A Lenda da Árvore de Natal
Relendo um dos exemplares do jornal Folha Democrática, no qual escrevo a minha conhecida coluna, deparei com a publicação da Lenda da Árvore de Natal pelo escritor Heitor Queiroz, do município de Paty do Alferes. Por considerá-la interessante e valendo-me da época natalina, resolvi trazê-la até aos leitores deste Recanto, na expectativa de que lhes agrade;
-Sempre se ouviu falar que a árvore de Natal é originária da Europa. Porém, na verdade, a história é bem diferente.
Dizem que há muitos e muitos anos, havia uma tribo à beira-mar. Eram índios pacíficos que viviam quase que exclusivamente da pesca.
Exímios nadadores desafiavam o mar. Esse não lhes proporcionava qualquer tipo de medo. Jamais um índio morrera afogado nas águas salgadas.
Muitos pesquisadores até supunham que essa raça tivesse um tipo qualquer de guelras e nadadeiras.
Quando essa tribo foi localizada e estudada, pouco restava de sua cultura, somente uma história.
Assim contava: Os deuses do mar não se conformavam com a habilidade desse povo, pois se sentiam invadidos por ele, temiam pelo seu reino. Eram simples mortais, mas desafiavam o poderoso Tritão, Deus supremo do oceano.
A Rainha invejava as índias, não pela perícia, mas sim pela beleza. Morrendo de inveja, com ciúmes do Tritão, tramou uma terrível maldade.
Transformando-se numa águia com garras poderosas, seqüestrou a mais linda das jovens, a prometida do jovem cacique.
Colocou-a no cume de um alto penhasco, onde jamais um ser humano subiu. As escarpas eram lisas e escorregadias.
O bravo cacique tentou subir a encosta por várias vezes para salvar sua namorada, mas não conseguiu.
Resolveu então buscar na selva, a mais alta das árvores, e enterrou-a ao pé do penhasco, para tentar alcançar o cimo. Mas a altura da enorme casuarina não foi suficiente.
A indiazinha em prantos colocou-se à borda do rochedo. Dia após dias chorava copiosamente, transbordando de lágrimas a árvore salvadora. Os cristais de suas lágrimas depositados na folhagem se solidificaram, e passaram a brilhar como pequenos diamantes.
Por sua vez, o bravo cacique não se envergonhava de chorar ao pé da casuarina. Suas lágrimas alimentavam a árvore fazendo-a crescer. Dizem que levou anos.
A perversa rainha não contava com esse grande amor, e que a árvore crescesse e que o rochedo se desgastasse.
Assim o tempo passou. Até que um dia, um galho roçou a cabeça da indiazinha que prostrada ao chão, envelhecida, mal tinha forças para se levantar. Mas o seu valente cacique, apesar dos olhos mais fracos, vira o ramo acordar sua noiva. Juntando as poucas forças que lhe restavam, terminou por subir e salvar a sua amada.
Por ordem do cacique, após o fato, toda família daquela tribo teria em sua maloca, uma réplica da árvore que passou a ser venerada.
Contam que ainda hoje, lá se encontra petrificada a tal casuarina, e que às vésperas do Natal, o musgo verde recobre a árvore, e que os cristais escorridos como estalactites continuam brilhando.
ASSIM SURGIU A ÁRVORE DE NATAL.