A INCERTEZA DA VIDA E A CERTEZA DA MORTE

 

Nenhum homem sabe a hora em que partirá. A morte chega sem aviso, silenciosa, indiferente à grandiosidade ou insignificância da vida que interrompe. Aquele que parte não saberá que, no mesmo instante, milhares de outros também deram seu último suspiro – em acidentes brutais, em hospitais sem esperança, em lares consumidos pela fome.

Enquanto isso, a humanidade avança para além da Terra, explorando novos planetas, gastando fortunas inimagináveis na busca pelo desconhecido, enquanto o próprio planeta agoniza sob o peso da miséria e da destruição. Cada dia, bilhões são investidos em armas para "segurança", mas as guerras continuam, feitas pelos próprios dirigentes eleitos pelo povo.

As cercas elétricas e câmeras de vigilância nas casas não impedem que o medo se instale dentro dos próprios muros. Afinal, que segurança existe em um mundo onde sair de casa não garante o retorno?

A vida humana é um paradoxo. Criamos máquinas capazes de alcançar as estrelas, mas não conseguimos garantir que todos tenham um prato de comida. E a para uns são tão ricos que poderiam, acabar com a fome e continuaria ricos.  Curamos doenças, mas alimentamos conflitos. Construímos armas para "proteger a paz", mas elas servem apenas para nos destruir. No fim, o destino nos iguala a todos: ricos ou pobres, sábios ou ignorantes, soldados ou civis. A única justiça absoluta é a morte.

Seria louvável se cada ser humano pudesse viver até os cem anos, encontrar um fim digno, sem medo, sem dor. Mas o mundo nunca foi justo. A finitude, para muitos, chega cedo demais. E quando ela vem, todas as ambições, todas as preocupações se dissolvem. O que resta é apenas o que foi vivido – e, para os que ficam, o que ainda pode ser mudado.

Neri Satter – Março de 2025     CONTOS DO SCARAMOUCHE

 

Scaramouche
Enviado por Scaramouche em 19/03/2025
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