PEDIDO DE SOCORRO

Pedro Lucas era um menino curioso, sempre em busca de aventuras junto com seu irmão mais velho, Felipe. Um dia, enquanto seus pais estavam distraídos em casa, os dois irmãos decidiram sair e explorar a cidade. Sem pensar muito, seguiram pelas ruas até chegarem a uma estação de água que abastecia a cidade. Não havia ninguém por perto, e a porta da pequena casa que abrigava os equipamentos estava encostada.

Intrigados, Pedro Lucas e Felipe trocaram olhares cheios de excitação e decidiram entrar na casa. O interior era escuro e úmido, mas a luz fraca que entrava pelas frestas das janelas permitia que vissem o que havia lá dentro. Foi então que notaram uma figura caída no chão, gemendo baixinho e pedindo socorro.

O coração dos meninos disparou. Um misto de medo e curiosidade tomou conta deles. Seria aquilo uma brincadeira de mau gosto ou alguém realmente precisando de ajuda? O homem caído implorava por socorro, seus olhos suplicantes encontraram os olhares assustados dos irmãos.

Pedro Lucas sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Sua mente infantil estava em conflito, mas o medo falou mais alto. Sem pensar duas vezes, agarrou a mão de Felipe e, num impulso, saíram correndo da casa.

De volta ao conforto e segurança de sua casa, os dois irmãos nunca mencionaram o que viram na estação de água para seus pais. Não sabiam se aquilo era real ou apenas uma travessura de alguém. Por muitos anos, a memória daquele evento estranho permaneceu esquecida, até que, aos 80 anos, Pedro Lucas revirou as lembranças de sua infância e o incidente voltou à sua mente.

Sentado em sua poltrona, olhando para o nada, ele se perguntou o que teria acontecido naquele dia. Seria mesmo uma brincadeira de mau gosto? Ou teriam deixado alguém em apuros sem socorro? Será que ele morreu ou ainda está vivo. Nunca saberemos a resposta.

Neri Satter – Março de 2024    -    CONTOS DO SCARAMOUCHE