A MENINA DA PEDRA DA TORRE

A Menina da Pedra da Torre

Na Serra da Monguba, em Pacatuba, existe um lugar conhecido por todos como a Pedra da Torre —um amontoado de rochas que se ergueu como um castelo antigo, sombrio e imponente. No seu cume, uma fenda escura corta a pedra, permitindo acesso tanto por cima quanto por baixo. Muitos aventureiros vão até lá para acampar, atraídos pela vista e pelo mistério do local.

Certa noite, um grupo de amigos decidiu passar a madrugada no topo da serra. O vento assobiava entre as fendas, e o luar pintava as pedras de um tom fantasmagórico. Eles riam, contavam histórias e bebiam, até que, no silêncio da madrugada, um som cortou o ar como uma faca.

Era o choro de uma criança.

Uma voz fina, de menina, soluçava entre as pedras:

— *Mamãe… estou aqui… mamãe, por favor…*

Os amigos se entre olharam, os sorrisos congelando em seus rostos. O choro continuou, mais angustiante.

— Papai… por que você não vem me pegar? Eu estou te vendo… me tira daqui, papai… estou com medo…

A voz era clara, como se a criança estivesse bem ali, dentro da fenda. Mas quando olhavam, só havia escuridão.

O coração de Evandro disparou. Ele se lembrou de uma história que sua avó contava, uma história que ele sempre achara ser apenas lenda.

— Há setenta anos… — ele sussurrou, os lábios trêmulos — uma menina veio aqui com os pais. Ela desceu pela fenda, e os pais foram pelo outro lado, achando que ela sairia. Mas ela nunca apareceu. Eles entraram na fenda para procurá-la… e também desapareceram.

O choro voltou, mais próximo agora, quase aos seus ouvidos:

— Mamãe… estou aqui… estou aqui…

Alguém gritou. Não esperaram pelo amanhecer. Correram montanha abaixo, tropeçando no escuro, sentindo algo — ou alguém — os observando de dentro da fenda.

Dizem que, até hoje, quem passa a noite na Pedra da Torre ouve a menina chorando. E se você olhar muito tempo para a fenda, poderá vê-la lá dentro, pálida e suja, estendendo a mão…

— Me tira daqui… por favor…

Mas ninguém nunca volta para ajudar.

Igor da Silva Chaves
Enviado por Igor da Silva Chaves em 01/04/2025
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