Um conto de Natal
Com prazer aceitei o pedido de Henrique Mendes a que eu escrevesse um conto de Natal e convidasse dois outros amigos a fazê-lo. Aproveito aos que aqui me visitam para que o façam também e ainda peço:
- Quando comprar seu bacalhau, seu peru, sua leitoa para sua festa em família, se não puder comprar em dobro, compre um outro alimento mais barato, de acordo com suas posses, e ofereça a quem não pode comprar nenhum.
- Quando for escolher e comprar uma roupa nova, um sapato para usar na noite de Natal, lembre-se de comprar uma outra roupa, um outro par de sapatos, ainda que simples, para quem não pode comprar nada.
- Talvez seja o momento apropriado para abrir o guarda-roupas e pegar aquelas coisas que você não usa faz tempo e separá-las para doação. Não é resto, lembre-se, é um pouco do que você não mais precisa ofertado a quem nada tem. Isso é ouro para muitos.
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Renee era um menino rico. Nascera em berço de ouro em uma das mais tradicionais famílias francesas. Seu pai o levava a todos os eventos importantes da cidade e o apresentava com orgulho:
- Esse é o meu herdeiro. Ele dará continuidade aos negócios de gerações...
Renee, tão pequeno ainda, ouvia o que o pai dizia mas já tinha outras idéias. Nada falava, já que não gostava de contrariar o pai, mas sabia que na hora certa ele iria dar outro rumo à sua vida.
O avô materno tinha verdadeira loucura pelo lindo menino Renee. Vivia com ele para cima e para baixo mostrando as árvores, os bichos, ensinando-o a alimentar os pequenos animaizinhos e sempre a dividir o lanche com os meninos mais pobres do parque. Também foi o primeiro a mostrar a Renee a grandiosidade dos livros. Em cada livro, Renee transportava-se para mundos desconhecidos; ora era um pirata singrando águas de mares bravios, ora era um árabe a salvar a princesa. Seu avô lia estórias com tanto prazer que ele, o menino Renee, trazia em si toda a beleza dos contos infantis e voava nas asas da fantasia sentindo as emoções dos personagens, visualizando outros mundos, outras culturas.
Também era um menino que viva questionando a riqueza e a pobreza. Sempre que podia ofertava seus brinquedos aos filhos dos empregados de seu pai.
Seu avô contou-lhe uma estória de Natal, não se sabe se inventada ou se aprendida em algum dos seus velhos livros. A estória dizia que Papai Noel ficava um pouco triste no Natal porque não podia presentear a todas as crianças.
- Por que ele não presenteia, Vô?
- Porque ele não tem presentes para todos.
- Então alguns ficam sem ganhar nada?
- Sim, Renee. Muitos nem percebem que é Natal porque seus dias são iguais a todos os outros.
Mas o avô também disse que Papai Noel quando sobrevoava as casas com suas renas, ia deixando um rastro de estrelas e estas caiam nas casas. As pessoas sentiam-se tão felizes e iluminadas que passavam a presentear àqueles aos quais o papai Noel não havia deixado presentes. E assim acontecia desde que o mundo era mundo...
Um pouco antes do Natal, Renee foi às compras. Seu pai quis presenteá-lo com um terno (seria o primeiro de calças longas da sua vida) e, como brinquedo, um belo automóvel com movimento, réplica original do primeiro carro francês; tinha assento de couro, direção em madeira de lei e buzina. Funcionava com pedaleiras e, com ele, Renee poderia passear pelo margeado do bosque pertencente ao jardim da mansão deles.
Renee ficou feliz com os presentes mas ele queria que seu pai também comprasse livros. Escolheu dois e já antevia com prazer seu avô contanto aquelas maravilhas para ele.
Na noite de Natal sua casa estava em festa, havia muitos convidados e Renee pediu à mãe que chamasse a cozinheira, seu marido, então motorista, e o filho deles para participarem com eles da festa de Natal.
Seu pai não gostou da idéia de misturar empregados na refeição, mas Renee disse:
- Pai, o Natal não é uma época de confraternização, de solidariedade e amor ao próximo?
- Sim, Renee, é.
- Pois então, pai, convidar as pessoas que tanto nos ajudam durante o ano inteiro não está correto?
- Está, Renee, mas é que...
- Sabe pai, todos os dias deveriam ser como no Natal. As pessoas sorriem, fazem compras, comem coisas boas e se abraçam e se beijam como se o menino Jesus estivesse ali, dando-nos as mãos.
O pai um tanto contrariado aceitou que se chamasse os empregados para a refeição.
O casal se sentia um tanto constrangido por estar comendo na mesma mesa que seus patrões, mas o filho deles conversava com alegria com Renee e seus primos. Eles terminaram de comer e ficaram correndo e aguardando a hora dos presentes.
Todos se dirigiram para a árvore de natal que estava repleta de pacotes.
O pai de Renee presenteou a mãe com um lindo colar de pérolas e ela ofereceu a ele uma caixa de charutos feita de marfim com o brasão da família cunhado em ouro. Antes, porém, de chamarem por Renee para oferecerem seus presentes, o menino antecipou-se e pegou o pacote com o terno e o grande embrulho com o carro e ofereceu ao amigo, filho dos trabalhadores da casa.
Seu pai ficou abismado com a atitude do menino. Mas depois olhou-o com carinho. Talvez ele estivesse certo. Era mesmo uma época de oferecer um pouco do que se tinha aos menos favorecidos: primeiro o alimento, depois a solidariedade da alegria, depois uma lembrança, um presente a ser guardado para sempre.
Renee sorriu para o pai e deu uma piscadela para o avô: naquela noite ele havia recebido uma estrela enquanto olhava o Papai Noel voando com suas renas em sua rápida passagem pelo céu.
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NESSE NATAL, ESPALHE ALEGRIA
Para o Natal 2008 (espalhe essa idéia). Que tal fazer algo diferente, este ano, no Natal? Sim ... Natal ... daqui a pouco ele chega. Que tal ir a uma agência dos Correios e pegar uma das 17 milhões de cartinhas de crianças pobres e ser o Papai ou Mamãe Noel delas?
Há pedidos inacreditáveis. Tem criança pedindo um panetone, blusa de frio para a avó... É uma idéia. É só pegar a carta e entregar o presente numa agência do correio até dia 20 de Dezembro. O próprio correio se encarrega de fazer a entrega.
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"Na vida, a gente passa por 3 fases:
- a primeira, quando acreditamos no Papai Noel;
- a segunda, quando deixamos de acreditar e
- a terceira, quando nos tornamos Papai Noel!"