...o Natal de alguém.
Os olhos lacrimejavam, e as mãos tremiam.
As vértebras saciadas de anos, os joelhos massacrados pela infinita jornada, de prazeres e desprazeres...
Helena trazia dentro do coração, as dores, os valores, os filhos, os esposos, e a virtude de toda uma vida.
Seu rigor como mãe, sua inteligência como avò, detinhan-na serena, e ao mesmo tempo voluptuosa, ao ollhar os momentos nas fotos daquele apartamento ensolarado e vazio de seres vivos.
Seu maior tormento, era olhar o quadro pintado no quartinho de empregada, que fora transformado em ateliê, de seu filho mais novo.
Seu medo era diferente dos ditos pejorativamente IDOSOS, ela tinha 80 anos e meio, mas seu corpo ainda vibrava...com o natal.
Ela não tinha pai, nem mãe, nem tio, nem tia, nem primo, e seus filhos estavam esvaziados dela.
Dona Helena, mulher, homem, mãe, avó, e escritora, não tinha ninguém para visitar naquele natal, naquele lugar, sem ninguém, sem sequer um desdém....vindo de alguém....