Natal
José Maria e Maria José moravam no Monte Castelo e tinham quatro Filhos. Funcionário Público, ele trabalhava no Correio. A mulher cuidava da casa e dos filhos com ajuda de uma empregada que estava gestante.
Com a casa em construção todos dormiam num único cômodo. A empregada chegava cedo e saía após o jantar. Morava em um bairro próximo.
Todo dia era a mesma rotina. Maria José tirava as crianças da cama, vestia, alimentava e levava para a escola, que iniciava suas atividades, às sete horas. Ao meio dia, buscava os filhos, dava-lhes o almoço e depois orientava as tarefas escolares. Às dezesseis horas, servia-lhes um lanche e depois saia com eles para o pátio onde brincavam sob sua observação.
Maria Francisca estava no último mês de gestação. O médico dissera que seu filho nasceria provavelmente, na terceira semana de janeiro. Trabalharia até o final do mês de dezembro.
No dia vinte e quatro ajudou Maria José a fazer a ceia. Passaria com os patrões aquela noite, pois, o marido estava viajando e só chegaria no dia seguinte.
Às vinte e duas horas estava tudo pronto. As crianças dormiam para serem acordadas à hora da ceia, quando receberiam os presentes que deixaria o Papai Noel, se tivessem se comportado bem durante o ano.
José Maria fora buscar os pais em casa deles, Maria Francisca arrumava a Mesa quando sentiu uma pontada no ventre, achou que não era nada, afinal ainda faltavam quase quatro semanas, segundo as previsões do médico. Não falou nada. Terminou de arrumar tudo e foi tomar banho e se arrumar para a ceia. Estava no banheiro quando a bolsa estourou. Ela bateu à porta do quarto da patroa, que saiu pedindo silêncio com o indicador dos lábios.
-Não acorde as crianças!
-Ai dona Maria José, minha bolsa estourou.
-Meu Deus! Vou telefonar pedindo um táxi.
-Acho que não vai dar tempo! A criança está nascendo! Ai meu Deus!
-Deita no sofá, vou chamar a vizinha!
-Não me deixe sozinha dona Maria!
-Não vou sair, vou telefonar!
Chegou José Maria com os pais e encontrou a vizinha no portão. Entraram juntos. Diante da situação, todos ficaram atarantados, sem saber o que fazer.
A campainha tocou. Era o taxista. Vendo o que acontecia ofereceu-se para ajudar. Era enfermeiro e trabalhava nas folgas dos plantões dirigindo um táxi. Pediu água quente, tesoura e roupa limpa. Aproximou-se do sofá e viu que a criança nascera.
Cortou o cordão umbilical, pendurou-a pelos pés e deu-lhe uma palmada. O choro da criança misturou-se ao som das doze badaladas do velho carrilhão. Natal acabava de nascer. Era uma linda menina que recebia o nome em homenagem à data. Maria José Natal.
Em meio aos cumprimentos de feliz Natal, apareceram à porta do quarto as quatro crianças querendo saber se o Papai Noel já havia passado. A mãe disse que sim e que trouxera presente para todos e uma filhinha para Maria Francisca.
Hora da ceia, José Maria estourou um champagne. Todos sob o efeito do festivo momento confraternizaram-se. O enfermeiro juntou-se à família de José Maria, enquanto Maria Francisca observava deitada no sofá, acariciando a filhinha.
Praia do Anil, Magé – RJ
Natal de 2005
Benedita Azevedo