HUMANOS E ANIMAIS
Certamente, ao refletirmos sobre as complexidades da natureza humana e compará-las com o comportamento dos animais, percebemos nuances que muitas vezes se perdem em julgamentos simplistas. Enquanto os humanos se orgulham de sua inteligência, da capacidade de criar e inovar, é também essa inteligência que nos leva a desenvolver armas, a explorar nossos semelhantes, e a causar danos ao planeta e às outras formas de vida.
Os animais, por outro lado, vivem de acordo com suas necessidades e instintos. Eles não inventam religiões, não travam guerras ideológicas, nem criam sistemas complexos para oprimir uns aos outros. Eles coexistem com a natureza de uma maneira que, paradoxalmente, pode parecer mais harmoniosa e ética do que muitas das ações humanas.
Portanto, chamar alguém de "animal" com intenção de ofensa pode revelar uma inversão de valores. Afinal, quem realmente merece a crítica? Seria mais justo, talvez, revermos nossas próprias ações e questionarmos se a verdadeira ofensa não está em sermos chamados de "humanos" quando nos comportamos de maneira tão destrutiva e cruel. A maldade, ao que parece, é uma característica peculiarmente humana, enraizada em corações que se perdem em busca de poder e domínio.
A humanidade tem a capacidade de amar, criar e construir, mas também de odiar, destruir e oprimir. Talvez devêssemos aprender com os animais e buscar uma existência mais equilibrada e harmoniosa, onde a empatia e o respeito prevaleçam sobre a maldade e a destruição.
Neri Satter – Junho de 2024 CONTOS DO SCARAMOUCHE