O CASO DA PERERECA ROXA

TELLY BELANE DETETIVE PARTICULAR

SEU CHIFRE É GARANTIDO

VOCÊ SÓ QUER DESCOBRIR PORQUE É ENXERIDO

Naquela manhã quente de segunda-feira eu li o que estava escrito na porta do meu escritório e pensei:

“O que que eu estou fazendo aqui?”

Depois de meia hora sentado olhando as redes socias larguei o smartfone, matei umas dez moscas e nada do tédio passar. Pensava nas dívidas e como eu ia arrumar dinheiro para não ir preso por causa da pensão alimentícia.

Já havia tentado de tudo nessa cidade. Trabalhei de moto uber, servente de pedreiro, cambista do jogo do bicho, até escritor eu tentei ser e nada da tal da estabilidade financeira.

Então alguém bateu na porta, era uma batida delicada, eu não estava esperando ninguém e nem recebi nenhuma mensagem, conferi o revólver 32, não tinha nenhuma bala, tomei coragem e mandei a pessoa entrar:

– Pode entrar, a porta está aberta.

A incredulidade tomou conta da minha pessoa quando entrou no meu escritório a morena mais perfeita do mundo, parecia a Viviane Araujo, veio em minha direção e se sentou na cadeira, cruzou as pernas, vestia um vestido vermelho, as pernas era dois pernis maiores que um extintor de incêndio eu olhava pra ela e só pensava:

“Será que a carne cai hoje no prato do carnívoro?”

Ela tinha uma voz suave de menina colegial da quinta série:

– Você é o Telly Belane?

– Sim, Senhora! Telly Belane super detetive particular ao seu dispor.

– Senhorita!

– Melhor ainda... Em que posso ser útil. Senhorita!

– Eu estou à procura da Perereca Roxa...

– Pe... Pe... Pe... Perereca roxa?

– Isso mesmo que o senhor ouviu. Eu pago bem. Fiquei sabendo que você é o melhor detetive de Texas City.

– Modéstia a parte sou sim. Além de roxa essa perereca tem outra característica marcante?

– Não que eu saiba.

– Complicou! Qual o nome da senhorita?

– Dona Morte.

– Não é um nome muito comum...

– Não! O seu também não é...

– Eu preciso de um adiantamento pra fazer o serviço, é de praxe.

– Pode falar seu pix, vou depositar o dinheiro agora.

Eu não pude acreditar na quantidade de dinheiro que a mulher depositou na minha conta. Troquei vários problemas por um só, achar essa tal de perereca roxa. Ela se levantou, de costas era melhor do que de frente, a bunda parecia uma bola de basquete, eu corri e abri a porta pra ela:

– Estou esperando suas resposta com a solução desse caso, sou muito exigente e quero essa perereca custe o que custar.

– Sim, senhorita! Eu vou solucionar esse caso...

Que mulher cheirosa! Depois que ela foi embora eu só fiquei pensando:

“E agora onde acho essa Perereca roxa?”

Fui no frigobar peguei uma latinha de cerveja, só tinha uma, acendi um cigarro e fiquei pensando:

“Por onde eu começo essa investigação?”

Uma luz brilhou na minha mente, mandei mensagem pra Patrícia, mãe da minha filha mais velha, ela devia saber algo, era enfermeira e já tinha visto várias pererecas, mais que eu, eu só conhecia as branquinhas, moreninhas e pretinhas. Dizem que as das japonesas são invertidas, mas eu nunca vi... Será que ela ia responder? Já tinha uns três anos que eu não falava com ela, desde que eu parei de pagar a pensão:

– Oi.

A mulher levou uma hora e meia pra responder.

– Oi.

– Patrícia tô precisando da sua ajuda. Você já viu alguma coisa perereca roxa?

– Telly, deixa de ser bobo, você sabe muito bem a cor da minha perereca. Não existe isso. Você bebeu? Eu tô no hospital, trabalhando, depois a gente conversa...

– Tá bom. Xau

– Xau! BJ...

Então resolvi arriscar com a mãe do meu filho Joao Vitor. Ela também não falava comigo depois que parei de pagar a pensão:

– Oi.

Duas horas e nada de responder. Resolvi sair. Peguei a moto e fui no centro almoçar. Comprei um marmitex, na hora de pagar tinha a dona do restaurante no caixa, uma galega de uns cinquenta anos, tinha cara de mulher experiente, pensei em perguntar sobre a perereca roxa, mas fiquei com medo de tomar um tapa na cara, paguei, peguei minha marmita e sai...

Que belo detetive eu era, não sabia nem por onde começar

Em casa depois de comer resolvi assistir algo na Netflix. Optei por uma série qualquer e durante os comerciais ela apareceu como numa chamada de vídeo no meu notebook. Dona Morte. Como ela fez aquilo? Vai saber:

– Belane! Você já achou a Perereca roxa?

– Calma gatinha, você tá muito ansiosa.

– Eu quero esse caso solucionado, sem enrolação

– Fique tranquila, aqui a satisfação é garantida

Ela sumiu e começou a série, mas eu não conseguia me concentrar, antes de sair a mãe de Joao Vitor finalmente respondeu a mensagem no Zap Zap:

– Oi.

– Cleuza, vou direto ao assunto. Você já viu a Perereca roxa?

– Tá repreendido em nome de Jesus. Vai procurar uma igreja.

Eu tinha esquecido que ela era crente, ela me bloqueou, minhas chances ficavam cada vez menores. Voltei para o escritório e no caminho comprei doze cervejas e coloquei no frigobar, ainda tinha Lucia mãe do meu filho caçula, ela era testemunha de Jeová, corria o risco de tomar outro fora. Também podia perguntar para Roberto, um amigo de longa data, ela já tinha casado umas cinco vezes, certamente viu mais pererecas que eu. Eu tinha uma crush, saiamos algumas vezes, ia dar uma conferida na perereca dela, na hora da fome a gente nem repara nesses detalhes, quem a sabe a dela era roxa. A Carla era de são Paulo e tinha um sotaque engraçado, era divertido estar com ela, mas ela sempre me deixava maluco com suas viagens, falava pelos cotovelos, mandei mensagem para os três e fiquei esperando. Bebi seis latinhas e fiquei vendo vídeos engraçados no Instagram.

Continua...

TELLY S M
Enviado por TELLY S M em 06/04/2025
Reeditado em 08/04/2025
Código do texto: T8303690
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