Eu vi o Papai Noel
 
Era ainda muito pequenino,
Bem criança, um menino.
Era tímido, medroso, sou até hoje.
Família grande, o caçulinha.
“Rapa do taxo”, dizia a vizinha.
Certa noite fui colocado do lado de fora, por estar engessado, fazia calor e meu pai estendeu uma esteira em frente a nossa casa e ficou a me contar historias, logo adormeci, como era seguro ele ali me deixou sob o fiel cuidado de uma cadela chamada Princesa, muito cuidadoso, meu pai, deixou a luz de fora acesa, minha situação era única e especial estava todo engessado da cintura até o solado, tinha também, para não tentar me movimentar, uma tala de madeira a minhas pernas separar.
A noite chegou num repente, e com latidos estridentes de minha fiel escudeira acordei sobressaltado e deveras amedrontado, senti, calafrios, apesar do calor que ali fazia, quando tentei minha cadela avistar, esta estava entrando no meu quintal e me deixou só.
A distancia era bem próxima entre onde eu me encontrava e a varanda de minha casa, mas eu por ser tão pequenino acreditava ser aquela distancia muito maior que a real.
Vejam vocês que desespero o meu...
Não podia gritar, pois tinha medo do “Bicho” ouvir primeiro e vir me pegar. Então fiquei a choramingar e em baixa voz querer gritar, acho que você nunca viu disso, gritar em baixa voz, é até um contra-senso, mas isso não importava, pois assim até hoje eu penso, pois se estiver a medrar, grito muito baixinho, para o “bicho” não me pegar.
A tempo passava e cada vez mais baixo eu gritava:
“Papai! Papai! Vem mi bucar, eu to tum medo, vem ti, vem me bucar”.
Foi ai pra minha surpresa e desespero que um velhinho meio que doidinho de roupa vermelha, perto de mim se ajoelha, e diz bem baixinho:
- Olha menininho! Vou te ajudar vou te levar para dentro de sua casa para não te ver medrar.
Gritei só que mais altinho, pois vejam vocês, fiquei com medo do velhinho.
Ele não pestanejou, pegou-me em seu colo e em minha casa entrou, colocou-me com jeitinho num sofá lá no cantinho, e saiu dizendo que meu presente ele traria, e seria num outro dia, seria um dia especial, seria dia de Natal.
Meu Pai ficou muito assustado depois da historia eu ter narrado, achou até que eu havia endoidado, pois ainda era setembro como podia eu ter imaginado um Papai Noel tão adiantado?
E o outro fato de causar intriga, como poderia eu em casa sozinho ter entrado estando tão engessado? 
Mas eu logo me lembrei que setembro é o meu Natal, pois nasci dia 17 e meu Papai Noel veio me visitar, merecia o presente, mas ele não pode me dar, pois estava comigo no colo e o presente ficou no trenó, não podia ser visto por isso foi rápido e sumiu feito pó, pois gente grande não acredita no gordo Papai Noel, só velhinhos e crianças, pois no dia do Natal, vejam só!
Quem me trouxe o presente que o Papai Noel havia se esquecido foi a minha Avó, e disse-me bem baixinho que o havia pegado de dentro do trenó, eu sorri e disse-lhe baixinho:
Obrigado minha Avó, agradeço seu carinho e ao Papai Noel, por este lindo presentinho, apesar de eu saber que nem todas as criancinhas podem pegar uma caroninha no colinho do velhinho, eu peguei esta carona por ser sempre bonzinho.
Minha Avó não entendeu, mesmo assim um abraço ela me deu, e achou por toda vida, que da existência do Papai Noel, foi ela quem me convenceu.
Não sabia ela de minha aventura de haver sido carregado nos braços do bom velhinho, com todo amor e carinho e ter sido colocado com muito amor e cuidado dentro de minha casa para o “Bicho” não me pegar.