O inimigo anda à espreita

Um vento frio soprava pelas ruas desertas de Baltimore, trazendo consigo o cheiro de neblina e misteriosidade. Era um dia sombrio e triste, como se a própria cidade estivesse presa em um pesadelo interminável. Contudo, algo estava prestes a mudar. Naquele dia, eu e meu amigo Auguste desembarcamos na fatídica cidade. Ele havia sido convidado a participar das investigações que apuravam a morte do famoso escritor Edgar Allan Poe. Por não me encontrar em meus melhores dias após um rompimento amoroso, Auguste me convidou a acompanhá-lo nessa viagem, seria uma forma de me distrair da melancolia em que me encontrava.

Assim, partimos em direção ao desconhecido. Ao desembarcar naquela cidade, senti um calafrio percorrer minha espinha, era certo que algo muito nefasto havia acontecido ali. Ao longo das

ruas, os passos de Auguste Dupin ecoavam, firmes, seguros, como se soubesse exatamente onde deveria ir e o que deveria fazer. Ele chegou à cidade determinado a desvendar um dos maiores mistérios de sua carreira: a morte de Edgar Allan Poe.

Dupin era conhecido por ser um dos melhores detetives de todos os tempos, e sua reputação o precedia. Assim que chegou, ele procurou o departamento de polícia para dar início a sua investigação, desejava examinar cada indício pessoalmente e entrevistar as testemunhas, em busca de qualquer pista que pudesse ajudá-lo a desvendar o mistério. Sua inteligência e habilidade eram impressionantes, e ele parecia estar sempre um passo à frente de todos os outros. Nos interrogatórios das testemunhas, ele era imbatível, conseguia reconhecer um depoimento inverossímil pelo timbre da voz do interrogado. Ficava atento a cada detalhe, cada expressão, cada pigarrear. Nada lhe passava despercebido.

— Bem-vindo a Baltimore, Monsieur Dupin. Eu sou o detetive encarregado do caso de Poe — cumprimentou-o o detetive local.

— Obrigado, detetive. Eu estou ansioso para começar a investigação. Bem, temos muito trabalho pela frente. Poe foi encontrado nas ruas da cidade, em um estado delirante, e nunca se recuperou. Não temos ideia do que aconteceu com ele.

— Intrigante. Vamos começar com as testemunhas. Quem encontrou Poe?

— Foi um senhor chamado Joseph W. Walker. Ele está esperando para falar com você.

Durante a entrevista, Auguste Dupin olhava fixamente para o Sr. Walker, era sua forma peculiar de intimidar as testemunhas durante o interrogatório e dissuadi-las de dizer qualquer palavra inverídica.

— Então, sr. Joseph W. Walker, conte-me exatamente como encontrou o sr. Edgar.

— Eu encontrei o sr. Poe nas ruas, ele estava muito confuso e não conseguia falar. Eu o levei para o hospital, mas infelizmente ele não recobrou a consciência para falar o que lhe ocorrera.

— O sr. Poe disse alguma coisa antes de perder a consciência?

— Não, ele estava completamente fora de si. Ele só conseguia murmurar algumas palavras sem sentido.

O experiente detetive dispensou a testemunha e continuou a trabalhar arduamente para resolução daquele mistério.

Enquanto ele trabalhava, a cidade parecia estar prestes a acordar de seu pesadelo. A neblina começou a se dissipar, e os raios do sol começaram a brilhar, iluminando as ruas escuras. Era como se a chegada de Dupin tivesse trazido nova esperança para a cidade, e as pessoas começavam a sentir-se mais animadas e otimistas.

E assim, enquanto o detetive trabalhava, Baltimore começava a se transformar em uma cidade mais brilhante e alegre. Era como se sua chegada tivesse trazido nova vida para aquela terra antes sombria e triste. Todos estavam certos de que Dupin descobriria a verdade sobre a morte de Edgar Allan Poe, para finalmente trazer paz para a cidade e para a memória do poeta.

Entretanto, ao longo de sua investigação, Dupin começou a descobrir pistas sombrias e sinistras que o levaram a uma terrível conspiração. Ele descobriu que Edgar Allan Poe não havia morrido por causas naturais, mas, sim, por intermédio de mãos inimigas. A cada dia, as peças do quebra-cabeça começavam a se encaixar, revelando uma trama ainda mais sórdida do que ele jamais poderia imaginar.

Os inimigos de Poe haviam planejado o envenenamento há muito tempo, mas, para sua surpresa, as coisas não saíram como planejado. Em vez disso, Poe morreu de uma forma ainda mais misteriosa e bizarra. A conspiração havia sido tão bem elaborada que ninguém havia suspeitado da verdadeira causa da morte do escritor.

Mas Dupin não desistiria até descobrir a verdade, e sua determinação o levou a uma jornada bastante perigosa, enfrentando inimigos poderosos e maquiavélicos, em busca da verdade sobre a morte de Poe. A cada dia, ele se aproximava da solução do mistério, mas também se aproximava de um perigo cada vez maior.

Dupin não desistiria tão facilmente. Ele seguiu a trilha do criminoso, enfrentou desafios e perigos a cada passo. As pistas o levaram a lugares sombrios e perigosos, mas ele não se deixou intimidar. Embora ameaçado, ele não hesitou em continuar sua busca pela verdade.

Mas a verdade era ainda mais intrigante do que ele poderia imaginar. Ao longo de sua investigação, ele descobriu que o verdadeiro assassino era um dos amigos mais próximos de Edgar, um homem que havia se sentido traído pelo escritor. Assim, motivado pela despeita e ciúmes, planejou vingar-se dele e humilhá-lo publicamente. Entretanto, para sua surpresa, as coisas não saíram como planejado e o que deveria ter sido apenas uma brincadeira de mau gosto, acabou matando o amigo de forma acidental.

Dupin finalmente descobriu a verdade, mas, ao mesmo tempo, sentiu uma profunda tristeza. Poe havia sido assassinado por alguém que ele havia considerado um amigo, e isso deixou um gosto amargo na boca do detetive. Logo ele que valorizava tanto uma verdadeira amizade. Dedicava-se aos amigos que considerava verdadeiros, tanto que havia me convidado para estar ali, acompanhando-o durante as investigações, Contudo, apesar das terríveis descobertas, ele sentia-se aliviado, pois sabia que sua missão logo seria concluída e que a verdade seria revelada.

Dupin prendeu o assassino e o entregou a justiça. Dessa forma, encerrou de uma vez por todas o mistério que circundava a cidade. Com a verdade finalmente revelada, a memória do grande escritor foi preservada. A cidade de Baltimore e os fãs de Poe puderam descansar sabendo que houve justiça contra tamanha crueldade.

Com um misto de satisfação e tristeza, Dupin seguiu seu caminho, abandonando a sombria cidade de Baltimore livre do mistério em torno da morte de Edgar Allan Poe. Dupin tornou-se ainda mais famoso por sua habilidade em desvendar casos enigmáticos, sendo lembrado como o homem que desvendou o mistério da morte de Edgar Allan Poe. Enquanto isso, a memória de Poe foi celebrada e sua obra continuou a ser apreciada perpassando as gerações, pois sua vida e sua obra continuam a ser lembradas como uma verdadeira obra-prima da literatura.

Esse conto faz parte da coletânea A Morte de Edgar Allan Poe, da Cartola Editora

Charlotte Alencar
Enviado por Charlotte Alencar em 23/05/2024
Reeditado em 23/05/2024
Código do texto: T8069710
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