O CASO DA PERERECA ROXA - FINAL

Cochilei, acordei já era noite.

Carla não respondeu a mensagem e ainda me bloqueou. Devia estar magoada com o poema que fiz pra ela. Como agradar gregos e troianos com arte?

Peguei Mary Shelley (nome da minha moto) e fui até o bar Galpão que fica na rua Torta. Não tinha muito movimento no meio da semana. Quando o dono do bar veio me atender no balcão uma mão tocou meu ombro:

– Oi, garota.

– Como anda meu caso Belane?

– Já tenho algumas pistas...

Dona morte estava vestida pra matar, uma calça preta bem colada, parecendo a mulher gato, uma bota de salto alto e uma blusa combinando com tudo e o decote quase jogava os seios pra fora. Pedi duas bebidas, quando as cervejas chegaram Dona Morte e o dono do bar trocaram olhares. De repente o cara ficou amarelo, não conseguia respirar e caiu duro. Eu saltei o balcão e prestei os primeiros socorros, já era tarde, estava morto, infarto fulminante. Quando olhei para o salão Dona Morte tinha sumido...

Depois de responder o interrogatório da polícia voltei pra casa.

De manhã minha cabeça estava zonza.

Troquei mensagens com meu amigo Roberto e outros colegas do tempo do trabalho de moto uber, todos riram da minha cara e diziam que tinha ficado doidão de vez.

Fiquei dando uma geral em casa, a tarde fui para o escritório.

Lucia mandou mãe do meu filho caçula mandou mensagem dizendo que a perereca dela estava vermelha e que não sabia nada sobre nenhuma perereca roxa. Parecia que todo mundo estava de bom humor, menos eu.

Cheguei no escritório e percebi que a porta tinha sido aberta. Peguei o revólver 32 ainda sem munição e invadi chutando a porta:

– Dona Morte! Como você entrou aqui?

– Isso não tem importância. Você está me enrolando Belane?

– Não gatinha, eu jamais faria isso...

– Posso usar seu banheiro?

– Claro, fica à vontade. “Mi casa es su casa.”

Ela estava sentada em cima da minha mesa, de pernas cruzadas vestia uma mini saia, deu um pulo e foi até o banheiro.

Sentei na minha cadeira, coloquei os pés sobre a mesa e fiquei esperando a beldade. Ela saiu do banheiro e se sentou novamente na mesa, tirava totalmente a minha atenção aquelas pernas:

– Como você fez aquilo com o cara do bar?

– Segredo profissional... Você tem até amanha para resolver o caso da perereca roxa. Eu volto aqui amanhã no mesmo horário.

– Pode deixar garota, já tenho tudo que preciso. Só preciso fazer algumas confirmações.

Ela saiu com aquele rebolado de cobra mau matada, eu fiquei admirando com um sorriso de bobo. Aproveitei a tarde e fiz vários nadas. Ainda tinha 24 horas. Fui pra casa e comprei algumas cervejas para comemorar antecipadamente.

Acordei bem disposto naquela manhã, estava sem pressa, mas fui para o escritório duas horas antes do horário marcado com Dona Morte. Liguei para o chaveiro trocar a fechadura. Ele já estava indo embora quando Dona Morte chegou:

– Então Belane. E a perereca roxa?

– Queira se sentar por favor. Vou pegar duas cervejas para gente comemorar.

Abriu as duas latinhas, sentei, sempre ficava com cara de besta olhando pra ela. Abri a galeria de fotos e mostrei a ela:

– Você realmente é o melhor detetive da cidade. Achou a perereca roxa, mas espera aí. Essa foto é da minha perereca.

– Eu sei!

– Como você conseguiu a foto da minha perereca?

– Segredo profissional. Não posso contar gatinha... Agora meu pagamento.

Ela fez a transferência na hora.

Antes de sair ela disse:

– Sabe que não pode fugir de mim a vida toda.

– Eu sei gatinha. Eu não ganho um beijo de despedida?

– Não!

– Você é das difíceis...

– Tchau Belane...

– Tchau garota.

O que restava agora para o melhor detetive particular da cidade era sair pra comemorar. Em alto estilo e com dinheiro no bolso

TELLY S M
Enviado por TELLY S M em 08/04/2025
Reeditado em 09/04/2025
Código do texto: T8304887
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