Em nome da fé

Mais um corpo acabara de ser encontrado à beira do caminho.

Não havia qualquer marca que indicasse a causa morte. Dessa vez, o corpo pertencia a uma jovem nobre que estava na cidade para desfrutar do Carnaval de Veneza. Os cidadãos proeminentes ficaram horrorizados com a descoberta, e a notícia se espalhou rapidamente por toda a cidade, causando pânico na população.

Logo, as autoridades locais começaram a investigar os assassinatos, mas não conseguiram encontrar nenhuma pista ou conexão entre essa vítima e as anteriores. As autoridades então decidiram suspender a festividade até a resolução do caso, temendo que novos crimes continuassem a acontecer e colocassem mais mulheres em perigo. Contudo, os organizadores da festa protestavam contra essa decisão e buscavam o apoio da população para manutenção das festividades, afinal, a culpa dos crimes não era do carnaval.

No entanto, uma jovem e destemida detetive chamada Mia estava determinada a descobrir a verdade por trás dos assassinatos e evitar que mais pessoas fossem mortas. Assim, a detetive começou a investigar por conta própria, usando toda sua habilidade investigativa e o conhecimento da cidade para procurar pistas.

Mesmo com toda a sua perspicácia, Mia não conseguiu descobrir nada de muito relevante. Ela seguiu por várias linhas investigativas em busca de qualquer conexão que pudesse ajudá-la a entender o que estava acontecendo.

Enquanto isso, contrariando as autoridades, a festividade continuava a acontecer na cidade e a tensão só crescia. Mais assassinatos foram cometidos, e os cidadãos se recusavam a sair de suas casas durante o Carnaval. Veneza estava em um estado de medo constante, e ninguém sabia em quem confiar.

Porém, a destemida Mia não desistiu de sua busca por respostas. Ela se infiltrou na festa disfarçada, misturando-se com os foliões para observar de perto os eventos. Durante a festa ela desconfiou de dois foliões em atitudes suspeitas, aproximando-se, ela conseguiu ouvir a conversa entre eles. Eram dois fanáticos de uma seita que surgiu anos antes e ganhava força na região. Ninguém sabia sua real motivação, mas naquele momento eles estavam mascarados e discutiam seus planos para cometer mais assassinatos. Ela se escondeu em uma esquina próxima, ouvindo cada palavra, antes de segui-los até o local onde iriam cometer o próximo assassinato.

Chegando lá, a detetive conseguiu capturar um dos homens e o levou sob custódia. Através de sua habilidade interrogatória nada ortodoxa, ela conseguiu arrancar a confissão da conspiração orquestrada pela liderança da seita para acabar com o Carnaval de Veneza. Ao continuar sua investigação, Mia descobriu que o fundador daquela seita era um antigo namorado seu, que não havia superado o término. Como eles haviam se conhecido em um período de carnaval quase duas décadas antes, ele havia elaborado todo aquele plano, incluindo a formação da seita e a doutrinação de fiéis que lhe servisse a um único propósito maligno, vingar-se de Mia por tê-lo deixado para seguir sua carreira de detetive.

Mia ficou perplexa com aquela descoberta, não sabia exatamente o que fazer, mas sabia que não podia deixar que continuasse a matar inocentes em nome daquela seita estapafúrdia. Ao descobrir quem estava por traz daqueles terríveis acontecimentos, Mia temia por sua vida. Ela tinha consciência que uma revelação como aquela causaria um grande escândalo em toda a Itália.

O fanático capturado continuava sob custódia e apesar de ter impedido a conspiração, Mia não estava em paz. Ela sentia que havia algo de estranho dentro da delegacia local, mas não sabia exatamente o que era. Ainda naquela tarde, enquanto estava em seu escritório, ela quase foi morta por um dos agentes que pertencia à seita nefasta.

Mia mal teve tempo de reagir, felizmente sua experiência e treinamento fizeram com que ela desviasse, evitando ser baleado. Ela percebeu que não seria seguro continuar ali, por isso fugiu para preservar sua vida, deixando para trás o prisioneiro. Ela precisava encontrar alguém em quem pudesse confiar. A detetive forte e determinada estava em uma situação perigosa e precisava proteger a si mesma, do contrário seria impossível prosseguir com as investigações. Ao retornar para a delegacia com o reforço policial da cidade vizinha, Mia encontrou a única testemunha morta. Queima de arquivo provavelmente.

Sem o prisioneiro confesso para apontar os verdadeiros culpados, Mia precisava ter muita cautela. Ela trabalhou em segredo, usando toda a sua perspicácia para desmantelar a conspiração. Dessa forma, ela conseguiu obter evidências irrefutáveis contra o líder daquele movimento sanguinário e as apresentou ao seu superior, que imediatamente tomou medidas para prendê-lo junto com os demais envolvidos.

Enfim, seu ex-namorado estava preso e logo seria julgado por todos os crimes que cometera contra pessoas inocentes por mera vingança contra ela. Mia sentia-se aliviada em ter desvendado aquele caso, mas ao mesmo tempo sentia-se culpada pela morte daquelas jovens. Ela sabia que ainda havia muito trabalho a ser feito para manter a segurança em Veneza, mas não conseguiria continuar seguindo por aquelas ruas com o peso das vidas ceifadas sobre seus ombros.

Alguns dias depois, durante a madrugada, Mia deixou a cidade para tentar seguir sua vida em um lugar que não a lembrasse da péssima escolha que fizera anos antes. Jamais poderia imaginar que alguém pudesse ser capaz de cometer tamanha torpeza simplesmente em nome do amor e da vingança.