A fuga - capítulo 1 - um conto em 3 capítulos

A noite, que já chegará esconde os sonhos, disse Débora ao seu irmão. Ele ouviu, e ficou pensativo. Os dois eram apenas duas crianças respectivamente de nove e oito anos. Estavam no jardim da imensa casa de campo.

 

Pais abastados, avós também, e uma vida até então regalada. Francisco era um menino de olhos negros e tristes, e sua irmã, a Débora, uma sonhadora menina que amava a leitura. Gostava de animais e plantas. E desde tenra idade já tinha imaginação fértil.

 

Lá fora, no mundo real, outras crianças sorriam, e choravam. Muitas choravam a dor da fome, que dizem os que já a sentiram, que é lancinante, corta o corpo e a alma. Não há Freud que explique. Não há remédio, nem cura. Quantos já feneceram deste mal? com certeza milhões ao longo da jornada da vida.

 

Os irmãos ouviram uma voz melodiosa chamando FRANCISCO...DÉBORA...ENTREM, o jantar está posto.

 

Francisco disse baixinho à irmã: - Não vou, não gosto de sopa de aspargos, quero ficar mais um pouquinho, gosto de observar os pássaros, no final da tarde, vá na frente irmã, já vou...diga à dona Marisa, que em cinco minutos lavarei as mãos e sentarei à mesa, afinal são dezoito hora apenas. A menina olhou para o irmão de olhos tristes e retrucou: - Cuidado!

 

E seguiu pelas belas alamedas do exterior, que percorreria para alcançar a mansão de vinte quartos. Ela ficou contente quando viu seu pai sentado na cabeceira da mesa de jantar, foi ao lavabo mais próximo lavou as pequenas mãozinhas e se dirigiu até o seu lugar lateral à grande mesa de mogno datada do século XVI. Leonardo levantou os olhos e indagou: - Onde está Francisco? a pequena apenas olhou os olhos de seu pai, abaixou a cabeça e depois da primeira colherada de sopa, informou ao genitor que o infante chegaria em cinco minutos...

 

 

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 25/06/2024
Reeditado em 02/07/2024
Código do texto: T8093668
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