...o Natal de alguém.

Os olhos lacrimejavam, e as mãos tremiam.

As vértebras saciadas de anos, os joelhos massacrados pela infinita jornada, de prazeres e desprazeres...

Helena trazia dentro do coração, as dores, os valores, os filhos, os esposos, e a virtude de toda uma vida.

Seu rigor como mãe, sua inteligência como avò, detinhan-na serena, e ao mesmo tempo voluptuosa, ao ollhar os momentos nas fotos daquele apartamento ensolarado e vazio de seres vivos.

Seu maior tormento, era olhar o quadro pintado no quartinho de empregada, que fora transformado em ateliê, de seu filho mais novo.

Seu medo era diferente dos ditos pejorativamente IDOSOS, ela tinha 80 anos e meio, mas seu corpo ainda vibrava...com o natal.

Ela não tinha pai, nem mãe, nem tio, nem tia, nem primo, e seus filhos estavam esvaziados dela.

Dona Helena, mulher, homem, mãe, avó, e escritora, não tinha ninguém para visitar naquele natal, naquele lugar, sem ninguém, sem sequer um desdém....vindo de alguém....

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 08/12/2009
Código do texto: T1967172
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