Ai, meu Jesus Cristinho!
As pessoas até mataram umas às outras na disputa pela compra de mercadorias em oferta naquela semana.
Poder-se-ia chamar sem exageros de semana da loucura, da demência, da estupidez, sem erro, qualquer adjetivo se escolhesse.
Fora uma semana atípica.
Os comerciantes em desabrido entusiasmo por mais vender, as pessoas com algum dinheiro movidas por apelos vários, motivadas na libido, no ego, na inveja, na luxúria, no prazer, até na caridade, a pretender um melhor preço para o melhor presente.
Chegara finalmente o dia.
E esse dia seria inesquecível também para bilhões de outras pessoas.
Elas não sabiam mais, há muito, o que significava aquele dia.
Algumas associavam a data, o número 24 a possível dia do veadinho, o que os mais antigos associavam a renas de um ultrapassado ícone do comércio de barbas brancas longas e roupa de inverno.
Nos trópicos centro e sulamericano, caribenho, africano, pleno verão, tal figura espantosa, fantasmática, aparecia também assim... E de botas. Talvez surfasse assim no Rauái.
E procuravam inutilmente por chaminés, meias de lã ou sapatinhos pendurados em janelas de favelas, porque, bons velhinhos que deviam ser, conforme rezava a lenda, estavam atrás de um goró, uma boca livre, e sempre dispostos a carregar um saco que fossem emprestar a alguma reunião de família em que faltasse a figura insólita, as que ainda recordavam dela.
Bem, tinha uma outra presepada.
Essa nasceria no dia seguinte, 25 de dezembro. Uma estrela apontaria o rumo da estrebaria de uma hospedaria e três reis o visitariam 12 (1+2=3) dias depois, no dia seis, e depois teria 12 (1+2=3) apóstolos e morreria com 33 anos trocado por 30 trocados e um ladrão, entre dois ladrões (30 + 1 + 2= 33), sendo um deles arrependido do que fizera... chamado, então, de bom.
Inesquecível, eu dissera, para bilhões porque...
Se avançar mais, mato dois coelhos com uma só cajadada (1+2=3) e vou processado pelo Ibama por infligir sofrimento a animais.