MISTÉRIOS do caso ANALI

Episódio 1

OS MENINOS MAUS

Anali era criança quando começou a ver coisas estranhas dentro de sua casa, e, durante toda sua vida ela nunca se esqueceu de ter vivido momentos tão cruciais. Ela foi criada com pais que se diziam católicos, mas constantemente ela era obrigada a acompanha-los e com eles frequentar cultos de candomblé.

Anali ainda se lembra de esquisitos acontecimentos por ela presenciados lá na sua longínqua infância.

Sua mãe tinha o costume de por uns potinhos com doces atrás da porta da sala, e depois desse ritual ela dava alguns doces pra a menina comer. Certo dia foi colocado docinhos lá na porta mas não os deu para a criança alegando que estava na hora do almoço. A menina ficou muito triste e cheia de vontade de comer um doce. Pensando bem, ela resolveu pegar escondida só uma cocadinha e se a mãe desse falta ela diria que o santo comeu. Ela foi sorrateira até a porta, se abaixou e pegou um dos doces, mas, quando ia colocá-lo na boca, ela viu dois meninos atrás da porta lhe olhando com caras de maus. Um deles deu-lhe um empurrão tão forte que Anali caiu batendo a cabeça no chão e se machucou. Ao som de gritos e de choro alto, sua mãe veio rapidamente acudi-la. Em pânico a menina apontava para trás da porta e chorando repetia pra sua mãe, assim dizendo:

- Foram eles, foram eles.

Sua mãe olhava e não via nada. Mas na visão de Anali os dois meninos continuavam lá, com seus olhares desafiadores. Ela gritava apontando, mas lá não havia ninguém.

Episódio 2

O CEGO, A MULHER E A PANELA

A mãe de Anali não saía da máquina de costura pois ela era a melhor costureira do bairro e não tinha concorrente, por isso seu tempo era pouco para tudo dentro de casa.

O terreno onde Anali morava era muito grande. A casa ficava cercada de flores no meio do terreno e na frente da casa dela havia a casa do tio Ernesto, que era cego e morava sozinho. Apesar da sua cegueira, o tio Ernesto gostava muito de brincar com a menina, pois só ele lhe dava muita atenção e lhe contava bastante historinhas.

Estávamos tranquilos quando de repente minha mãe disse:

- Que cheiro horrível de comida queimada! Anali, corre, o Ernesto deve estar dormindo e as panelas estão no fogão queimando a comida.

A menina correu na direção da casa do tio e ao chegar na porta ela parou repentina, pois a porta estava aberta e ela viu uma mulher saindo do quanto do tio e depois entrou na cozinha e abriu a tampa da panela. Anali viu o vapor da panela subir, mas estranhou tudo, pois nunca tinha visto aquela mulher na sua vida. A tal mulher se virou de frente para a menina, andou uns passos e logo se desmanchou, sumindo no chão. Isso ocorreu em pleno meio dia. A menina gritou tão desesperada que fez o tio Ernesto também gritar. Depois seu tio disse que estava sozinho em casa e que não tinha colocado nenhuma panela no fogão.

Episódio 3

O BONECO DE PANO

Meu pai fazia feira aos domingos e gostava de me levar com ele. Deveria ser dez horas da manhã e nós dois íamos a pé. A estrada era longa, por isso eu ia saltitando na frente e pulando até chegarmos perto de um morro desabitado que só tinha capim bem alto. Do morro vinha um batuque que eu ouvia e comecei a dançar no asfalto e, então, perguntei:

¬- Pai, que barulho diferente é esse?

Meu pai respondeu:

- Deve ser alguma macumba batendo tambor na redondeza.

Continuei a pular e a rodar. Não demorou e eu ouvi um barulho ainda mais forte que vinha do capinzal do morro. Olhei pra lá e vi um boneco de pano que abria o capim com as mãos e descia em minha direção fazendo barulho. Senti medo e comecei a gritar e a mostrar o boneco para meu pai, mas ele não via e nem ouvia nada. O boneco era um bruxo de pano, que veio a mim balançando os braços. Eu gritava abraçando meu pai e rodopiava em sua volta para que o boneco não me pegasse, mas o boneco também rodopiava. Meu pai vendo o meu pavor começou a rezar até que o boneco, na minha frente, foi descendo no chão como se estivesse sendo sugado e desapareceu. Voltamos pra casa de ônibus.

Nunca mais passei a pé por aquele lugar.

Episódio 4

A ESTÁTUA

Minha mãe, como sempre, estava nas suas tarefas de costura e eu ficava ao seu lado fazendo roupas de bonecas com agulha de mão. De tudo que ela sabia fazer me ensinava um pouco. Estávamos juntas quando de súbito eu disse:

- Preciso ir de pressa ao banheiro.

- Então vá. Disse ela.

Levantei e sai apressada. Empurrei a porta do banheiro, mas o estranho é que ela batia em algo que não a deixava abrir. Minha mãe estava perto assistindo tudo isso e falou: empurra com força. Mas não adiantava. O espaço que a porta abria só dava pra passar minha cabeça. Minha mãe ficou observando minhas tentativas de enfiar a cabeça pra ver o que estava impedindo a porta de se abrir. Ela dizia para eu empurrar com mais força porque lá dentro não tinha nada. Ao passar minha cabeça dei um grito aterrorizante. Lá dentro tinha uma estátua de um homem. Era uma estátua horrível, muito antiga e malfeita. Não sei como consegui puxar a cabeça de volta. Minha mãe levantou das costuras, empurrou a porta levemente. A porta foi até o canto da parede e lá dentro só havia o sanitário e a caixa de papéis.

Episódio 5

A MÃO INVISÍVEL

Certo dia Anali conversava com três amigos: um menino e duas meninas. Todos quatro estavam bem descontraídos assentados numa calçada sob o calor do Sol de verão onde eles riam com causos e piadas que contavam. Tudo era divertido até o momento em que ela viu aparecer uma mão de homem parada, no ar, entre eles. A mão era branca e tinha punho e pelos lisos. A garota deu um grito e disse: -credo, aqui tem uma mão entre nós, olhem! Que horrível!

Todos olharam para ela e para o entorno. A garota continuou gritando até o momento que a tal mão foi até seu pescoço e começou a enforca-la. Era uma mão muito gelada que apertava o pescoço até tirar o fôlego e ela desmaiou. Quando a garota acordou lhe disseram que nada viram e que apenas ela gritava muito até desmaiar.

Anali jura que isso aconteceu em pleno dia.

José Pedreira da Cruz
Enviado por José Pedreira da Cruz em 28/02/2024
Reeditado em 10/03/2024
Código do texto: T8009299
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