Pai Nosso

Assim começa a história.

Era uma vez, em um lugar distante, um rei que estava aborrecido com os Natais passados. Desejava comemorar um Natal diferente. Pensou muito, olhando as estrelas da janela de seu castelo. Uma estrela em particular chamou a sua atenção, e ele teve uma idéia. Chamou seus súditos e declarou:

- Meu povo amado! Basta de comemorarmos o Natal no conformismo. Seguindo as tradições de maneira tão incoerente.

Este rei era amado por todos pela sua índole.

Percebeu o rei, por ser uma pessoa de muita astúcia, que as pessoas não estavam entendendo o que ele queria dizer e resolveu ser mais claro.

- O mundo passa por momentos cruciais, tempos difíceis. Homens, mulheres e crianças já não choram, suas lágrimas secaram. Apenas gemem torturados pela dor, medo, causados pela violência e miséria. Em nosso reino, nada nos falta. Nossas ceias são repletas de farturas, comidas variadas. Já em outros reinos não há esse privilégio, as pessoas não tem sequer um grão de qualquer coisa. Podem imaginar o que é isso? Nosso “Papai Noel” é gordo e feliz, sinônimo de boa nutrição; enquanto muitos infelizes parecem caveira ambulante e morrem desnutridos, infelizes. Nossas crianças esperam ansiosas por seus presente sonhados. Outras crianças não fazem idéia do que possa ser “presente” muito menos “sonho”.

Neste momento alguém o interrompeu:

- Bonito o que o senhor disse majestade. Só que esqueceram de vos informar que somos uma minoria para ajudar um mundo tão imenso.

Eis que o rei responde:

- Podemos começar com cada um fazendo sua parte.

E o homem pergunta:

- Como assim?

- Cada pessoa dá o que pode. Dê um presente àquela criança de rua, maltratada. Tão jovem, mas muito castigada. Leve um cartão àquele idoso esquecido no asilo sem carinho, largado por aqueles que os consideravam velho, um estorvo. Doe sua voz àqueles que há tempos emudeceram. Em sua ceia, reparta um pouco e partilhe com aquele que tem fome. Cada um pode escolher a forma e como quer e pode ajudar alguém. O que importa é que neste Natal, possamos doar um pouco do nosso amor, tempo, solidariedade àqueles miseráveis abandonados à sua própria sorte. Por um dia que seja, saciemos a fome, matemos a sede, perdoemos... Que façamos a nossa parte. Que o poema que aqui vou ler tenha sentido. Pai nosso que estais no céu, que possas estar hoje e sempre com aqueles que tanto necessitam de voz. Santificado seja, por doar seu filho ao mundo por amor. Vem a nós, nos ensine como criar um reino semelhante ao vosso. Seja feita a tua vontade, que seu desejo prevaleça e seus filhos entendam o que significa “Amai uns aos outros”. Assim na terra como no céu seus anjos nos iluminem e nos guiem nesta caminhada terrena. O pão nosso de cada dia nos daí hoje e sempre, que a palavra fome e todo tipo de miséria seja erradicada de nosso vocabulário. Perdoai as nossas ofensas, pois às vezes somos orgulhosos, fracos e mesquinhos, isso não significa que sejamos maus apenas nos esquecemos que somos feitos a sua semelhança. Assim como nos perdoamos a quem nos tenha ofendido, sem nos esquecer que às vezes é necessário nos auto-perdoar. E não nos deixeis cair em tentação em achar que somos melhores ou superiores aos demais. Mas livre-nos senhor dessa violência, desse medo gerado pela “ignorância” da humanidade. Assim seja, sempre.

Desde então, as estrelas no céu daquele reino passaram a se destacar por seus brilhos incomuns. Todos daquele reino nunca mais foram os mesmos depois daquela noite.

Dezembro-2008

Alexandra Dias
Enviado por Alexandra Dias em 14/12/2008
Código do texto: T1335469
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