Bonitinho
Apareceu do nada.
Solitário, catava migalhas e revirava o lixo à procura do que comer.
À noite sempre deixava seus rastros de fezes pela soleira da porta e calçada.
Eu jogava litros de água sanitária para limpar o que ele havia deixado.
Às vezes ele passava por mim tranquilo, sem medo. Sentia-se em casa. Até me olhava de frente. Tão bonitinho...
Tinha aquele jeito cinzento, olhos brilhantes, rabo comprido.
Sempre sozinho.
-Acho que fugiu da ninhada, eu pensava.
Depois de vários dias ele sumiu. Não achei mais vestígios.
Fiquei aguardando nos lugares que ele passava
Até o procurei pelo quintal. Nada...
Ao colocar o lixo para fora na rua deparei com aquela cena triste. Ele estava estirado no asfalto, olhos esbugalhados. Senti um aperto no coração.
Um carro o atropelou quando estava atravessan-do a rua.
Partiu o rato mais "bonitinho" que eu já tinha visto.