CONTO DE NATAL
CONTO DE NATAL
(Como todo conto aumenta-se um ponto... Então começa-se o conto:)
Era uma vez...
Um lindo lugarejo Australiano, era bem conhecido por espalhar tamanha beleza e irradiar tanta alegria, principalmente na época de Natal...
Casas singelas, moldadas com tronco rústicos, cercada com alambrados, cobertos com muitas folhagens, postes instalados um bem longe do outro e ao contemplar a paisagem observa-se seus longos fios ligeiramente esguios entre as árvores que pareciam ter sido plantadas, simetricamente, uma à uma!
No natal tudo tinha uma beleza uniforme, quase todas as casas eram iguais, todas tinham o mesmo estilo, tanto em medidas como nas características de suas construções... Grandes varandas com balanço para dois, quintais com árvores e cercas enfeitadas com muitas lâmpadas pequeninas e coloridas e havia um detalhe notável em cada casinha: Todos colocavam pregado à porta de entrada um grande pé de meia vermelho e deixavam, sempre na véspera de Natal, a porta semi-aberta.
Quantas crianças!
Quantas famílias felizes!
Produziam na comunidade o próprio sustento, a maioria vinha da pesca, a alegria contagiante podia ser notada ao longe, ainda mais por ser Natal.
As crianças já se tornavam aflitas, as noites se tornavam mais longas e assunto em todos os cantos era a chegada do Papai Noel e suas renas...
O que ele traria naquele ano?
Maura, uma das crianças inclusas em uma das rodas de trocas de sonhos perdidos... Comenta:
- Este ano sei que Papai Noel vai trazer minha boneca predileta...
E todos diziam, eufóricos e ao mesmo tempo, sobre as cartinhas e pedidos
ao Papai Noel...
Muriel, já adolescente, acompanhava os comentários das criançadas e
observou:
- Lá no Polo Norte a fábrica do Papai Noel deve estar a todo vapor... Sabe, ela terá muito trabalho para atender a todos estes pedidos...
- É verdade, já ouvi falar que as rédeas das renas já estão prontas e que as costureiras já fizeram mais de 1.000 (mil) sacos grandes, vermelhos e brilhantes para o Papai Noel colocar no trenó... Disse Jaqueline com seu olhar estático, segurando nos braços a cartinha de seu primeiro ano escolar
imaginando tremenda Fábrica!
-É você esqueceu os laços vermelhos e dourados que “vão” enfeitar o trenó... Corrigiu Alex cutucando Jaqueline com seu pequeno urso de pelúcia.
Imediatamente Marquinho indagou preocupado:
E o sino, ele não pode esquecer “se não” como ele vai avisar quando estiver chegando “pra” colocar nossos presentes na grande meia lá da porta? Temos que mandar outra carta... E agora?
E assim a felicidade, os sonhos foram se espalhando...
Muriel foi se afastando e lembrando-se, do episódio marcante, do Natal que havia vivido:
Foi quando ele, já na adolescência e convivendo com a aceitável saudade de seu pai que havia partido para outra dimensão, sentiu-se bastante responsável pela família que além de sua mãe ainda tinha a felicidade de ter 4 irmãos. Quinze anos era uma idade mínima mas mesmo assim sentia-se responsável pelos demais.
E foi neste dia, sentado diante de uma grande fruteira com frutas diversas e castanhas, que se sentiu o “homenzinho da casa”, passou as mãos pelos cabelos, segurou um de seus cachos, começou enrolá-los... Pensou, pensou e pensou... E questionou consigo mesmo:-
Como pude acreditar um dia que PAPAI NOEL não existia?! Pode perceber o quanto estava enganado!
Suas cartas ao Papai Noel eram sempre iguais, todos os anos pedia além de união e amor, uma bicicleta... Todos os anos eram um presente que chegava, recebido com muita alegria, mas a bicicleta nunca vinha...
Papai Noel respondia-lhe todas as cartas dizendo que sua bicicleta ficaria para o próximo ano.
E na época ele pensou:-
- Hoje estou com dez anos e “PAPAI” não vai estar aqui neste Natal mas tenho certeza que ele também é feliz como eu, Ariel, Rafael, Ezequiel e Gabriel e a mamãe... E enrolando, como era de costume, seu lindo cacho dourado, observou:-
- A mamãe mal sabe escrever o nome e eu tenho esta letra tão feia... Quem irá “me ajudar” a escrever para o Papai Noel?
Escreveu seu pedido de uma forme bem simples mas, com o mesmo conteúdo, e assim se passaram mais 5 anos...
Ele descobriu que “Papai Noel” era somente um conto de fadas... E justamente no Natal daquele ano a bicicleta chegou e lhe foi entregue pela manhã cedinho, por sua mãe que o puxou para um canto e confidenciou:-
- Estou te entregando em segredo pois teus irmãozinhos podem ficar tristes...
Ao se deparar com aquele lindo presente, desejado por tantos anos, fitou a soleira onde reunia cada caminhão ganho dos Natais passados e que agora lhe formavam uma linda coleção, que bem ou mal o deixou muito feliz...
Olhando-os bem, disse com a ajuda de sua pequena bagagem de sabedoria:-
“Mãe, o que eu quero mesmo é a senhora... Que é meu maior presente e beijando-a acrescentou... Eu a amo muito! Deixe que meus irmãos brinquem e aproveitem deste esperado presente...
E naquele ano Papai Noel trouxera-lhe de presente o mais nobre dos sentimentos...
O AFETO
ROSILEY FREITAS – 02/12/1999