o casal havia partido pouco antes deles chegarem ,tomando rumo à
pequena estrada ,que seguia em direção a margem do rio. Oliveira, pegando o menino nos
braços, ergueu-o ao céu e agradeceu a Deus pelo presente de Natal. Colocou o garoto no leito ,junto à mãe e saiu apressadamente em direção a pequena estrada. Foram inúmeras as buscas pelo casal, e em todas as estradas não encontrou sequer marcas que pudessem acusar a passagem de alguém,muito menos de um jumento. Voltou para casa , chamou João e Ana, e juntos à Cris, uniram as mãos e enquanto o minúsculo, mas potente sistema de som,tocava musicas natalinas, eles rezavam agradecendo à providencia divina, que através daquele estranho casal, havia lhe ajudado no nascimento do pequeno, ... José Maria Ramos de Oliveira .
Os nomes são fictícios e a história criada por este poeta, que deseja a todos, um Feliz Natal